O aleitamento materno traz muitos benefícios.
Segundo o Ministério da Saúde, qualquer criança pode - e deve - se alimentar
apenas do leite materno nos seus seis primeiros meses de vida, e não precisa
comer ou beber nenhum outro tipo de alimento. Assim, a celebração da Semana
Mundial da Amamentação, que vai do dia 01 a 08 de agosto, carrega não só o peso
da informação sobre técnicas e cuidados para as mães na hora de amamentar, mas
evidencia também a necessidade da conscientização sobre a produção e consumo de
alimentos para crianças. Além disso, mostra que é imprescindível a mudança de
postura social no entendimento do assunto, que abrange, entre outros pontos, a
busca pelos direitos e relação das mulheres com o trabalho.
Neste ano, o tema será "Apoiar a amamentação
para um planeta mais saudável". Para a coordenadora da obstetrícia do
Hospital Icaraí, de Niterói, Drª Flávia do Vale, é primordial também pensarmos
no impacto da alimentação infantil no meio ambiente, com a finalidade de
encontrar meios de proteger vidas, promover e apoiar o aleitamento materno,
para melhorar a saúde do planeta e de seu povo. Ela ressalta que amamentar “é
uma decisão também ecológica, com menos impacto no meio ambiente do que o fácil
uso de mamadeiras e fórmulas de leite”.
Confira a entrevista com a Drª Flávia:
Quais os benefícios da amamentação para a mulher e
o bebê?
Drª Flávia do Vale: “Os
lactentes correm um risco maior de morrer devido a diarreia e outras infecções
quando são amamentados apenas parcialmente ou não são amamentados em absoluto.
A amamentação também melhora o coeficiente intelectual e a preparação para a
escola, além de reduzir o risco de câncer de mama nas mães.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda
iniciar a amamentação nos primeiros 60 minutos de vida. O aleitamento materno
como forma exclusiva de alimentação até os seis meses de idade e, de maneira
completar, até os dois anos.”
Até quanto tempo a criança pode ser amamentada?
“Os bebês que são exclusivamente amamentados têm 14
vezes menos probabilidade de morrer do que os que não são amamentados.
Atualmente, no entanto, apenas 41% das crianças de 0 a 6 meses são amamentadas
exclusivamente e só 32% continuam amamentando até os 24 meses.”
Por que ainda é um tabu a amamentação em público?
“Nos dias de hoje, mesmo com toda exposição e
banalização da nudez, ainda é comum ouvirmos relatos de mulheres sofrendo
constrangimento por amamentar em público. Em alguns países isso é altamente
criticado e repudiado, até mesmo proibido. Por isso é importante promover,
apoiar e informar sobre a amamentação, que é um ato natural de alimentar um
bebê. Precisamos quebrar tabus e entender, simplesmente, que, quando a mulher
coloca os seios para fora da blusa para amamentar, ela não está se exibindo se
forma sexual, e que amamentar é um ato biológico do ser humano.”
Como o conhecimento científico deve se sobrepor a
essas barreiras de comportamento social?
“Independentemente de onde o bebê nasça, o leite
materno é ideal para atender às necessidades nutricionais das crianças e
reforçar o desenvolvimento do sistema imunológico. Especialmente nos países em
desenvolvimento, onde a falta de água potável coloca os bebês em risco de
contrair doenças que debilitam gravemente a saúde, aumentar a amamentação pode
impedir mortes maternas e de crianças. Diminui o risco de as mães desenvolverem
câncer de mama, câncer de ovário, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.”
Qual a importância de a mulher estar preparada,
cuidando de sua saúde física e mental, para poder passar um bom aleitamento ao
bebê?
“A rede de apoio a mulher é de suma importância
nessa questão. Apesar de se dizer que amamentar é um ato natural e de instinto,
é também um momento novo, desafiador e de aprendizado para mãe e para o bebê.
Logo, os primeiros dias e semanas são de muito aprendizado e necessita
paciência e treino. É importante apoiar as mulheres nessa fase. Elas estão
cansadas, inseguras, com privação de sono, algumas com dor do pós operatório,
sem contar com as alterações hormonais do pós parto e o corpo que ainda fora de
forma. Tudo isso gera estresse. E, ainda por cima, é muito comum os
“palpiteiros” que dizem como fazer, “não é desse jeito”, “ninguém da nossa
família conseguiu amamentar”, “tadinho, tá morrendo de fome”, e outras tantas
frases batidas. Isso só pressiona a mulher e a deixa mais insegura, não
contribui para o sucesso da amamentação.”
Qual a importância de uma data como a Semana
Mundial da Amamentação?
“Ela tem como objetivo mostrar os enormes
benefícios que a amamentação pode trazer para a saúde e o bem-estar dos bebês e
para a saúde materna, com foco em boa nutrição, redução da pobreza e segurança
alimentar, bem como a proteção e apoio aos direitos das mulheres de amamentar
em qualquer lugar e a qualquer momento.
A cada ano ocorre uma proposta nova. No ano passado
o tema foi “Empoderar mães e pais e favorecer a amamentação. Hoje e para o
futuro!”, com o intuito de incentivar a a promoção de políticas voltadas para a
família, a fim de permitir a amamentação e ajudar os pais a cultivar e se
relacionar com seus filhos no início da vida, quando mais importa.”
Como o debate do tema pode ajudar a educar as
famílias?
“Existe uma necessidade emergente de educar a
sociedade como um todo, pois a criança não é de responsabilidade exclusiva da
mãe. Atualmente, a mamadeira e a alimentação com fórmula estão em alta. A
mulher moderna reclama de falta de tempo, geralmente é sobrecarregada pelos
afazeres domésticos e do trabalho, nem sempre tem uma licença maternidade
garantida e precisa voltar a trabalhar de forma precoce. Por isso, muitas
consideram a facilidade do leite com mamadeira, mas, enquanto isso, esquecem
que o bebê e frágil e precisa e carinho e cuidado.”
Lives
Até a próxima (dia 07/07), o Hospital Icaraí
promove encontros entre médicos para conversas sobre assuntos relacionados ao
tema da amamentação. Além da Drª Flávia, participarão especialistas das áreas
de pediatria, neonatotologia, enfermagem, nutrição e mastologia. As lives
serão sempre às 20h, no perfil @hospitalicarai, no Instagram.
Veja a programação completa:
Segunda - 03/08
Tema: Mitos e verdades da amamentação
Dra Virgínia Gontijo (Pediatra Neonatal) e Helen
Valmont (Gerente de Enfermagem da UTI Neonatal)
Terça - 04/08
Tema: Os desafios da amamentação no prematuro e
após a UTI Neonatal
Dr. Alan Araújo Vieira (Consultor Técnico da UTI
Neonatal da Perinatal no Hospital Icaraí) e Dra. Regina Abreu (Neonatologista)
Quarta - 05/08
Tema: Como a alimentação da mãe impacta no leite
materno?
Ingrid Batista - Nutricionista e Dra. Flávia do
Vale (Coordenadora da Obstetrícia)
Quinta - 06/08
Tema: Amamentação na Prática - os primeiros dias
Maria Patrícia Lima - Enfermeira do Berçário e Dra.
Flávia do Vale (Coordenadora da Obstetrícia)
Sexta - 07/08
Tema: Benefícios da amamentação a longo prazo e
complicações da amamentação
Dra. Raphaela Coelho - Mastologista do INCA e
Dra. Flávia do Vale (Coordenadora da Obstetrícia)
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