sexta-feira, 1 de outubro de 2021

SBGG celebra o Dia do Idoso e reforça a importância de um envelhecimento saudável

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia enfatiza que ter saúde não é estar livre de doenças ou não precisar tomar remédios, e sim ser capaz de tomar suas próprias decisões, fazer as suas melhores escolhas e estar fisicamente o melhor possível


Outubro é um mês com a agenda cheia de coisas importantes para lembrar. Apesar de ser bastante conhecido pela campanha Outubro Rosa, voltada para a prevenção do câncer de mama, é importante que não esqueçamos do Dia Internacional do Idoso, comemorado no primeiro dia do mês. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) reforça a importância desse dia, criado pela OMS há 30 anos, com o objetivo de sensibilizar e chamar a atenção para as questões do envelhecimento.

Definir envelhecimento e o que é ser idoso é uma missão difícil e complexa. Mas é urgente falar sobre isso, em uma sociedade que vem evoluindo tão velozmente no campo das ciências; e é isso que tem permitido que, o que antes era exceção, seja, na verdade, uma chance real. "Hoje somos um dos países que mais envelhece em proporção de pessoas com mais de 60 anos comparando com os mais jovens e, mais importante ainda, é crescente o número de indivíduos que, após serem declarados idosos, ainda vivem 25, 30, 35 anos a mais", afirma Dra. Christiane Machado, Diretora Científica da SBGG.

Do início até o final do século XX, as taxas de mortalidade diminuíram drasticamente. A mortalidade geral foi 2,6 vezes menor no ano 2000 e a mortalidade infantil, 11,3 vezes menor. A proporção de óbitos por doenças infecciosas declinou de 45,7% do total de óbitos em 1901, para 9,7% em 2000. Em 1901, entre as 10 principais causas de morte em São Paulo, 5 eram doenças infecciosas, correspondendo a 37% das mortes; em 1960, apareciam nesta lista apenas 3 doenças infecciosas (16,1% dos óbitos), e em 2000 apenas a pneumonia constava entre as principais causas de morte. Estes dados mostram como a medicina evoluiu. Os anos de vida se prolongaram de uma maneira quase natural e fluida, ao tempo em que a curva da expectativa de vida vem subindo sempre além do que as estatísticas preveem.

"Para uma pessoa idosa, ter saúde não é estar livre de doenças ou não precisar tomar remédios. É ser o gerente de sua própria vida, ser capaz de tomar suas próprias decisões, fazer as suas melhores escolhas e estar fisicamente o melhor possível, precisando de nenhuma ou pouca ajuda para exercer sua vida cotidiana. Ainda precisamos crescer nesse quesito, pois a comemorada longevidade tem trazido uma enorme demanda não apenas nos serviços relacionados à saúde, como para as famílias e a sociedade como um todo", explica Dra. Christiane.

A pandemia de COVID- 19 trouxe outros aspectos à mesa de discussão para o assunto ‘idoso’. Por conta do Coronavírus, um problema pairou na vida da pessoa idosa: o etarismo, o preconceito por ser idoso e o julgamento que pressupunha sua condição de saúde de acordo com a idade. Na Itália, no início da pandemia, foi dito que aqueles com infecção por COVID que tinha mais que 80 anos não se beneficiaram de cuidados intensivos. Porque já eram ‘velhos demais’.

Entretanto, essa pauta foi proveitosa, pois possibilitou a discussão sobre o quão individual é o processo de envelhecer, que a idade cronológica é apenas um dado a mais e nunca um estratificador de condição de vida ou de saúde. A pandemia foi cortante na vida de muitos e, especialmente, na vida dos idosos, que tiveram que passar a viver na contracorrente de tudo o que lhes foi pregado até então. Ser ativo, cultivar as relações, ter amigos, exercer o afeto por quem ama, manter-se capaz de ser independente e dono do próprio nariz. Isso se tornou impossível pelo isolamento recomendado e imposto, somado ao medo da doença, da morte, da perda.

"Agora, mais do que nunca, precisamos colocar cotidianamente na mesa de discussão as questões relacionadas ao envelhecimento da população do nosso país e a todas as consequências sociais e econômicas que isso necessariamente traz. São mais doenças e mais doentes, mais necessidade de uso de serviços, mais medicamentos, mais custos econômicos e humanos, considerando que idosos dependentes precisam de adultos independentes para se encarregarem dos cuidados. Cada idoso é singular, a idade que tem é apenas um dos dados que constam no seu cadastro vital e que nunca será o que determina o que deverá ser feito e que decisões serão tomadas, principalmente quando o assunto é saúde. É preciso falar do idoso, é essencial termos um dia, um mês para estarmos mais atentos; para pensarmos juntos sobre estratégias que no mínimo melhorem o que vemos hoje.", declara Dra. Christiane Machado.

"Neste mês em que o envelhecimento é celebrado, a SBGG deseja que todos envelheçamos muito e dentro das melhores condições biopsicossociais possíveis; que possamos chegar à velhice com acesso a todos os serviços que provenham nossas necessidades; com acesso ao cuidado, ao afeto, à convivência intergeracional. Que envelheçamos com a mente aberta para descobertas, para novos amigos, novas atitudes, com coragem, com ousadia e com propósitos. Façamos do envelhecimento uma história rica de boas e alegres memórias, construída com resiliência e adaptação às novas situações inerentes ao caminho da longevidade. E que, se no nosso envelhecimento precisarmos de apoio e de assistência, que aceitemos o cuidado e que sejamos gratos. Feliz dia da pessoa idosa", comemora Dra. Ivete Berkenbrock, Presidente da SBGG.

 


Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG


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