Quase 13 mil internações hospitalares causadas por atropelamento de ciclistas foram registradas no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2010. É o que mostra levantamento realizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), divulgado na semana em que é celebrado o Dia do Ciclista (19). Cerca de R﹩ 15 milhões, de acordo com a entidade, são gastos todos os anos para tratar ciclista traumatizados em colisão com motocicletas, automóveis, ônibus, caminhões e outros veículos de transporte. Além disso, na última década 13.718 ciclistas morreram no trânsito após se envolverem em algum acidente, 60% deles em atropelamentos.
"No trânsito, o maior deve sempre cuidar do menor, ou
seja, o carro motorizado deve ter o cuidado maior com o ciclista", pondera
Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet. Para ele, no entanto, é importante
que o ciclista também cumpra as regras de trânsito. "É fundamental que
conheça as regras de trânsito e cumpra as regras de trânsito. Devem evitar
transitar por vias que não oferecem infraestrutura adequada ou sem equipamentos
de segurança previstos em lei, como de proteção individual, lanternas,
campainhas e espelhos retrovisores", alerta.
De acordo com a Abramet, os dados do Sistema de Informações
Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ambos do
Ministério da Saúde, mostram a urgência de ações que levem ao uso seguro desse
meio de transporte. No período analisado, o número de atendimentos hospitalares
desse tipo de acidente aumentou 57%, passando de 1.024, em 2010, para 1.610, em
2019. Só neste ano, até junho, pelo menos 690 internações foram registradas no
SUS. Segundo o levantamento, 84% dos ciclistas internados eram do sexo
masculino e metade dos ciclistas internados tinham entre 20 e 49 anos de idade.
Mesmo com redução do
volume de veículos nas ruas e do isolamento social adotado em todo o País
devido à pandemia, o número de internações de ciclistas acidentados continuou
alto no primeiro semestre. Na comparação com igual período de 2019, as
internações tiveram baixa de apenas 13%. "É uma queda
pouco expressiva, se considerarmos que o primeiro semestre foi de quarentena.
Isso pode estar associado ao aumento de velocidade e à imprudência,
impulsionadas por esse momento de menor fiscalização", avalia Carlos Eid,
coordenador do Departamento de Atendimento Pré-Hospitalar da Abramet.
Na última década, houve aumento acentuado no número de internações nos estados do Rio Grande do Norte (1.250%), Pernambuco (678%) e Mato Grosso do Sul (400%). Em termos absolutos, São Paulo lidera com folga o primeiro lugar, com 4.546 internações registradas no período. Na sequência surge Minas Gerais, com 1.379. Roraima se destaca com o menor número de hospitalização de ciclistas por atropelamento: apenas quatro, duas em 2014 e outras duas em 2016, segundo os registros oficiais.
CONFIRA AQUI o número de internações por estado
FATALIDADE - Para a Abramet, a
falta de infraestrutura adequada nas cidades, combinada à falta de campanhas
educativas e de prevenção voltadas ao ciclista são o principal motivo do
crescimento dos indicadores de vítimas. "É preciso reconhecer que ao longo
dos últimos anos houve melhorias na estrutura de algumas cidades, sobretudo em
grandes capitais como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, essas
mudanças não acompanharam a crescente demanda de pessoas que utilizam as
bicicletas como meio de transporte, esporte ou lazer", complementa Meira
Júnior.
Para ele, são necessários espaços físicos diferenciados, mais
sinalização e ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte
do trânsito e devem ser respeitados. "Sem isso, esses indicadores
continuarão subindo. É preciso uma mobilização do poder público, com o apoio
das entidades médicas, para criar ações conjuntas e efetivas para combater este
cenário", acrescenta, frisando que a Abramet pode colaborar nesse esforço.
Os dados mapeados pela entidade indicam que, em média, 850
ciclistas morrem todos os anos por envolvimento em acidente de trânsito. Cerca
de 60% das mortes foram registradas nas regiões Sul e Sudeste.
Segundo avaliam os médicos de tráfego, o uso de bicicletas no
Brasil, antes associado ao lazer e à prática de exercícios, passou a ser
adotado para atividades profissionais, especialmente serviços de entrega,
aumentando a população de ciclistas no trânsito. "Diversos fatores
estimulam essa migração, como o excesso de congestionamento nos grandes
centros, o preço do combustível e o custo módico do veículo. Por isso, a
bicicleta tornou-se opção competitiva de transporte, o que exige ainda mais
nossa atenção", disse Carlos Eid.
CONFIRA AQUI o número de óbitos por estado
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