Conduzido pela NOZ Pesquisa e Inteligência em parceria com o Instituto Bem do Estar, o mapeamento "Ser Mulher: a saúde da mente delas" - realizado entre março e maio de 2021 com 809 mulheres de diferentes faixas etárias e regiões do país - investigou o impacto do isolamento social no cotidiano feminino. O levantamento contou com o apoio da organização PHI (Philantropia Inteligente).
No capítulo “Desafios femininos potencializados pela pandemia”, a
pesquisa mostra que 81% das entrevistadas afirmaram ser mais ou muito mais
difícil e desafiador conciliar a maternidade e a vida profissional neste
contexto da crise sanitária (percentual de 86% entre as casadas). Na análise
dos sentimentos, 84% estão excessivamente preocupadas (muito mais) e 65% estão
sem ânimo para atividades (muito mais). A culpa excessiva é constante para 45%.
A íntegra da pesquisa está disponível no site https://www.bemdoestar.org/ser-mulher-saude-da-mente-delas.
A multiplicidade de papéis impostos pela sociedade às mulheres é um dos principais fatores do adoecimento psicológico feminino. Com tanta pressão externa e interna para cumprir demandas diversas, as brasileiras acabam “sufocadas”, sobretudo, pela culpa. A dupla jornada – em especial, entre as mulheres casadas e as empreendedoras – afeta muito a vida e a saúde feminina. À lista de preocupações somam-se os problemas sociais como assédio moral e remuneração desproporcional. A sobrecarga ficou ainda mais clara entre as mães na pandemia, sendo evidenciada pela falta de divisão dos trabalhos domésticos e da gestão dos estudos e do cotidiano dos filhos. Essa dose extra de tarefas potencializa o risco de elas desenvolverem problemas psicológicos como ansiedade, transtornos alimentares, depressão e transtornos associados ao ciclo reprodutivo. Essas são algumas das conclusões da pesquisa Ser mulher: a saúde da mente delas, conduzida pela NOZ Pesquisa e Inteligência em parceria com o Instituto Bem do Estar; o apoio é da organização PHI (Philantropia Inteligente).
A pesquisa integra a campanha Ser Mulher - a saúde da mente
delas, cuja proposta é abrir
espaços de conversas e reflexões sobre a mulher e as questões que envolvem a
saúde da mente feminina. “Para fomentar e qualificar esse diálogo, criamos um
conteúdo diverso produzido por especialistas multidisciplinares; entrevistas
com mulheres plurais, em diferentes plataformas. E, em parceria com a NOZ
Pesquisa e Inteligência, conduzimos uma pesquisa visando gerar dados que deem
suporte para uma reflexão qualificada, além de impulsionar o debate, a escuta
ativa e a troca de experiências”, afirmam as coordenadoras do levantamento,
acrescentando que o estudo possui o intuito de entender melhor o cenário da
saúde da mente das mulheres que vivem no Brasil, os anseios e as dificuldades
delas, além de proporcionar às participantes a oportunidade de olhar para os
próprios sentimentos e as próprias sensações.
A pesquisa mostra que – antes e
durante a pandemia – os sentimentos como “excessivamente preocupada”, “ansiosa”
e “excessivamente cansada” aumentaram assustadoramente entre as mulheres. No
capítulo Desafios femininos potencializados pela pandemia, a
análise mostra que 81% das entrevistadas afirmaram ser mais ou muito mais
difícil e desafiador conciliar a maternidade e a vida profissional neste
contexto da crise sanitária (percentual de 86% entre as casadas). Na análise
dos sentimentos, 84% estão excessivamente preocupadas (muito mais) e 65%, sem
ânimo para atividades (muito mais). A culpa excessiva é constante para 45%.
DESTAQUES DA PESQUISA
Violência doméstica (física ou
psicológica) | Quando
questionadas se o tema afeta o cotidiano, 44% das mulheres responderam que são
afetadas ou muito afetadas pela temática; 64% das mulheres divorciadas
afirmaram que a violência doméstica já afetou suas vidas; 49% das mulheres com
filhos afirmaram que a violência doméstica já afetou suas vidas – o percentual
é de 38% para as que não possuem filhos –; e 52% das mulheres que não
estão atuando profissionalmente afirmaram que a violência doméstica já afetou
suas vidas.
Reconhecimento profissional | Quando convidadas a avaliar o impacto de serem ou não reconhecidas pelo
que fazem profissionalmente, 72% das mulheres responderam que se sentem
afetadas ou muito; apenas 17% responderam que essa valorização (ou falta dela)
as afeta pouco; 12% reportaram que não são afetadas.
Dupla jornada (profissional e
doméstica) | Para 65% das entrevistadas,
o impacto da dupla jornada na saúde da mente as afeta ou afeta muito; 14% não
são afetadas e 21% responderam que são um pouco afetadas. Entre as
respondentes, 72% das mulheres casadas afirmaram que a dupla jornada afeta suas
vidas; o número é de 55% para as solteiras. O percentual é de 73% entre as
mulheres com filhos (afirmaram que a dupla jornada já afetou suas vidas); e 54%
é o índice entre as que não possuem filhos. Um dado interessante mostrado pela
pesquisa é que 70% das empreendedoras afirmaram que a dupla jornada afeta suas
vidas.
Discriminação de gênero | Entre as entrevistadas, 55% responderam que se sentem afetadas ou muito
afetadas pela discriminação de gênero; para 18%, a temática afeta pouco; e,
para 27%, não afeta.
Assédio moral | Para 64% das entrevistadas, o assédio moral afeta muito ou afeta a saúde
da mente; 17% reportaram que não afeta; e 19%, que afeta pouco.
Remuneração | Para 66%, a remuneração afeta muito ou afeta a saúde da mente; 19%
responderam que afeta pouco; e 15% reportaram que não são afetadas pelo tema.
Apoio à maternidade no ambiente de
trabalho | 51% das entrevistadas
afirmaram que se sentem afetadas ou muito afetadas pelo apoio à maternidade que
recebem (ou não) no ambiente profissional; 37% não se sentem afetadas; e 13%
reportaram que o tema as afeta pouco. A percepção sobre o apoio à maternidade
piora entre as mulheres que possuem filhos: 61% das mães afirmaram que a
maternidade afeta ou já afetou suas vidas; o percentual é de 37% para as que
não possuem filhos. “Esse dado demonstra que, mesmo entre as mulheres, os
desafios impostos pela maternidade parecem invisíveis e o apoio no ambiente
profissional só é percebido como necessário pelas próprias mães”, afirma
Juliana Vanin.
DESAFIOS FEMININOS POTENCIALIZADOS
PELA PANDEMIA
Conciliar maternidade e vida
profissional | Entre
as mulheres com filhos, enteados ou crianças sob a sua responsabilidade
(menores de 18 anos), conciliar maternidade e vida profissional foi o desafio
que se tornou ainda mais difícil na pandemia. Entre as entrevistadas, 81%
afirmaram ser mais ou muito mais difícil e desafiador nesse período da
pandemia; 86% das mulheres casadas afirmaram ser mais difícil
– ou muito mais difícil – conciliar maternidade e vida profissional. O
percentual é de 72% entre as não casadas (solteiras,
divorciadas ou viúvas), todas com filhos. “Esse resultado demonstra
as consequências da sobrecarga de responsabilidades e a falta de divisão dos
trabalhos domésticos, algo que fica mais evidente no dia a dia das mulheres
casadas”, analisa Juliana Vanin.
Rotina on-line dos filhos | Para 67% das entrevistadas, a rotina on-line dos filhos é muito difícil
e desafiadora; para 22%, pouco difícil ou desafiadora; e, para 11%, nada
difícil ou desafiadora.
Conciliar o dia a dia com a rotina
das atividades domésticas | Entre
as entrevistadas, 66% afirmaram ser muito mais difícil e desafiador conciliar
as demandas do cotidiano com a rotina das atividades domésticas. “Novamente
observamos a diferença entre casadas e não casadas: 70% das mulheres casadas
contra 59% das não casadas consideram ser mais difícil ou muito mais difícil
conciliar o dia a dia com a rotina das atividades domésticas. Importante
salientar que o percentual é alto nos dois grupos, porém, os dados mostram o aumento
da sobrecarga de trabalho entre as casadas”, avalia Isabel Marçal,
acrescentando que, além disso, o percentual que considera ser mais difícil ou
muito mais difícil conciliar o cotidiano com a rotina das atividades domésticas
é de 78% entre as mulheres com filhos contra 59% entre as que não possuem
filhos.
Convívio diário e mais intenso com os
outros moradores da mesma casa | 58%
das entrevistadas afirmaram ser mais ou muito mais difícil e desafiador o
convívio intenso dentro de casa; para 25%, esse convívio ficou menos difícil e
desafiador. “Desconsiderando as entrevistadas que moram sozinhas, percebemos
que o convívio é um desafio ainda mais relevante para o período”, Isabel
Marçal.
Vida financeira | Na análise do impacto da vida financeira na saúde da mente das mulheres,
71% afirmaram ser mais ou muito mais difícil e desafiador do que antes da
pandemia; somente 6% reportaram ser menos difícil e desafiador. Entre as
mulheres que prestam serviços de forma fixa e contínua (CLT, PJ e funcionárias
públicas), o percentual cai para 60%; entre as que estão desempregadas (em
busca de uma nova vaga), o percentual é de 88% de mulheres que consideram que a
vida financeira está mais ou muito mais difícil e desafiadora. Para 78% das
mulheres com filhos, a vida financeira está mais ou muito mais difícil e
desafiadora; o percentual cai para 62% entre as que não possuem filhos.
Sentimentos: Como você tem se sentido nesses últimos meses em comparação ao
período anterior à pandemia?
_Entre as entrevistadas, 84% afirmaram que estão excessivamente mais
preocupadas; 80%, mais ansiosas; 73%, excessivamente mais cansadas; 69%, mais
irritadas; 68%, com mais dificuldade de concentração; 65%, sem ânimo para
realizar as atividades (mais do que antes); 51% se sentindo mais sozinhas; e
45%, mais culpadas.
_Oitenta por cento das entrevistadas
estão se sentindo mais ansiosas do que antes da pandemia. Entre as
entrevistadas, 81% também afirmaram que já passaram por crise
de ansiedade, porém, quase metade não procurou ajuda. Entre as que procuraram
ajuda, as principais formas relatadas espontaneamente foram:
·
terapia/tratamento
psicológico | 69%
·
acompanhamento
psiquiátrico | 34%
·
médicos
de outras especialidades ou especialidade não informada | 8%
·
medicação
| 4%
Sem ânimo para realizar suas
atividades: 65% estão se sentindo mais
sem ânimo do que antes da pandemia.
Depressão: 54% também afirmam que já tiveram depressão, porém, quase metade não
procurou ajuda. Entre as que procuraram ajuda, as principais formas relatadas
espontaneamente foram:
·
terapia/tratamento
psicológico| 47%
·
acompanhamento
psiquiátrico| 33%
·
médicos
de outras especialidades ou não informada a especialidade| 4%
·
medicação
| 7%
Culpa: 45% das entrevistadas estão se sentindo mais culpadas do que antes da
pandemia; 21% das entrevistadas nunca se sentiram culpadas nesse período.
Terapia: apenas 17% das mulheres com filhos estão fazendo terapia, o percentual é
de 34% entre as que não possuem filhos; as mulheres que não estão exercendo
atividade remunerada apresentam os percentuais mais baixos em relação à
terapia, apenas 9% estão realizando terapia; quase metade (48%) das mulheres
acima de 51 anos afirmaram que nunca fizeram terapia; além disso, quatro em
cada dez dessas mulheres dizem não ter vontade.
INSTITUTO
BEM DO ESTAR
NOZ
PESQUISA E INTELIGÊNCIA
www.noz-pesquisaeinteligencia.com
PHI
(PHILANTROPIA INTELIGENTE)
www.institutophi.org.br
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