Vício no
medicamento é agravado na estação, que tem como característica o tempo seco
A chegada do inverno, em 20 de junho, amplifica a
ocorrência de problemas de saúde relacionados ao tempo seco, característico da
estação. De acordo com o otorrinolaringologista do Hospital Paulista Arnaldo
Guilherme Braga Tamiso, a baixa umidade e o tempo frio são responsáveis por
aumentar o uso de descongestionantes nasais, de forma desregulada e não prescrita
por médicos. Os efeitos colaterais podem ser muito piores que o mal pelo qual
busca-se combater.
“Arritmias cardíacas e elevação da pressão são
muito comuns em pessoas que usam por longo período o descongestionante nasal.
Assim, aumentam-se os índices de infarto e os picos de pressão alta, para quem
já têm predisposição. O descongestionante faz bem na hora do uso, mas cobra um
preço caro para isso”, explica o médico.
Tamiso ressalta ainda que o índice de dependência
relacionado ao uso de descongestionante nasal é muito alto. Seu uso sem
qualquer prescrição e acompanhamento médico faz com que o paciente recorra ao
medicamento sempre que sentir o nariz congestionado, aumentando cada vez mais
seu uso e reduzindo sua eficácia.
“A principal consequência é o efeito rebote.
Durante as oito horas após o uso do remédio, o nariz fica livre para respirar,
mas, quando isso passa, ocorre um efeito rebote. Ou seja, a carne esponjosa
fica maior do que ela era antes. Esse efeito rebote, a longo prazo, faz com que
o paciente tenha de recorrer a um processo cirúrgico. É o que acontece com a
maioria dos pacientes viciados em descongestionante”, completa.
Acompanhamento médico
O médico do Hospital Paulista explica que o nariz
pode ser comparado a uma máquina que funciona úmida. Quando a umidade do ar
diminui abaixo de 40% – como geralmente ocorre no outono e no inverno –, o
nariz começa a inflamar-se. Algumas pessoas têm uma predisposição a esse quadro
e desenvolvem a rinite sazonal, característica destas estações.
“No entanto, a grande maioria das pessoas apresenta
esse quadro inflamatório mesmo sem ter rinite. Ou seja, o nariz inflama, fica
mais entupido e irritado”, afirma. Justamente para não recorrer a medicamentos
sem prescrição e acompanhamento, o ideal é que o paciente procure um
otorrinolaringologista. E como saber se o desconforto no nariz chegou a um
estágio que requer auxílio médico?
“Quando a obstrução e a dificuldade de respirar não
duram apenas um ou dois dias. Ou seja, quando se trata de um problema
duradouro, que impede uma respiração adequada por um período de 10, 15 dias,
ainda que seja intercalado por leves melhoras. Esse paciente precisa procurar
um otorrino, pois, a longo prazo, torna-se um processo crônico, que pode
envolver outras doenças associadas à má respiração pelo nariz”, completa.
Tratamentos
O tratamento para os pacientes viciados em descongestionante nasal dependerá da extensão do dano. Ou seja, será determinado de acordo com o tempo em que a pessoa faz uso do medicamento para aliviar o nariz congestionado.
“Se o vício começou há pouco tempo, ainda é
possível reverter. Fazemos o ‘desmame’ e usamos corticosteroides como
medicação. No entanto, nos casos crônicos, geralmente com uso superior a três
meses, somente o processo cirúrgico resolve”, explica.
Para aliviar os efeitos do tempo seco no inverno, a recomendação é aplicar soro fisiológico no nariz com frequência. Dentro de casa, use aparelhos para umidificar o ar ou deixe bacias com água espalhadas pela casa. Além disso, beba bastante água, pois as temperaturas frias da estação naturalmente reduzem o consumo de líquidos.
Para aliviar os efeitos do tempo seco no inverno, a recomendação é aplicar soro fisiológico no nariz com frequência. Dentro de casa, use aparelhos para umidificar o ar ou deixe bacias com água espalhadas pela casa. Além disso, beba bastante água, pois as temperaturas frias da estação naturalmente reduzem o consumo de líquidos.
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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