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Pesquisa realizada pela
startup paulistana de Big Data mapeou qualitativamente quase 2 mil comentários
nas redes entre fevereiro de 2020 e junho de 2021; Análise mostra evolução do
tema de acordo com a vivência da pandemia; "emoção", "celebração"
e "retomada" são as três principais vertentes apontadas
Que
a maioria dos brasileiros diz querer se vacinar,- 94% de acordo com pesquisa do
Datafolha de 13 de julho - nós já sabemos. Mas e o que farão quando estiverem
imunizados? Pois foi atrás dessa resposta subjetiva e nada óbvia que a Orbit
Data Science lançou seu novo estudo público. A pesquisa procura entender melhorcomo
se dá a expectativa para um novo horizonte, com uma maioria da população
vacinada e a perspectiva de retorno, de alguma maneira, aos antigos padrões. O
estudo inteiro, com gráficos interativos, está disponível no site da Orbit Data
Science
Uma
das descobertas mais interessantes foi a constatação de que as expectativas dos
brasileiros mudaram ao longo da pandemia. O recorte temporal começa em 20 de
fevereiro de 2020, seis dias antes do registro do primeiro caso de Covid-19 no
Brasil, quando já notou-se um princípio de discussão sobre o tema. A análise se
estende até 21 de junho deste ano e visa estabelecer uma comparação entre a
evolução das opiniões analisadas e a evolução da pandemia no País.
A
pesquisa foi desenvolvida a partir da avaliação de comentários espontâneos em
redes sociais, de brasileiros que mencionaram suas expectativas do que desejam
fazer após se vacinarem. Contribuíram para a base de dados publicações no
Twitter, Instagram, Facebook e YouTube. As observações classificadas para o
estudo representam uma amostra com 99% de nível de confiança e 3% de erro
amostral de tudo que se falou nas redes sobre o assunto no período.
A
análise dos comentários levou à descoberta de 122 opiniões, que compõem 20
diferentes categorias sobre o tema, e foram analisadas em 4 distintas fases.
Estes resultados apontam para três principais tipos de expectativas com o
momento pós-vacina: de emoção, de celebração e de retomada.
"A
expectativa em torno da imunização é tão grande, e construída por tanto tempo,
que os planos não são restritos à retomada de uma 'vida normal'. O ato torna-se
um marco, e como tal é planejado e comemorado", conta Fernando Hargreaves,
sócio da Orbit Data Science.
Caio
Simi, CEO da Orbit Data Science, explica que no primeiro semestre de 2020, no
auge da primeira onda no Brasil, os dados revelaram fortes manifestações de
saudades. "As pessoas expressavam a falta de amigos e familiares. O que
mais se falava entre os que especulavam o que fazer após a chegada de uma
eventual vacina no Brasil era o momento de reencontrar entes queridos",
explica Simi.
Com
o fim da primeira onda no início do segundo semestre de 2020, e o afrouxamento
das regras de isolamento nas principais cidades do país, este sentimento deu lugar
à expectativa dos brasileiros por voltar a frequentar festas e aglomerações.
"Observando
os dados, interpretamos que esse fenômeno se deu pela flexibilização que os
brasileiros se deram ao reencontrar amigos e familiares na primeira amenização
do contágio. Isso não se estendeu às festas e shows, uma vez que estes
continuaram fechados mesmo no período entre a primeira e segunda onda",
acrescenta Simi.
Consolidado de expectativas sobre "o que fazer ao se vacinar", de fev. 2020 a jun. 2021 Depois de me vacinar.png |
O primeiro gráfico do estudo traz todas as expectativas manifestadas pelos brasileiros divididas em suas respectivas categorias. Embora não haja uma só categoria de grande destaque, há uma concentração de incidência em 5 categorias, que respondem por 68,1% do total, são elas: Frequentar Lugares, Festejar, Estar com Pessoas, Aplicação da Vacina e Sentimento. Além de concentrarem grande parte das opiniões, também é destaque que as 5 principais categorias têm resultados bastante similares, com a diferença entre a primeira (Frequentar Lugares) e a última (Sentimento) ficando em somente 3,4%.
Já
ao analisarmos a incidência das opiniões, notamos que "Extravasar"
foi a principal opinião do estudo, com 7,6% do total. Além dessa, entre as
principais categorias do estudo as opiniões mais frequentes por categoria
foram: "Frequentar lugares - Passar tempo fora de casa" (4,4% do
total); "Festejar - Vou beber" (4,1% do total); "Estar com
Pessoas - Encontrar amigos" (3,9% do total) e "Aplicação da Vacina -
Vou criar uma memorabília" (3,8% do total). Esta última faz referência a
guardar objetos utilizados na pandemia como souvenir, como máscaras e outros
itens de higiene e proteção.
Evolução da pandemia no Brasil impacta a conversa sobre vacina
No
início da pandemia, a expectativa era reencontrar entes queridos e voltar a
frequentar lugares. Após 8 meses do primeiro caso no Brasil, as redes passaram
a clamar por extravasar e celebrar a vacina nas redes sociais.
Os
gráficos do estudo mostram que nas primeiras semanas do recorte, que
compreenderam a chegada do Coronavírus ao Brasil e o início da quarentena,
registram poucas opiniões. Até então não havia uma noção consolidada do impacto
da pandemia, nem do papel fundamental que as vacinas teriam.
Com
a aceleração de mortes e contágios, e consequentes renovações dos períodos de
quarentena, as opiniões sobre vacinação tornam-se não só mais frequentes, mas
também mais variadas. No início registrou-se basicamente opiniões sobre
frequentar lugares e festejar.
Fase 2 - Entre junho e novembro de 2020 esses são os principais desejos dos brasileiros. Depois de me vacinar@2x.png |
Também chama a atenção que em outubro "Extravasar" torna-se a principal opinião do estudo, superando as que falavam sobre frequentar lugares. Este fato pode ser explicado pelo fim da primeira onda de contágio no Brasil, que levou mais pessoas a relaxarem o distanciamento social, dando vazão aos seus desejos de frequentar lugares, porém ainda não extravasando o quanto queriam.
Os
brasileiros então começaram a manifestar a ansiedade em celebrar o recebimento
das doses, e a expectativa de se emocionar ao ser vacinado, além de poder
compartilhar este momento nas redes sociais.
"Em
um dos gráficos do estudo, observamos inclusive que a expectativa por postar o
momento da aplicação da vacina nas redes sociais já existia com alguma
relevância antes mesmo da vacina existir, o que de certa forma previu essa onda
de fotos e vídeos que vemos hoje viralizando nos feeds de todo mundo que é
frequentador de algum rede social", detalha Hargreaves.
As 4 fases da vivência pandêmica identificadas no estudo
A
análise do gráfico de evolução demonstra que há claramente quatro fases no
período estudado. A primeira fase constitui o período inicial da pandemia, caracterizado
por grande incerteza sobre o desfecho da mesma, e com a vacina sendo uma
solução ainda distante, próxima a um sonho. A distância da vacina é o principal
fator que justifica a incidência de somente 3,1% do total de opiniões nesta
fase. A chegada da quarentena rígida e inédita também faz com que "Estar
com pessoas" seja a principal categoria do período, com 16,7% do mesmo,
sendo "Abraçar alguém" a principal opinião.
O
mês de Junho de 2020 marca o início de testes de vacinas com voluntários no Brasil,
simbolizando também o início da segunda fase do estudo. O período traz um
aumento considerável de comentários sobre o que fazer após a vacinação, uma vez
que a vacina já é vista como potencial única solução para a pandemia, somando
para 26,5% do total do estudo.
A
principal categoria da fase 2 deixa de ser "Encontrar Alguém" e passa
a ser "Frequentar Lugares", o que indica que possivelmente as pessoas
já tinham começado a encontrar outras pessoas. A grande característica da
segunda fase é a alta de opiniões que evidenciam uma estafa após meses de
quarentena contínua - e ainda sem clara perspectiva de fim. É o caso de
"Extravasar" e "Passar tempo fora de casa", que passam a
ser as duas principais opiniões.
A
terceira fase começa em dezembro de 2020, quando acontece o início da vacinação
no mundo, trazendo a esperança de um fim próximo para a pandemia. Muda
consideravelmente o teor das conversas sobre o que fazer após ser imunizado.
Nota-se um grande aumento na incidência de opiniões, se a fase representa
apenas 11,8% do período estudado, ela concentra 35,6% das opiniões registradas.
A grande marca do período é o salto da categoria "Aplicação da
Vacina" ao posto de principal da fase, com 17,8% do total, evidenciando
que as pessoas vêm a vacinação cada vez mais próxima, e já imaginam não só o
que vão fazer após a imunização, mas também o que farão no ato da vacinação,
para celebrar o recebimento das doses.
Por
outro lado, "Encontrar Pessoas", que já foi a principal categoria da
Fase 1, não passa da quinta posição na fase 3, o que indica um claro
relaxamento do distanciamento social, que coincide com as festas de fim de ano.
A
última fase do estudo iniciou-se em Fevereiro de 2021, juntamente com o início
da imunização em massa no Brasil. A fase traz uma queda na incidência de
comentários com relação à fase anterior, quando a vacina já não é mais uma
novidade tão comentada nas redes, mas ainda é significantemente maior do que as
fases 1 e 2, somando para 34,4% do total, enquanto representa 29,4% do período.
Além do início da imunização no Brasil, a fase também contempla a fase de
grande recrudescimento da pandemia no país, com a chegada da segunda onda de
contágio.
Este
aspecto explica dois pontos de atenção na fase 4. É a volta de "Encontrar
Pessoas" ao posto de principal categoria, e a ascensão da opinião
"Continuarei adotando as medidas de segurança", quinta principal
opinião da fase, que ainda traz "Extravasar" como líder. Também são
destaques o crescimento de opiniões sobre viagem, o que indica que as pessoas
já fazem planos concretos para o pós-vacina, e a opinião "Protestar contra
o Governo Federal", que tem 63,8% de sua incidência concentrada na fase 4,
chegando ao posto de décima principal da fase.
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