Especialistas da Rede São Camilo SP falam sobre os riscos do uso excessivo de telas
O
longo período de isolamento imposto pela pandemia da Covid-19 provocou a mudança
nos hábitos de muitas famílias. A psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo
Dra. Aline Sabino destaca que um dos desafios é encontrar meios de estabelecer
uma rotina saudável no contexto atual, mesmo após a reabertura das escolas.
“Percebemos, por exemplo, que as crianças ficaram mais expostas aos
dispositivos tecnológicos de telas e mídias, o que pode gerar uma série de
problemas secundários à saúde dos pequenos”, complementa a pediatra Dra. Vivian
Oliveira, que também atua no São Camilo SP.
Adriana Saavedra, fonoaudióloga da Rede, ressalta ainda que, embora as
tecnologias sejam extremamente importantes e positivas, o uso imoderado pode
favorecer dificuldades de comunicação, já que a criança não precisa
expressar-se verbalmente para conseguir o que deseja ou o que está sentindo.
A especialista ressalta os reflexos deste excesso, que podem impactar até
mesmo a qualidade do sono. “As expectativas de receber mensagens, checar a
atualização de redes sociais ou terminar a fase de um jogo de videogame, por
exemplo, têm sido citadas como prejudiciais para o sono, ainda mais em
decorrência da luz azul, que irradia dos equipamentos eletrônicos e interferem
na produção de hormônios que nos ajudam a relaxar e ficar sonolentos para
dormir”, frisa Adriana.
Além disso, conforme a Dra. Vivian, passar muito tempo utilizando
eletrônicos eleva os riscos do sedentarismo e, consequentemente, à obesidade,
bem como pode potencializar atrasos no desenvolvimento cognitivo e alterações
sociais, com redução da interação direta entre a criança e seus familiares e/ou
cuidadores.
No entanto, compreendendo que o momento requer medidas de adaptação, as
especialistas entendem que se torna mais difícil estabelecer limites saudáveis
em relação ao uso das tecnologias. “Um período não pode ser rotulado ou
estipulado de maneira geral. O ideal é que quanto menos melhor, e de acordo com
a rotina da criança e da família”, explica a fonoaudióloga.
A pediatra reforça a importância desse cuidado, já que, usadas de forma
inadequada e abusiva, as tecnologias podem ocupar o espaço de atividades
importantes para o desenvolvimento infantil, como interação face a face, tempo
familiar de qualidade, brincadeiras ao ar livre, exercícios físicos e, até
mesmo, tempo de inatividade e ócio criativo.
Saúde auditiva
Quando pensamos em eletrônicos, não podemos desconsiderar a importância do
cuidado com o uso de fones de ouvidos.
A recomendação da fonoaudióloga é de que os fones sejam usados com moderação,
além de manter o volume total dos equipamentos do ambiente abaixo da metade,
evitando uma exposição auditiva prolongada.
Ela lembra que os pais devem estar atentos a sinais como falta de atenção,
irritação e inquietação, que podem estar relacionados a uma dificuldade
auditiva. “Problemas na fala também podem se apresentar, correlacionados a uma
dificuldade auditiva, o que afeta a aprendizagem e o desenvolvimento da leitura
e escrita, fatores que podem se destacar durante o período de aulas virtuais”,
completa.
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