Quando eu devo me preocupar?
Para que convive ou
conviveu com uma pessoa com Doença de Alzheimer, a preocupação é constante,
principalmente a relação genética da doença.
Mais do que um distúrbio
neurodegenerativo do cérebro, a Doença de Alzheimer é sistêmica com sinais em
várias partes do corpo provocados por mecanismos inflamatórios, metabólicos e
oxidativos.
As doenças cerebrais
envolvem perda dos neurônios e outros danos que afetam o comprometimento
cognitivo. As associações genéticas são responsáveis por 50% do risco
populacional para a Doença de Alzheimer e em muitos casos a doença aparece em
várias gerações de uma mesma família.
A parceira científica do
SUPERA – Ginástica para o cérebro, a gerontóloga especialista em cognição e
Professora da USP, Thais Bento explica que, nos casos em que a doença aparece
em várias gerações de uma mesma família ela é provocada se pelo menos três
genes diferentes sofrerem mutação.
Segundo ela a ciência
hoje tem consenso de que a Doença de Alzheimer é muito complexa geneticamente.
“Se uma pessoa for
diagnosticada com DA, as pessoas com vínculos sanguíneos de primeiro grau,
apresentam 3,5 vezes o risco maior de desenvolver a doença de Alzheimer,
comparando-se aos riscos da população geral. Caso sejam gêmeos a porcentagem
das taxas de concordância vai aumentar, para gêmeos dizigóticos 35% e para
gêmeos monozigóticos 80%”, alertou.
Quando começam os
sinais?
Nos casos em que a
doença se manifesta em todas as gerações de uma mesma família, os sinais
aparecem entre 50 e 60 anos e apresentam um progresso mais rápido em comparação
com a forma esporádica da doença, quando os sintomas aparecem em idades mais
avançadas.
“Os genes de risco da
Doença de Alzheimer apenas modificam o risco da doença ao longo da vida. Nos
pacientes que tiveram Doença de Alzheimer precoce cerca de 35 a 60% dos
pacientes têm ao menos um familiar de primeiro grau afetado e apresenta uma
hereditariedade entre 92 e 100% da genética da doença”
Por tratar-se de uma
doença neurodegenerativa e crônica ainda não há uma cura, porém os tratamentos
podem retardar e desacelerar o processo neurodegenerativo do quadro clínico
permitindo que as pessoas com demência tenham uma maior sobrevida e melhor
qualidade de vida. Os tratamentos podem ser farmacológicos e não farmacológicos
e se combinados, apresentam melhores respostas à pessoa com demência, no
entanto, os
medicamentos (que atuam no Sistema Nervoso Central –SNC) possuem muitos efeitos
colaterais e devem ser utilizados com cautela e com prescrição e orientação
médica.
A ginástica para o
cérebro neste contexto
A especialista reforça
que há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação
cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e
promovem a independência neste contexto.
A ginástica para o
cérebro é aplicada sobretudo em pessoas que ainda não tem diagnóstico para a
doença, mas possuem fatores de risco, como por exemplo, parentes de primeiro
grau em estágios moderado ou grave da doença. Nestes casos, segundo a
especialista, é indicado uma atenção especial à cognição e aos sinais
diferentes que podem denunciar o problema.
“A estimulação das
funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização
de estratégias compensatórias são muito úteis para a promoção da qualidade de
vida e para manter o indivíduo orientado no tempo e no espaço. Evitando uma
maior progressão da doença e mudança de estágios”, lembrou.
Tarefas de estimulação
cognitiva podem ser variadas, com a utilização de jogos, desafios mentais,
treinos específicos, reflexões, jogos lúdicos, resgate de histórias e uso de
materiais que compensam as dificuldades específicas. A estimulação social
prioriza o contato social dos pacientes, visando estimular as habilidades de
comunicação, convivência e afetividade, promovendo uma maior integração e
evitando a apatia e a inatividade do indivíduo.
“Além disso, pode-se
realizar atividades de lazer, culturais, celebração de datas importantes e
festivas. A estimulação física como, atividades físicas, fisioterapia,
exercícios de fortalecimento muscular e exercícios aeróbicos (acompanhados e
orientados por um profissional) podem beneficiar a pessoa nos âmbitos
neurológicos, coordenação motora, força muscular e flexibilidade, contribuindo
para o aumento da independência, percepção sensorial, além de retardar o
declínio funcional das atividades de vida diária”
A combinação de tratamentos
farmacológicos e não-farmacológicos, como a prática de ginástica para o cérebro
são importantes e devem ser realizados para estabilizar o processo demencial,
porém, é necessário respeitar as individualidades, os aspectos socioculturais
de cada indivíduos e suas necessidades e ir descobrindo estratégias por meio de
auxílio profissional especializado, para aplicar na pessoa com Doença de
Alzheimer.
“Por fim, para o diagnóstico e tratamento aconselha-se que a
pessoa procure uma equipe interprofissional e multidisciplinar especializada
com médico neurologista, neuropsicólogo, gerontólogo, terapeuta ocupacional,
fisioterapeuta, dentre outros profissionais da área da saúde”, concluiu a
parceira científica do SUPERA – Ginástica para o cérebro e gerontóloga
especialista em cognição e Professora da USP, Thais Bento.
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