Na maioria das vezes, a doença não apresenta sintomas e a testagem ainda é a forma mais eficiente para a sua detecção. O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais (28 de julho) traz um alerta sobre a doença e as formas de prevenção
O mês de julho acende
um alerta para a hepatite viral, infecção que atinge o fígado e é responsável
pela morte de cerca de 1,4 milhão de pessoas anualmente no mundo. Estima-se que
cerca de 57% dos casos de cirrose hepática e 78% dos casos de câncer hepático
em todo o mundo tenham relações com as infecções pelo vírus da hepatite B ou C,
segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As hepatites virais
são classificadas por letras que vão de A até E. No Brasil, a predominância dos
casos se dá pelos tipos A, B e C, sendo o A o mais recorrente e tendo sua
principal concentração no norte e nordeste, regiões que concentraram nos
últimos 19 anos cerca de 55,7% dos casos. No mesmo período, o país registrou
233 mil casos relacionados a hepatite B e aproximadamente 360 mil da C. Já o
vírus da hepatite D tem a sua maior incidência na bacia amazônica e a E está
mais presente na Ásia e na África, segundo dados do
Ministério da Saúde.
A contaminação pela
hepatite pode ser causada por diversos fatores relacionados às questões de
saneamento básico, agentes infecciosos como materiais contaminados, vírus,
doenças metabólicas, autoimunes, genéticas, transmissão sexual, uso de
medicações sem prescrição médica, como também pelo consumo de álcool e o uso de
drogas.
“Geralmente, a
hepatite viral é assintomática, ou seja, não apresenta nenhum sintoma. Quando a
doença se manifesta por algum sintoma, ela por vir acompanhada de cansaço,
febre, enjoo, vômitos, dor abdominal, urina escura, mal-estar e a icterícia,
que são os olhos e pele amarelados, sintoma que acomete cerca de 10% dos
pacientes na fase aguda”, explica o Dr. Isaac Altikes, hepatologista do
Hospital Santa Catarina -- Paulista.
O principal método de
diagnóstico se dá por meio de exames de sangue e deve ser feito, pelo menos,
uma vez na vida. O exame é recomendado principalmente para pessoas que tenham
uma vida sexual ativa sem proteção e com parceiros diversificados, que fazem
tatuagem ou procedimentos que utilizam assessórios cortantes ou perfurantes
como agulhas, seringas ou alicates. Recomenda-se também que pessoas acima dos
45 anos façam o teste para a hepatite, já que os processos de esterilização dos
materiais há alguns anos atrás não tinham a mesma segurança de hoje.
“A melhor forma de
identificar os pacientes com hepatite é a testagem. O tratamento de cada tipo
vai depender da sua característica e deve ser feito de forma diferente,
dependendo do estágio da doença. Em alguns casos, a hepatite pode atingir a sua
forma mais grave, gerando a insuficiência hepática aguda grave ou câncer de
fígado”, afirma o médico.
Conheça
as principais características, formas de tratamento e prevenção das hepatites
virais:
Hepatite
A
- Com transmissão fecal-oral, a doença
ocorre em lugares com saneamento básico precário. Tem como principal
método de combate a vacinação, que pode ser aplicada logo após o
nascimento da criança;
- Principais métodos para combate: lavar
bem as mãos e alimentos, fazer a higiene pessoal de forma adequada e não
tomar banho próximo a locais com esgoto.
- Não existe tratamento contínuo para
esse tipo de hepatite, já que a sua cura é espontânea. Entretanto, uma
pequena porcentagem de pacientes pode apresentar a fase aguda, com uma
certa gravidade e precisar do transplante de fígado, devido ao quadro de
insuficiência hepática aguda.
Hepatite
B
- A contaminação ocorre geralmente em
sexo sem proteção e na utilização de seringas e agulhas não esterilizadas;
- Também há vacina para a doença, que
pode ser aplicada logo após o nascimento. Em casos de cronificação, que
representam cerca de 10% dos eventos, é necessário a entrada de um
tratamento específico, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. Metade dos cronificados
desenvolvem cirrose;
- A prevenção pode ser feita por meio do
uso de preservativos durante a relação sexual e o não compartilhamento de
seringas, agulhas e lâminas de barbear.
- Cerca de 10% adquirem a forma crônica
da doença. Desses, metade convivem com o vírus e são assintomáticos e a
outra parcela dessa população precisam de tratamento para a inativação do
vírus.
Hepatite
C
- Predominantemente parenteral, a
hepatite C afeta especialmente pacientes que fizeram tatuagens, piercing,
transfusão sanguínea com agulhas e seringas sem a higiene recomendada;
- Não há vacina para esse tipo. Cerca de
85% dos casos se cronificam e podem se transformar em cirrose ou câncer de
fígado, por isso há a necessidade do tratamento farmacológico. Atualmente,
existem medicamentos com percentual de 100% de cura. O tratamento acontece
via SUS (Sistema Único de Saúde), com distribuição dos medicamentos pelo
Ministério da Saúde.
Hepatite
D
- Transmissão ocorre de forma semelhante
ao tipo B;
- Não há vacina. Na maior parte dos
casos, medicamentos são utilizados para diminuir o dano hepático;
- Assim como a B e a C, o indicado é não
compartilhar materiais que entraram em contato com sangue e utilizar
preservativos.
Hepatite
E
- Assim como a hepatite A, a transmissão
é fecal-oral;
- Muitas vezes a cura é espontânea, já
que ela tem caráter benigno. O maior risco é em gestantes, sendo que 20% a
25% das mulheres no último trimestre podem falecer por conta da doença;
·
Recomenda-se evitar
banhos em lugares próximos ao esgoto, não consumir produtos não higienizados,
sempre limpar a mão, e manter a higiene pessoal em dia.
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