Exaustão extrema. Essa é a principal característica
da síndrome de burnout. Classificada como doença pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), ela afeta fisicamente, emocionalmente e
mentalmente o indivíduo. Também conhecida como a
Síndrome do Esgotamento Profissional, a resposta dessas três principais
dimensões são o sentimento de desinteresse pelo trabalho, além de uma sensação
de ineficácia e falta de produtividade.
“Embora, inicialmente, tenha sido associada a
profissionais ligados a um estresse elevado diariamente, como médicos,
bombeiros, enfermeiros e policiais, hoje, sabemos que essa síndrome pode
impactar a vida de trabalhadores que atuam em quaisquer áreas”, explica a psicóloga
Nayara Teixeira, gerente técnica na MAPA Avaliações.
Segundo ela, a doença é recorrente em pessoas que
possuem perfis de trabalho workaholics (trabalhador compulsivo),
que, por se esforçarem muito, se esquecem de momentos de descontração ou outras
atividades do dia a dia. “São profissionais em estado de alerta constante.”
Apesar de estar muito associada ao ambiente de
trabalho, a síndrome pode surgir diante de tarefas excessivas, em outros
âmbitos da vida, que exijam esforço físico, mental ou emocional, seguido de
escassas ocasiões de relaxamento. Pesquisas e artigos publicados pela Harvad
Business Review apontam quem em momentos de tantas adaptações, isolamento
social e incertezas sobre o cenário, como o que o mundo vive atualmente, o
risco de desenvolver a síndrome de burnout aumenta e o alerta sobre a doença
deve ser redobrado.
Pessoas que levam jornadas duplas como mães ou pais
que precisam focar no trabalho e, ao mesmo tempo, nas tarefas de casa, devem
redobrar a atenção em relação aos sintomas da doença. “Devemos estar atentos,
principalmente durante a pandemia, onde ocorre a sobrecarga de trabalho em
muitos lares brasileiros”, ressalta a psicóloga.
Entre os sintomas podem ser destacados o
sentimento de incapacidade, esgotamento físico e mental, angústia, ansiedade,
problemas de sono, nervosismo, tonturas, cansaço excessivo e até mesmo
pensamentos suicidas. “É importante também mencionar outros sintomas como
enxaqueca, hipertensão, crises de asma, dores musculares, palpitações,
gastrite, entre os incômodos. Muitas pessoas não percebem que se trata de algo
que vai além de indisposições emocionais”, alerta.
Burnout, estresse e depressão
Por ser muito parecida com a depressão e o
estresse, a síndrome de burnout pode facilmente ser confundida por apresentar
sintomas similares. “Por isso, é muito importante se atentar aos sintomas e às
diferenças entre elas”, ressalta a especialista.
Ainda de acordo com ela, o estresse
pode ser entendido como um estado de tensão emocional que produz um estado
psicológico desagradável, ocasionado como uma resposta física e psicológica a
tudo que a pessoa sente por estar sobrecarregada, mas não necessariamente irá
desencadear a síndrome de burnout. “Quem é estressado tende a relaxar e
descontrair após passar pela situação crítica”.
O burnout é ocasionado quando a
pessoa se sente estressada e sobrecarregada por muito tempo, mesmo quando não
está diante de uma situação crítica. Além de se sentir frustrada e exausta em
relação ao trabalho desempenhado, com o tempo, pode se estender a outras áreas
da vida, ocasionando a depressão. “A pessoa depressiva
apresenta sentimentos de infelicidade com relação à vida como um todo e não
somente em uma área”, define a psicóloga.
Diagnóstico e tratamento
A melhor forma de prevenir a
síndrome de burnout é utilizar estratégias que diminuam o estresse como, por
exemplo, aproveitar momentos de lazer, criar opções para se divertir e distrair
os pensamentos, praticar atividades físicas, meditar, reorganizar as tarefas do
dia a dia, se cobrar menos e entender que erros fazem parte da rotina.
“O descanso adequado é essencial. Manter uma boa noite de sono, por exemplo, é
um ritual super importante na prevenção da síndrome”.
O diagnóstico deve ser prescrito por
um profissional, após análise clínica do paciente. O tratamento é feito com
psicoterapia, podendo ser necessário, em alguns casos, o uso de medicamentos
indicados pelo profissional ou o afastamento temporário da rotina de trabalho.
“Em resumo, o burnout é um distúrbio psíquico
causado por condições desgastantes, que geralmente demandam muita
responsabilidade, e prejudica os aspectos físicos e emocionais do ser humano. É
de extrema importância ressaltar, que ao identificar qualquer sintoma, é
necessário buscar ajuda médica”, finaliza.
MAPA
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