sexta-feira, 1 de julho de 2022

Como reduzir o gap salarial entre as diferentes regiões do Brasil?


A Lei da Oferta e Demanda, criada Adam Smith, rege o mercado como um todo, impactando não apenas a economia, como também a operação de negócios dos mais diversos portes e segmentos, trazendo à tona um gap salarial inevitável entre as diversas regiões de um país. Mesmo diante de inúmeros fatores econômicos internos e externos que influenciam essa diferença, algumas mudanças no mercado de trabalho têm proporcionado uma maior igualdade salarial entre regiões, sendo a principal delas, o formato de trabalho remoto.

Diferenças salariais sempre existiram no mundo corporativo, por fatores variados. Dentre eles, a maior ou menor demanda e oferta de profissionais em cada região, é um dos principais motivos – afinal, enquanto grandes polos trabalhistas necessitam de mais talentos qualificados, com conhecimentos ou experiências específicos, regiões com um mercado mais escasso ou com incapacidade de formação dos profissionais na mesma velocidade que o mercado demanda, enfrentam uma baixa de talentos disponíveis.

O custo de vida em cada local, ainda, é outro fator determinante nessa diferença salarial. Estar em uma cidade interiorana ou mais afastada dos grandes centros urbanos, muitas vezes, é consideravelmente mais barato de se viver do que em um centro econômico – característica que, consequentemente, contribui com tais diferenças salariais. No Brasil, um estudo feito pela Mercer identificou que o custo de vida no território nacional pode variar em até 14% entre os estados.

Esses fatores sempre desencadearam uma migração de profissionais para localidades que ofereçam melhores oportunidades de emprego, com remunerações mais altas. No entanto, essa realidade vem mudando. Com a ascensão do trabalho remoto, não raro, o movimento tem sido o oposto. Profissionais que trabalham em home-office estão optando por viver em cidades mais afastadas dos grandes centros, conciliando qualidade de vida com remuneração adequada.

A pandemia foi o grande fator responsável por quebrar barreiras geográficas em termos de empregabilidade e remuneração. Praticamente, proporcionou que diversas empresas pudessem contratar profissionais de qualquer parte do mundo, sem qualquer prejuízo para a entrega de resultados e prosperidade da companhia. Comprovadamente, um estudo feito pela Fundação Dom Cabral mostrou que cerca de 60% dos profissionais se sentem mais produtivos podendo trabalhar de suas casas. Favorecidos, ainda, pela redução de custos com escritórios físicos e outros gastos rotineiros, o trabalho remoto se tornou um modelo crescentemente, como forma de elevar a contratação de profissionais qualificados.

Uma faixa salarial adequada para cada cargo depende, primeiramente, de um entendimento claro e aprofundado do empregador sobre quais são os conhecimentos técnicos desejados necessários e perfil comportamental desejado. Posteriormente, a sugestão é “ir ao mercado”, buscando entrevistar profissionais dentro destes requisitos e, visando compreender quais são as suas expectativas salariais para um próximo passo de carreira, suas necessidades, quais os benefícios que mais valoriza e, principalmente, quais não abre mão.

Com esses dados reunidos, é importante compará-los com o que tem sido praticado pela empresa e, também, com as médias oferecidas no mercado. Com isso, estabelecer um valor coerente de acordo com a realidade da empresa e com as expectativas do candidato, assim, possibilitando a atração do mesmo para o seu projeto.

O conhecimento sobre as práticas do mercado é fundamental para que as empresas não fiquem defasadas em termos de remuneração e, para que não percam sua capacidade de retenção de talentos. Nessa missão, aquelas que apostarem no trabalho remoto como um dos possíveis modelos de contratação, certamente terão mais chances de colherem bons frutos tanto em atração, quanto para a satisfação interna e a prosperidade do seu de seu negócio. 

 

Jordano Rischter - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.

 

Wide

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