sábado, 29 de agosto de 2020

Setembro Amarelo: acolher para salvar

 A depressão é o principal fator que leva ao suicídio. Mulheres são mais depressivas e tentam se matar mais que os homens


Dados da OMS, divulgados pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) indicam que 90% dos casos de suicídio poderiam ter sido evitados se a vítima tivesse tido ajuda. Esse número alarmante ganha ainda mais notoriedade durante o próximo mês com a campanha Setembro Amarelo, um alerta para conscientização sobre a prevenção ao suicídio.

Pesquisas indicam que as mulheres tentam tirar a própria vida com mais frequência do que os homens, embora eles se matem mais. A depressão apresenta-se como um dos principais fatores que levam as pessoas ao suicídio. Acompanhada da culpa, ansiedade, medo, humilhação e a sensação de pressão externa.

Além de tentarem se suicidar mais, as mulheres também apresentam mais quadros de depressão que os homens. Dra. Ana Lucia Beltrame, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, alerta para os perigos da depressão feminina. "As alterações hormonais, menopausa, TPM e principalmente o pós-parto causam alterações emocionais importantes que podem cursar para quadros de depressão e ansiedade", enfatiza.

A fase do pós-parto apresenta-se como um fator de risco ainda mais delicado, principalmente em situações em que a mulher não desejava a gravidez ou que já tenham tido depressão em outros momentos da vida.

Segundo Dra. Ana Lúcia, é papel do obstetra orientar a paciente a respeito do pré-natal e do pós-natal. "Nós profissionais temos que acalentar essa paciente, orientar sobre o pós-parto e orientar a família a acolher essa mãe também. É uma pressão muito grande. As mães se sentem classificadas entre as que amamentam e as que não amamentam, as que tem parto normal e as que não tem. Existe um mito do amor materno, uma espécie de conto de fadas, e é como o conto de fadas da amamentação", destaca a médica.

Os dados do CVV, assim como as afirmações da Dra. Ana Lúcia, enaltecem que uma pessoa depressiva dá sinais. E são para esses sinais que a família precisa estar atenta. Os mais frequentes são: tristeza persistente, baixa autoestima, perda de interesse pelas atividades normais, variação de humor e sensação de desamparo.

A campanha Setembro Amarelo foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida, Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria. As pesquisas comprovam a necessidade de médicos e pacientes debaterem mais sobre o tema suicídio.

 



Dra. Ana Lúcia Beltrame - Formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, especializou-se logo em seguida em Ginecologia e Obstetrícia, fazendo residência médica no Hospital das Clínicas, na Universidade de São Paulo. Foi na mesma universidade que Dra. Ana realizou sua pós-graduação como mestra em Ciências, tornando-se especialista na área de Reprodução Humana. Além disso, hoje é especialista em laparoscopia e histeroscopia pela Federação de Ginecologia e Obstetrícia. Dra. Ana participa de congressos internacionais e é Membro da ASRM (American Society for Reproductive Medicine) e da ESHRE (European Society of Human Reproduction and Embriology). Há mais de 15 anos atua na área de reprodução humana, ajudando a formar famílias. Preza pela humanização do seu atendimento e dos partos que realiza e tem a consciência da responsabilidade médica, da orientação e da informação da população.


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