Risco está associado à falta de oxigênio nas
células do nervo óptico durante os episódios de obstrução respiratória
Roncar
pode até parecer normal, mas não é! O ronco pode estar associado à apneia
obstrutiva do sono (AOS). Trata-se de uma condição caracterizada pela obstrução
intermitente das vias aéreas superiores durante o sono.
Nessas pausas da respiração, que podem durar até 2 minutos, o organismo entra
em hipóxia, ou seja, falta oxigênio para as células, incluindo para as do nervo
óptico.
Segundo um estudo publicado no periódico Ophthalmology,
pacientes com apneia do sono têm um risco de 1,67 maior de desenvolver o glaucoma
nos 5 anos após o diagnóstico. Nesses casos, o mais comum é o de pressão
normal, um dos tipos de glaucoma de ângulo aberto.
Cegueira irreversível
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma,
o glaucoma é o termo geral que se usa para nomear as doenças que causam danos
no nervo óptico. “Esses danos são irreversíveis. Portanto, quando há falta de
oxigênio, as células nervosas morrem. Com o tempo e sem tratamento, a
consequência é a perda definitiva da visão”.
“Frequentemente, a falta de oxigênio (hipoxemia) causada pela apneia do sono
costuma ser grave. O resultado é um aumento da resistência vascular com
influência direta na morte das células do nervo óptico. Além do glaucoma, a
apneia do sono pode estar associada a outras doenças oculares”, explica Dra.
Maria Beatriz.
Dados de estudos epidemiológicos indicam que a prevalência da apneia do sono
pode variar de 2% a 20% da população em geral. Normalmente, os homens são mais
afetados do que as mulheres. Há algumas comorbidades que aumentam ainda mais o
risco, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
Diagnóstico e Tratamento
O grande problema do glaucoma é que não há sinais ou sintomas nas fases
iniciais. “Isso quer dizer que quando o paciente percebe alguma mudança no seu
campo visual, a doença já está em uma fase mais avançada. Nesses casos, o
tratamento visa impedir a progressão dos danos no nervo óptico”, diz a
especialista.
Um dos agravantes é que no caso do glaucoma de pressão normal, como o próprio
nome diz, não há alteração nos valores da pressão intraocular (PIO),
considerada o principal fator de risco do glaucoma.
“Portanto, a doença pode passar despercebida nas consultas oftalmológicas, caso
o oftalmologista não faça outros exames, como o de fundo de olho e não leve em
consideração o histórico médico do paciente”, alerta Dra. Maria Beatriz.
Por isso, é altamente recomendado que pacientes com histórico de apneia do
sono, obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo, façam um acompanhamento
regular com um oftalmologista, de acordo com a médica.
O tratamento mais comum para o glaucoma de pressão normal é o uso de colírios.
Há outras opções, dependendo da gravidade do quadro, como as cirurgias a laser.
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