quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Entenda Como a Neurociência Contribui com a Educação


Você sabia que o cérebro representa 2% da massa corporal do ser humano e, apesar de ser uma parte tão pequena do corpo, ele é o responsável por utilizar 20% da energia que consumimos? 

“A neurociência se constitui como a ciência do cérebro e a educação como ciência do ensino e da aprendizagem e ambas têm uma relação de proximidade porque o cérebro é fundamental no processo de aprendizagem.” aponta a psicopedagoga, educadora e especialista em neurociência Kátia Chedid. 

A sala de aula é o lugar da pesquisa e experimentação que falta às demais áreas de Neurociência para se testar as ideias na prática. Educação e neurociência tornam-se uma via de mão dupla. “Com as pesquisas e investigações das últimas décadas, sabemos que tipo de estratégias funcionam melhor para que a aprendizagem seja mais eficaz. A Neurociência servirá para embasar uma nova teoria da aprendizagem, visto que as descobertas conduzem a novas abordagens, muito diferentes da que está sendo utilizada na maioria das escolas. Ela, com certeza, irá incentivar uma nova visão de avaliação, de ensino e de currículo.” destaca a especialista Kátia Chedid. 

A Neurociência está contribuindo para esclarecer o que acontece no cérebro humano, da sua formação até seu envelhecimento. Por isso, tem ajudado os educadores a entender o que acontece no cérebro quando ele entra em contato com novas informações, como ele processa essas novidades e de que forma o aprendizado se torna conhecimento para a vida toda.

 

Princípios básicos de neurociência e educação:

 

1. “Aprender significa criar memórias de longa duração” Foi o que falou Kandel, um neurocientista ganhador do Prêmio Nobel em 2006. Além disso, a aprendizagem acontece quando conseguimos resgatar essa memória e aplicar de forma inovadora e criativa na resolução de problemas, aliando os estudos à vivência, imaginação e às necessidades de fazer diferença no mundo. 


2. Segundo a neurociência, aprender modifica o cérebro. A pesquisa de laboratório fornece provas de que a aprendizagem modifica a estrutura física do cérebro, tornando-o mais funcional. A experiência afeta o cérebro que, por sua vez, se beneficia positivamente dela -- o que aprendemos age em nível celular, impondo novos padrões de organização do cérebro. 


3. Toda criança é cientista. O cérebro adora novidade! Kátia Chedid aponta que pesquisas recentes descobriram que as crianças mais novas têm uma boa compreensão dos princípios básicos da biologia e da causalidade física, dos números, das narrativas e dos objetivos pessoais. Os bebês vêm equipados com os meios necessários para entender seu mundo e essas aptidões tornam possível a criação de currículos inovadores, que introduzem conceitos importantes para o raciocínio avançado em idades precoces.

 

4. Ninguém é incapaz de aprender. O cérebro é plástico e tem a capacidade de criar novas conexões entre os neurônios durante toda a vida. “Não dá para acreditar que o aluno nasce com uma quantidade fixa de inteligência ou é incapaz de aprender algo novo. O professor tem papel fundamental quando ensina o aluno a ter autonomia e vontade de aprender, mostrando as suas capacidades e fortalecendo a autoestima.” comenta a especialista em neurociência.

 

5. Atenção é uma escolha, é exercício, não uma característica inata. Kátia Chedid esclarece também que a atenção não é uma característica de alguns alunos, mas uma decisão ou um exercício de focalizar em determinado assunto, ou situação, que acontece cem mil vezes por dia. Ou seja, é possível motivar o aluno a ter mais concentração.

 

“Os professores precisam conhecer as pesquisas neurocientíficas, e relacionar conhecimentos da neurociência e educação, para construir currículos baseados no desenvolvimento cerebral e, além disso, para que se beneficiem dessas novas descobertas, trabalhando em sala de aula de forma a facilitar a aprendizagem.” finaliza Kátia Chedid..

 

Kátia A. Kühn Chedid - Educadora e especialista em Neurociência aplicada a Educação.  Pedagoga, psicopedagoga, especialista em gestão escolar, com extensão em Neuropsicologia, participou de grupos de estudo em Neurociência na Faculdade de Educação da PUC-SP, na Escola Politécnica e na Faculdade de Educação da USP. Finalizando a especialização em Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Em 2020 recebeu o Prêmio Special Tribute International, Categoria Best Practices in Education, and Health, Brazil-Europe, Projeto Cap Sur Ecole Inclusive d’Europe. O prêmio foi conferido pela European Commission Erasmus+.


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