Há muito que a população brasileira aguarda por uma reforma Tributária que traga mais segurança jurídica para o ambiente dos negócios, e esse momento parece estar cada vez mais próximo. Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o relatório do texto será apresentado na próxima segunda-feira, dia 3 de maio, com a finalidade de debater com a sociedade, por meio de consultas públicas, e receber críticas e sugestões de aprimoramentos.
Atualmente existem duas Propostas de
Emenda Constitucional, as conhecidas PECs, em evidência tramitando no Congresso
Nacional: a PEC nº 45/2019 de relatoria do Deputado Baleia Rossi, com a
contribuição e apoio técnico do Centro de Cidadania Fiscal - CCIF; e a PEC nº
110/2019 do Senador Davi Alcolumbre, baseada no projeto do ex-deputado Luiz
Carlos Hauly.
De acordo com o tributarista Miguel Silva que é um
dos encabeçadores da PEC 110 no âmbito econômico e jurídico ao lado de Paulo
Rabello de Castro, presidente do Instituto Atlântico, a PEC 45 representa uma
reforma tributária menos impactante, embora tratar-se de projeto
relevante, haja vista que estabelece apenas a unificação dos tidos
tributos indiretos (IPI, ICMS, ISS, PIS/PASEP e COFINS), não cuidando dos ditos
tributos diretos (IRPJ, CSLL, IPVA, IPTU), os quais apresentam também
nevralgias a serem corrigidas, algo que a PEC 110 endereça. Nesse
contexto, a PEC 110 se mostra mais completa e alvissareira, pois alvitra reformular
os tributos diretos e indiretos e suas distorções nocivas ao país.
Silva também falou que além das PECs 45 e 110, o
Executivo Federal já apresentou ao Congresso Nacional, como "parte"
da Reforma Tributária, o desmilinguido Projeto de Lei nº 3.887/2020, que
pretende a criação da restrita Contribuição Social sobre Operações com Bens e
Serviços (CBS) em substituição apenas da atual cobrança de PIS/Pasep e COFINS,
e ainda, destaca-se o movimento Simplifica Já, que conta com diversos
apoiadores, dentre eles entidades que congregam agentes fiscais dos estados e
dos municípios, projeto esse, inclusive, albergado pelo falecido
Senador Major Olímpio.
"Algo que temos difundido em especial, e as
PECs 45 e 110 estão na direção certa, diferentemente da proposta do Executivo
Federal, é que as grandes distorções no sistema constitucional tributário
residem nos tidos tributos indiretos, os quais elegem como fato gerador a
receita (o faturamento) e não o lucro. Reforma Tributária que não combata e aniquile
as anomalias do ICMS e do ISS, com seus 27 regulamentos estaduais e mais de
5.500 regulamentos municipais, com regras fartas e arenosas, acompanhadas de
deletérias guerras fiscais, melhor que não venha, pois do contrário será mais
um puxadinho tributário" afirmou Miguel.
O tributarista alerta que são 27 regulamentos do
ICMS, não uniformes entre si, e mais de 5.500 regulamentos do ISS, todos
disciplinando a seu modo, fato gerador, base de cálculo, alíquota, formas de
apuração e recolhimentos, e outros assuntos envolvendo obrigação principal e
acessória.
"Precisamos unificar o IPI/ICMS/ISS/PIS/COFINS
em um tributo nacional, como já consta nas PECs 45 e 110 sob a denominação de
IBS (Imposto sobre Bens e Serviços, tributo nacional), correspondendo ao IVA
(Imposto sobre Valor Agregado) adotado há décadas em mais de 120 países,
representando mais de 70% da população mundial, ou seja, mais uma vez estamos
na contramão do mundo (destacadamente dos países desenvolvidos)",
explicou.
Miguel Silva propõe adotar uma efetiva remodelação
simplificadora às empresas e aos profissionais, com automática redução
dos elevados custos administrativos e tecnológicos para apurar e declarar
tributos no país, já que não conseguiremos uma reforma estruturante com redução
rápida da carga tributária.
"Muitos países já adotam o IVA há muitos anos
com êxito, o Brasil já está em muito atardado, não só no tocante à mudança do
padrão tributário, mas também na simplificação tributária tão necessária, ambos
adotados nos países com os quais competimos" assegurou.
O
tributarista e encabeçador da PEC 110 acredita que precisamos peremptoriamente
de duas meritórias reformas: a tributária e a administrativa, para que a
economia brasileira retome o trilho do desenvolvimento sólido, rumo para um PIB
mais vigoroso para o bem de todos.
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