A pandemia acelerou significativamente o aumento de doenças como ansiedade e depressão. Um dos maiores motivos foi a necessidade do isolamento social e a presente sensação de morte, uma vez que as novas cepas do coronavírus ameaçam muito mais a vida das pessoas pela alta transmissibilidade.
Todos esses fatos
levaram ao aumento da frequência e interesse em pautar a Saúde Mental na mídia.
Isso se deu pela visibilidade que a pandemia trouxe às doenças mentais, tendo
em vista que passaram a ser mais comentadas pelas pessoas, numa tímida quebra
de tabu. O risco e o medo da contaminação pelo vírus resultaram no aumento do
adoecimento mental, que mesmo antes da pandemia, já apresentava altos índices
de casos comprovados.
O que se percebe é que
certas doenças mentais e seus efeitos são minimizadas pela dificuldade de
entendimento que a maioria da população acaba tendo, até em função do
diagnóstico. Este, para ser fornecido por profissionais da saúde mental, por
vezes são feitos após análise de certos comportamentos que o paciente apresenta
ou por comportamentos não mais apresentados, não sendo algo simples de se
avaliar, como vemos, por exemplo, numa radiografia pontuando a localização do
problema.
Devemos entender que,
em casos de ansiedade, as pessoas podem apresentar pânico, alterações
fisiológicas como taquicardia, entre outros sintomas. Já em casos de depressão,
há a falta de vontade de fazer atividades normais do dia a dia, diminuição de
energia, descontentamento generalizado, desesperança, entre outros. Mesmo com
total apatia tomando conta da pessoa, esses sintomas ainda são confundidos com
falta de vontade, desinteresse e preguiça.
Com o passar do tempo,
o número de indivíduos acometidos por essas doenças cresceu consideravelmente,
levando-nos ao início desta discussão, ou seja, maior adoecimento, maior o
interesse midiático. No entanto, ainda temos muito a discutir a respeito deste
assunto, visto que muitas pessoas ainda não conseguem entender efetivamente os
riscos reais das chamadas doenças mentais. Haja visto que a própria família,
quando percebe o adoecimento de um parente, ou mesmo alguém próximo, por
ignorância do assunto e/ou preconceito, por vezes ignora a situação ou a
ameniza.
Como houve aumento de
casos provenientes da pandemia, a temática passou a ter maior relevância nos
meios de comunicação. É importante salientar também que, se antes os pacientes
se preocupavam em não falar, se escondiam, não tinham coragem de assumir,
talvez por vergonha de terem que se autodeclararem depressivos ou ansiosos, o
que se percebe atualmente é que passaram a fazer isso com mais constância,
principalmente, por influência do meio artístico, que promoveu visibilidade para
o tema. Tal ato vem auxiliando na mudança de percepção sobre as doenças
mentais, especialmente, no fato de muitos acharem se tratar de melindre, sendo
exatamente o contrário, afinal essas doenças matam, inclusive muitos casos de
suicídio estão atrelados à depressão. Temos muito o que fazer ainda para acabar
com o preconceito e a desmistificação desses "achismos".
O esporte tem um papel
fundamental para a manutenção de nossa saúde. Ele não só traz condicionamento
físico como também melhora o fluxo sanguíneo cerebral e a oxigenação do
cérebro, auxilia de maneira considerável a função cognitiva, traz a sensação de
bem-estar, com concentrações de serotonina e endorfina, alivia a tensão. São
inúmeros benefícios para a saúde física e mental.
Ao associarmos o
exercício físico ao tratamento psicoterapêutico ou medicamentoso, temos enormes
ganhos, até porque há a melhora do metabolismo, auxiliando na absorção da
medicação. A prática de esportes também impede que a pessoa se isole e ajuda a
afastar pensamentos negativos. Assim como os outros tratamentos, de certa
maneira, a prática do esporte leva os pacientes a enfrentarem a doença.
É preciso
conscientizar as famílias de que, diante da mínima suspeita, atentando para
mudanças de comportamento e de vontade diante da vida, se faz necessário a
busca por profissionais, tanto da psiquiatria, com o uso de medicamentos,
quanto da psicologia, por meio da psicoterapia. É um conjunto de atitudes que
vão ajudar na recuperação do paciente, além dos exercícios físicos, pois assim
que se inicia o tratamento com remédio (se for o caso) e psicoterapia,
consequentemente, será sugerido no devido tempo, a prática de esportes.
Marcelo Alves dos
Santos -
psicólogo clínico e professor do curso de Psicologia do Centro de Ciência
Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
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