Garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a cirurgia bariátrica, conhecida popularmente por “cirurgia de redução do estômago”, é um dos principais procedimentos à disposição do paciente obeso para o tratamento da doença. De acordo com relatório da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o volume dessa cirurgia no Brasil aumentou 84,78% entre 2011 e 20181. Apesar do crescimento e da consolidação do procedimento como um tratamento eficaz e seguro contra a obesidade mórbida, ainda há muitas dúvidas por parte dos pacientes elegíveis à realização da cirurgia.
O Dr. Mauricio Azevedo, especialista em Cirurgia do aparelho digestivo
e gerente médico da Johnson & Johnson MedTech responde algumas das
perguntas mais levantadas por pacientes a respeito do tratamento contra a
obesidade.
A
obesidade é considerada uma doença?
A obesidade é uma doença crônica e
multifatorial, ou seja, apresenta múltiplas causas e é de longa
duração, exigindo, assim, um cuidado contínuo ao longo de toda a vida do
paciente. Mundialmente, a obesidade é considerada a causa principal de Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão e doenças
cardiovasculares.
Qual
a diferença entre a cirurgia bariátrica e a cirurgia metabólica?
Embora ambas as cirurgias
sejam iguais, elas diferem em seus objetivos. O foco principal da cirurgia
bariátrica é a perda de peso, enquanto a cirurgia metabólica visa o controle da
diabetes tipo 2 e da síndrome metabólica.
Os pacientes elegíveis para a cirurgia bariátrica precisam ter
obesidade a partir do grau 2, com IMC acima de 35, associada a alguma outra
comorbidade, sendo as mais comuns: hipertensão, diabetes, apneia do sono,
doenças reumatológicas, e doenças osteomusculares. Além disso, a faixa etária
para a realização desse procedimento vai dos 16 aos 65 anos.
Os pacientes elegíveis para a cirurgia metabólica precisam estar
com IMC entre 30 e 35, ter entre 18 e 70 anos, e histórico comprovado de
diabetes tipo 2 não controlada e persistente.
Há alguma
vantagem na realização da cirurgia metabólica em relação ao tratamento
medicamentoso?
Recentemente foi publicado um estudo2 na revista científica The Lancet que mostra que a cirurgia metabólica oferece resultados superiores em comparação ao tratamento com os medicamentos mais eficazes disponíveis. A pesquisa, que acompanhou pacientes pelo período de 5 anos, apontou que 69,7% dos que realizaram a cirurgia metabólica apresentaram melhoras nas condições renais. Em comparação, 59,6% dos pacientes que tiveram acesso ao melhor tratamento medicamentoso disponível apresentaram os mesmos resultados. Ainda de acordo com a pesquisa, a cirurgia metabólica apresenta resultados superiores para o controle glicêmico e da pressão arterial, a perda de peso, e aumento da qualidade de vida dos pacientes que buscam o controle do diabetes e da obesidade, além das comorbidades associadas.
Qual o melhor
momento para a realização da cirurgia bariátrica ou da cirurgia metabólica? Há
algum problema em adiar essa decisão e tentar outras formas de tratamento?
Toda
decisão por parte do paciente precisa ser avaliada em conjunto com sua equipe
médica e multiprofissional, com base em exames e em seu histórico de saúde.
Contudo, é comum a pessoa portadora de obesidade passar por várias tentativas
de emagrecimento ao longo dos anos, antes de procurar ajuda médica
especializada. Um dos problemas mais comuns é o chamado “efeito sanfona”,
quando o paciente perde peso e após alguns meses, volta a engordar. Isso é
muito ruim para o organismo a médio e longo prazo, pois chega uma hora em que o
metabolismo não aguenta, pois está constantemente sobrecarregado, e o reganho
de peso é maior que o peso perdido.
Quais são os
cuidados necessários após a realização da cirurgia, e o tempo de recuperação do
paciente?
Os
casos são avaliados individualmente pela equipe médica e multiprofissional,
mas, no geral, após a cirurgia o paciente precisa completar um mês fazendo
apenas ingestão de alimentos em forma líquida e pastosa, em pequenas porções.
Até a quarta semana após a cirurgia, evitará a realização de atividades físicas
que exijam grandes esforços. No entanto, é importante ir retomado aos poucos o
ritmo normal de vida, fazendo pequenas caminhadas e seguindo à risca as
recomendações médicas.
Normalmente,
a partir da quarta semana, o paciente pode realizar práticas de atividades
físicas moderadas sem problemas.
Quantos
quilos o paciente que fizer a cirurgia vai perder?
É
esperado que o paciente perca cerca de 10% do seu peso total no primeiro mês,
após a realização da cirurgia. Até o terceiro mês, espera-se que haja uma perda
média de mais 10%. Após esse período, é comum o paciente chegar a um platô,
pois o metabolismo estabiliza e a perda de peso passa a ser mais lenta que nos
meses iniciais. É preciso controlar a ansiedade, entendendo que isso é normal,
e é fundamental estimular o metabolismo com hábitos saudáveis, cuidando não só
da alimentação, como também da ingestão de água, cultivando bons hábitos de
sono e a prática de atividade física. Dessa forma, de 12 a 14 meses após a
realização do procedimento o paciente pode perder em média até 40% do seu peso
inicial antes da cirurgia.
Após a
cirurgia o paciente precisa tomar alguma suplementação vitamínica?
A
perda de peso nos primeiros meses após a realização da cirurgia é intensa e com
o estômago reduzido, o paciente sente menos fome e passa a ingerir os alimentos
em menor quantidade. Por esse motivo, é muito importante que o paciente faça um
acompanhamento com nutricionista, que vai avaliar quais são os suplementos
indicados para o seu caso, e em quais quantidades. Para alguns pacientes, após
a realização da cirurgia é necessária a suplementação de ferro, ácido fólico,
vitaminas B12 e D, zinco, cobre e selênio.
O
nutricionista vai avaliar por quanto tempo o paciente deverá tomar os
suplementos, mas, no geral, é indicada a ingestão de um polivitamínico para que
ele tome ao longo da vida para evitar deficiências nutritivas.
Johnson & Johnson MedTech,
Referências:
Cirurgia bariátrica cresce 84,78% entre 2011 e 2018 (Link). Visitado em 06/12/2022
Gastric bypass versus best medical treatment for diabetic kidney disease: 5 years follow up of a single-centre open label randomised controlled trial (Link). Visitado em 15/12/2022
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