Com 2ª fase de
implementação adiada para agosto, usuários terão mais tempo para entender o seu
papel na revolução do sistema bancário
Adiada para o dia 13 de agosto, a 2ª fase de
implementação do open banking será centralizada no consumidor, que deverá
autorizar o compartilhamento dos seus dados cadastrais e transacionais entre as
instituições financeiras. Enquanto o mercado segue na adaptação e integração de
sistemas, cabe ao público entender o que muda nos seus direitos com esse
cenário. Para o especialista em regulação José Luiz Rodrigues, o open banking
não envolve apenas tecnologia, mas sim educação financeira.
“É o momento do consumidor. Porque o open banking
trabalha com o conceito de que cada pessoa é dona dos seus dados, então ela
pode fazer o que quiser com as suas informações, migrando de bancos ou usando o
melhor de cada instituição. Por exemplo, ela vê que o banco x é melhor em
crédito, que o y oferece melhores investimentos e o z foca na previdência
privada, e isso faz com que ela monte a carteira de serviços que vai utilizar,
integrando os três. É o consumidor construindo o banco que quiser”, explica
José Luiz, que também é sócio da JL
Rodrigues & Consultores Associados.
Apesar de ser direcionado ao consumidor, o open
banking esbarra em um cenário: a desinformação. De acordo com uma pesquisa realizada
por C6 Bank e Ipec em junho, 56% da população brasileira não sabe o que é open
banking, e 37% imagina ser um novo banco digital.
“A grande defasagem do mercado hoje é de educação
financeira. As dimensões do País e a discrepância social e cultural fazem com
que pessoas de diferentes classes tenham experiências, hábitos e acessos
completamente distintos. O entendimento sobre o que é um banco digital, sua
segurança, como o dinheiro fica em um banco digital e como são realizados os
pagamentos por meio dessas instituições ainda é algo difícil para muitas
pessoas. E esse cenário de dúvidas pode se intensificar quando mais inovações
chegarem, se de fato não forem disponibilizadas informações de fácil acesso”,
pontua o especialista.
José Luiz reforça que este movimento de ensinamento
deve envolver todas as entidades do mercado. “Essa não é apenas uma
responsabilidade do Banco Central, mas envolve também sindicatos, associações e
a própria iniciativa privada. Afinal, para que os produtos e serviços sejam bem
aceitos e amplamente utilizados, é necessário que o consumidor os compreenda”.
Entenda o open banking
Na prática, o open banking é um conceito que busca
padronizar a troca de informações entre entidades que compõem o sistema
financeiro: o mercado financeiro passará a utilizar um mesmo universo
tecnológico, o que facilitará o acesso e a portabilidade dos dados.
“A primeira etapa desse processo de implementação
do open banking foi a integração entre as empresas do mercado, que envolveu
desde os bancos tradicionais a startups e fintechs. Esta etapa segue em vigor,
e foi prorrogada até agosto, conforme solicitação das entidades envolvidas.
Agora, após esta unificação de sistema, entrará o papel do consumidor”, pontua
o especialista.
Por ser um sistema unificado entre os players do
mercado, como bancos e fintechs, a transferência do cliente de uma instituição
para outra é facilitada, o que dá mais poder ao consumidor. “Isso fará com que
as empresas mudem o seu foco, antes direcionado essencialmente na estruturação
de produtos e serviços, e passe a olhar mais para o consumidor. Com o open
banking, a tendência é que haja mais concorrência e, como acontece em casos de
concorrência acirrada, as instituições terão que melhorar seus serviços, canais
de atendimento e reduzir taxas para atrair mais clientes”, conclui José Luiz.
JL Rodrigues & Consultores Associados
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