Mulheres já nascem com número determinado de folículos, que vão diminuindo a cada ciclo menstrual. Há as que vivenciam a falência ovariana precoce, antes dos 40 anos. Conversar com o (a) ginecologista é fundamental para tirar dúvidas
Você
já ouviu falar em reserva ovariana? O termo é utilizado para definir a
quantidade de folículos com potencial para ovular, presente nos ovários da
mulher. Para mulheres que desejam engravidar, conhecer sua reserva ovariana é
um primeiro passo para o sucesso na realização do sonho de ser mãe. No entanto,
há mulheres que vivenciam a falência ovariana precoce, entre 30 e 40 anos.
De acordo com o ginecologista da clínica Origen,
Rodrigo Hurtado, mestre e doutor em Saúde da Mulher e professor do Departamento
de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), as mulheres geralmente nascem com uma quantidade que varia entre 1
milhão e 2 milhões de folículos. O número, no entanto, diminui até a puberdade,
para cerca de 400 mil. E, a cada ciclo menstrual, os folículos disponíveis para
crescer que não se desenvolvem, são eliminados, reduzindo, assim, a reserva.
“Diferentemente do homem, que produz
espermatozoides ao longo de toda a vida, a mulher já nasce com seu estoque de
folículos determinado, ou seja, ele é um finito. Com o passar dos anos, além da
diminuição da quantidade, ocorrerá também uma mudança na qualidade dos óvulos.
Essas mudanças são responsáveis pela diminuição da taxa de gravidez, aumento no
risco de aborto e nascimento de crianças com alterações cromossômicas”, explica
o médico.
Outras condições também podem levar à diminuição da
reserva. Ainda que a mais comum se dê ao longo do processo de
envelhecimento, ela também pode ocorrer precocemente, sendo chamada de falência
ovariana precoce (FOP), conhecida também como insuficiência ovariana primária
ou menopausa precoce, caracterizada pela falência da função dos ovários antes
dos 40 anos.
A FOP pode ser provocada por diferentes condições, como distúrbios
genéticos ou tratamentos para o câncer. “Os distúrbios genéticos geralmente
estão relacionados ao cromossomo X. O mais comum é a Síndrome do cromossomo X
frágil, caracterizada por alterações em parte do cromossomo X. Os tratamentos
para o câncer (quimioterapia e radioterapia), por outro lado, da mesma forma
que podem resultar em falência ovariana, tendem a comprometer a qualidade dos
óvulos”, esclarece Hurtado. A FOP pode ser ainda idiopática, ou seja, ocorrer
por causas desconhecidas.
Para conhecer melhor sua reserva ovariana, a mulher
pode solicitar ao(à) seu (sua) médico(a) exames como a ultrassonografia
transvaginal para a contagem dos folículos nos ovários; dosagem do hormônio
antimülleriano; e FSH (folículo hormônio estimulante) associado ao estradiol
(esses, no 2º ou 3º dias do ciclo menstrual). “Tirar essas e outras dúvidas
sobre o ciclo reprodutivo com o (a) médico (a) que a acompanha é muito
importante para a mulher. Assim, ela pode fazer escolhas, como ter filhos, com
ideias já amadurecidas e informação sobre o seu corpo e seu funcionamento”,
acrescenta o ginecologista. “É importante ressaltar que, quanto mais cedo a
mulher tem informação sobre sua reserva ovariana, maior será a chance de
conseguir engravidar quando iniciar as tentativas, uma vez que as estratégias
vão ser direcionadas para cada tipo de pessoa. Individualização é primordial”.
Tratamento – A falência ovariana precoce pode vir acompanhada de sintomas como ressecamento e perda da elasticidade da vagina (que leva à dor ao ter relação sexual), irregularidades menstruais (ciclos mais longos ou mais curtos que o que vinha ocorrendo), sensação de calor no corpo às vezes com sudorese abundante, perda de libido e irritabilidade. O tratamento mais comum é a reposição hormonal, especialmente de estradiol, que tem potencial para reverter os sintomas e resultar numa melhor qualidade de vida.
Para preservar a fertilidade em antecipação ao
declínio natural provocado pelo envelhecimento ou por tratamentos de câncer, os
óvulos podem ser congelados. No primeiro caso, o procedimento é conhecido como
preservação social da fertilidade. O segundo é chamado congelamento oncológico
da fertilidade e é determinante para as pacientes que serão submetidas ao
tratamento para o câncer: o congelamento deve ser feito antes do início.
Para congelar os óvulos, as pacientes recebem
medicamentos hormonais com o objetivo de estimular o desenvolvimento de mais
folículos, a estimulação ovariana. O desenvolvimento é acompanhado por exames
de ultrassonografia, que indicam o momento ideal para que seja induzido o
amadurecimento final dos óvulos. Após a indução, os óvulos maduros são
coletados por punção folicular. Os óvulos são então identificados em
laboratório e congelados. Quando há desejo da mulher em engravidar, seus óvulos
são descongelados e usados no tratamento de reprodução assistida, via
fertilização in vitro.
Clínica Origen de Medicina Reprodutiva
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