FIBRILAÇÃO ATRIAL É A ARRITMIA MAIS PREVALENTE NO MUNDO
Doença é uma taquiarritmia cardíaca que aumenta em até 5 vezes o
risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Dados recentes da
Sociedade Europeia de Cardiologia demonstram que a Fibrilação Atrial (FA) é a mais prevalente das arritmias
cardíacas e atinge cerca de 46 milhões de pessoas em todo o mundo. Em
alguns países, considerando-se todas as diferentes formas de manifestação da
doença, chega a acometer um
em cada três indivíduos.
Trata-se de uma arritmia
(distúrbio no ritmo e frequência dos batimentos cardíacos) que tem mostrado
incidência crescente, inclusive no Brasil, onde estima-se que 5 a 10% dos brasileiros terão este
tipo de arritmia, segundo dados da SOBRAC (Sociedade Brasileira
de Arritmias Cardíacas). Fatores como idade avançada, doenças cardiovasculares
pré-existentes, como insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, distúrbios
na tireoide, histórico familiar, tabagismo e os excessos na alimentação e no
consumo de álcool acabam sobrecarregando de alguma forma o coração e, portanto,
representam fatores de risco.
Na Fibrilação Atrial, as
câmaras superiores do coração (os átrios), que fazem parte do mecanismo de cada
batimento cardíaco, impulsionando o sangue para fora do coração, deixam de se
contrair por causa de impulsos elétricos rápidos e irregulares. Isso, por si
só, já provoca uma certa sobrecarga dos ventrículos (as câmaras inferiores do
coração, que efetivamente bombeiam o sangue para o funcionamento do corpo
humano), pois entre 20 e 30% da força total dos batimentos vem do “impulso”
proporcionado pelos átrios. Além disso, a falta da contração das câmaras
atriais provoca uma alterção no fluxo do próprio sangue, que permite a formação
de pequenos coágulos, ainda dentro do coração. Esses coágulos podem se deslocar
e, ao sair do coração, podem bloquear artérias que levam o sangue oxigenado a
qualquer órgão do corpo. Infelizmente, a situação mais frequente ocorre nas
artérias cerebrais que, quando obstruídas por um coágulo desses, levam ao AVC (acidente vascular cerebral).
Especificamente, a
Fibrilação Atrial é uma arritmia que aumenta
o risco global de um AVC em até 5 vezes. E, dependendo da
existência de outros fatores de risco junto à Fibrilação Atrial (principalmente
hipertensão arterial, problemas de função renal e idade avançada), esse risco pode ser ainda maior.
Diagnóstico e tratamento
Identificar a Fibrilação
Atrial e iniciar o tratamento que melhor responde à condição dos pacientes,
ambos de maneira mais precoce possível, são os principais desafios que os
cardiologistas devem superar. Afinal, a FA pode ser silenciosa e intermitente,
o que dificulta o diagnóstico.
Atualmente, os recursos
utilizados, além do eletrocardiograma tradicional, são registros contínuos do
eletrocardiograma do paciente, como o conhecido “Holter” de 24 horas, mas
também o “Holter” de sete dias e o “Loop Recorder” ou “Looper”, um monitor
especial, que pode ser inclusive implantado no corpo do paciente e registra
continuamente o ritmo cardíaco, gravando com detalhes (hora da ocorrência,
duração e gravando o eletrocardiograma) todos os episódios relevantes de
alteração do ritmo, principalmente nos momentos em que o paciente apresenta
algum sintoma, como palpitação, fraqueza ou fadiga.
“Colocar o coração do
paciente no ritmo adequado, fazendo com que exerça suas funções adequadamente,
também evitando a formação de coágulos, é o principal caminho para tratar este
fator de risco para os AVC”, explica o cardiologista Luciano Jannuzzi Carneiro.
“A tecnologia evoluiu de uma maneira que, hoje, implantar no paciente um
dispositivo minúsculo que grava detalhes do ritmo cardíaco, já é possível e
ainda por cima é um procedimento ambulatorial, pois nem precisa de internação”,
completa.
As possibilidades de
tratamento são bastante amplas e vão desde o controle farmacológico (com
remédios) do ritmo e da coagulação sanguínea (para evitar a formação dos
coágulos), até tratamentos invasivos (como a ablação por cateter de
rádio-frequência ou cirurgia cardíaca corretiva). Tudo para tentar
reestabelecer ou controlar o ritmo dos batimentos cardíacos e evitar as
complicações, das quais a mais temida certamente é o AVC.
“Mas nada, nada mesmo, beneficia mais o
paciente do que o diagnóstico
precoce. Quanto mais
cedo conseguimos identificar os episódios de FA, que muitas
vezes são intermitentes e silenciosos, maiores
são as chances de iniciarmos um tratamento que evite qualquer complicação,
aí sim trazendo o real benefício na qualidade de vida das pessoas”, finaliza o
Dr. Luciano.
BIOTRONIK
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