No mês marcado pelo Dia Mundial do Combate ao
Diabetes (14 de novembro), dados do Ministério da Saúde reforçam a importância
da prevenção das complicações desta doença tão comum. De janeiro a agosto deste
ano, foram realizadas 10.546 amputações de membros inferiores, pelo SUS
(Sistema Único de Saúde), em decorrência de diabetes – uma média de 43 por dia
– ao custo estimado de R$ 12,3 milhões. No mesmo período de 2019, foram 10.019
registros, que custaram R$ 11,6 milhões.
Atenção especial deve ser dada às úlceras cutâneas
nos pés dos pacientes diabéticos, pois são as principais precursoras das
amputações, que têm um grande impacto socioeconômico e que afetam negativamente
a qualidade de vida do paciente portador da doença, ressalta o presidente da
ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José
Antônio Veiga Sanhudo. Estas lesões podem ser causadas pela presença de um
objeto estranho dentro do calçado, como uma pedrinha, pela simples pressão externa
de um sapato mais apertado ou por andar descalço em uma superfície muito
aquecida. “Úlceras que não cicatrizam levam à amputação dos membros inferiores
em 84% dos casos”, alerta Dr. Sanhudo.
O diabetes pode causar problemas graves nos pés,
que incluem a neuropatia, com alteração da sensibilidade, e vasculopatia, com
prejuízo da circulação local. Essas duas condições associadas facilitam o
aparecimento e a dificuldade de cicatrização das referidas úlceras cutâneas,
que podem evoluir para infecções de pele (celulite), infecções ósseas
(osteomielite), coleções de pus (abcessos) e até gangrena.
A artropatia de Charcot é caracterizada por
fraturas e luxações, muitas vezes espontâneas, e representa outra complicação
grave no pé do diabético, que pode evoluir para amputação em qualquer nível do
membro inferior acometido, explica o médico.
Infecções, geralmente são causadas por bactérias
que entram através de pequenas aberturas na pele, como úlceras, unhas
encravadas ou frieiras, representam outra complicação temível para este grupo
de pacientes.
Sintomas
Os sintomas da neuropatia incluem a perda parcial
ou total da sensibilidade do pé (toque, temperatura e dor) e alterações da
sensibilidade que frequentemente se expressam como formigamento. “Em razão
disso, os pacientes podem desenvolver bolhas, calosidades ou feridas, mas podem
não sentir nenhuma dor”, fala o especialista.
A diminuição da circulação pode causar mudança na
coloração e temperatura da pele e dor isquêmica, muitas vezes incapacitante.
Dependendo do problema específico, os pacientes podem notar inchaço,
descoloração (pele vermelha, azul, cinza ou branca), estrias vermelhas,
sensação de calor ou frio, aparecimento de feridas espontâneas com ou sem dor,
manchas por secreção nas meias, formigamento, dor e deformidade.
Pacientes com infecção podem apresentar febre,
calafrios, tremores, vermelhidão nos pés e habitualmente observam dificuldade
de controlar a glicemia e a pressão arterial. Confusão e delírio podem
aparecer em casos mais avançados.
Orientações
Pacientes com diabetes devem atentar-se às
seguintes recomendações:
- Não andar descalço, especialmente fora de casa. O
uso de calçados especiais para diabéticos – fechados, sem costura interna, com
a parte da frente larga e alta e que tenham palmilhas confortáveis – são
recomendados sempre que possível.
- Sempre usar meias, de preferência brancas (que
facilitam a identificação mais rápida se tiver algum machucado no pé), de
algodão (que irritam menos a pele), com costura pouco volumosa e sem elástico (para
não comprometer a circulação).
- Examinar os calçados antes de vesti-los, para
certificar-se que não há nenhum objeto dentro que possa machucar o pé.
- Examinar os pés pelo menos uma vez ao dia, tanto
à procura de calos e úlceras, quanto para verificar micoses e rachaduras. Em
caso de diminuição da acuidade visual, peça para alguém realizar o exame.
- Em caso de sapatos novos, examine o pé a cada 30
minutos na primeira semana de uso e sempre examine os pés ao removê-los.
- Procure manter os pés hidratados para evitar
rachaduras cutâneas e infecções secundárias.
- Não tentar retirar calos, limpar úlceras ou
cortar as unhas sozinho.
Associação
Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé – ABTPé
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