A escola é o porto seguro da humanidade, aquele lugar para onde todos olham, independente do credo ou posicionamento político, quando procuram por certezas, por um lugar confiável e estável no seio de uma sociedade que se transforma em ritmo alucinante. A pandemia do novo coronavírus estremeceu este sólido lugar, afastando milhares de crianças e jovens do ambiente escolar e ressignificando a sala de aula. Lembrando que a escola não é um ente isolado da sociedade, mas um espelho dela – e, como tal, precisa se adaptar aos desafios dos nossos tempos de mudanças cada vez mais rápidas e profundas.
Engana-se quem pensa que a pandemia deixará como
legado para as escolas apenas novas plataformas para postagem de vídeos e
tarefas escolares ou professores aptos a produzirem maravilhosas vídeo-aulas. O
coronavírus abriu, para a Educação Básica, as janelas para uma jornada muito
mais conectada, na qual alunos poderão ter aulas remotas, ao vivo, com
profissionais de todo o planeta. A pandemia também escancarou a necessidade de
revisão das propostas pedagógicas e disciplinares das escolas, que precisam
abrir mais estradas, não serem limitantes, criarem mais itinerários formativos,
ressaltarem as habilidades dos estudantes e darem a eles o poder de escolha
sobre os assuntos nos quais querem se aprofundar.
Na pós-pandemia, a escola precisará ser diferente
para sustentar uma sociedade que não cansa de se transformar: utilizar as
plataformas de ensino remoto para propiciar aos estudantes contato com os
melhores professores, não importa onde estejam, e, também, como apoio ao
contínuo aprimoramento da equipe docente. Flexibilizar o currículo, eliminando
o que ficar obsoleto e incorporando o que crescer em importância, dando poder
de escolha ao aluno, sobretudo no Ensino Médio, e estimulando a formação de
indivíduos independentes, úteis para a sociedade e responsáveis pelos seus
atos.
O período de isolamento social trouxe também um
olhar atento à saúde mental de nossas crianças e jovens, chegando a índices
nunca alcançados de depressão e ansiedade nessa faixa etária e mostrando o quão
importante é a convivência entre eles. A partir daí, pode-se destacar que a
escola não é apenas um espaço de aprendizado de Matemática ou Geografia, mas
onde se desenvolve a inteligência emocional, a amizade, o respeito pelo
próximo, a conversa, o tão falado networking – que será cobrado lá na frente,
no mercado de trabalho.
Isso sem falar na valorização da carreira docente.
Desde que a pandemia do novo coronavírus começou, muitos olhares se voltaram
para a importância que os professores têm na construção da sociedade. Isso se
dá porque, com as crianças em casa, os pais conseguiram enxergar quão difícil é
o processo de ensinar. Com ou sem tecnologia, com aulas on-line ou presenciais,
teóricas ou práticas, o papel do professor nunca foi tão importante – e
continuará sendo, com ou sem pandemia.
Celso Hartmann -
diretor-geral do Colégio Positivo.
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