terça-feira, 1 de setembro de 2020

Miopia é debatida no Congresso Brasileiro de Oftalmologia


 Palestra revela como a progressão está sendo controlada no mundo.

 

A pandemia de coronavírus impediu Campinas de sediar o 64º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO 2020) planejado para acontecer na cidade este ano. Pela primeira vez o evento organizado pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) vai ser virtual, invés de presencial. A abertura acontece na próxima sexta-feira (4) quando faz homenagem ao Instituto Penido Burnier que este ano completou 100 anos de atuação. Até segunda (7) o evento apresenta mais de 400 horas de atualização médica com apresentações simultâneas em 10 salas. Este ano o congresso conta com a participação recorde de 40 palestrantes internacionais, reúne 4,5 mil especialistas, vai apresentar os principais temas da Oftalmologia e ferramentas de inteligência artificial que permitam à especialidade enfrentar a pós pandemia

 

Painel sobre miopia

Como não poderia deixar de ser, o CBO 2020 conta com um painel sobre miopia, dificuldade de enxergar à distância, que está se tornando uma verdadeira epidemia no mundo e, portanto, um grave problema de saúde pública. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde), é de que hoje 2,6 bilhões são míopes no mundo. Pior: No Brasil 27,7% da população ou 59 milhões de brasileiros têm miopia e a maioria, 53% dos que precisam usar óculos de grau não têm acesso à correção visual.

Na segunda-feira (7) o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, apresenta a partir das 8:30 horas palestra sobre miopia. O médico ressalta que apesar da falsa crença popular, não há comprovação de que deixar de usar óculos possa piorar a miopia, nem que os óculos viciem os olhos. “Quando são retirados a visão fica embaçada porque sem correção visual míopes enxergam mal, salienta. Isso explica  porque a falta de óculos leva à deficiência visual. Para ele a  genética, sem dúvida, é um fator importante no desenvolvimento da miopia, mas fatores ambientais também influem na maior prevalência e evolução.

 

Telas digitais

O oftalmologista afirma que horas em frente à tela do computador, celular ou tablet é uma das variáveis que responde pelo aumento da miopia na infância. Isso porque, um levantamento feito pelo especialista mostra que o prolongado  esforço visual para enxergar de perto faz o olho perder a capacidade de focalizar à distância.

 É a miopia transitória ou acomodativa que pode ser eliminada com mudança de hábito, explica. O tempo máximo preconizado de uso contínuo de dispositivos por crianças é de 2 horas. O problema é que a pandemia de COVID-19 somada ao isolamento social aumentou este tempo. Por isso, na pós pandemia podemos ter mais míopes  do que o previsto, pondera

 

Como controlar a progressão

Queiroz Neto afirma que artigos sobre miopia publicados em diversos países apontam que o controle da miopia em crianças também tem influência do tempo de exposição ao sol. O médico explica este efeito pode estar relacionado à maior produção de vitamina D. Isso porque, nossos olhos têm receptores da vitamina D que melhora o funcionamento do sistema ocular. Banhos de sol diários de duas horas são preconizados, comenta, porque já está comprovado que a luz ultravioleta aumenta a resistência das fibras de colágeno da córnea. O oftalmologista afirma que também há evidências de que a retina tem receptores de dopamina, hormônio do bem-estar produzido durante a exposição ao sol, que também regula o crescimento axial do olho, maior entre míopes

Por paradoxal que possa parecer, comenta, estudo realizado nos EUA com uma lente de contato que provoca miopia periférica sem altera o foco central também pode controlar a evolução da miopia em crianças. O médico ressalta que os problemas de visão não alteram a aparência e a criança nem sempre sabe se enxerga bem. Por isso, a recomendação é consultar um oftalmologista todo início de ano letivo.

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