A
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lança nesta segunda-feira (17) uma
cartilha com foco nos profissionais da saúde que atuam na linha de frente de
combate à Covid-19. Trata-se de um conjunto de orientações para que médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e equipes de apoio
reforcem seus cuidados com o manuseio de equipamentos de proteção individual
(EPIs) e com o próprio corpo, evitando-se, assim, o risco de contaminação pelo
coronavírus e aumentando a percepção de bem-estar individual.
O
documento, que já se encontra disponível para download no site da SBD, será
encaminhado para todos os conselhos profissionais e sociedades de especialistas
para que façam a distribuição entre seus membros. Por uma questão de agilidade
e economia, optou-se pela divulgação do trabalho em formato digital, o que
permitirá que mesmo por plataformas de troca de mensagens chegue às equipes que
estão nos serviços de saúde.
O
texto apresenta uma série de recomendações e ações preventivas para médicos e
trabalhadores da saúde no que se refere ao uso adequado de máscaras e óculos de
proteção, entre outros. Também destaca cuidados que cada profissional deve
adotar para evitar a contaminação pelo coronavírus e para preservar a pele,
cabelos e unhas de desgastes devidos ao uso recorrente de EPIs e mesmo de
produtos de higiene e limpeza.
Números - A
iniciativa da SBD tem pertinência no contexto de aumento significativo do
número de contaminados pelo novo coronavírus nas equipes. Dados do Ministério
da Saúde, anunciados na quinta-feira (14), informavam a existência de 31.790
profissionais de saúde infectados. Além deles, 114.301 testes para a doença
aguardavam resultados.
O
levantamento tem sido feito por meio de um sistema específico, em que as
unidades de saúde, notificam casos de profissionais com quaisquer sintomas de
gripe. De acordo com os registros, técnicos e auxiliares de enfermagem lideram
a lista das categorias com mais contaminados (68.250). Em seguida, aparecem
enfermeiros, 33.733; médicos, 26.546; recepcionistas, 8.610; outros agentes de
saúde, 5.013; agentes comunitários, 4.917, entre outras profissões.
São
Paulo, epicentro da doença no país, está no topo da lista de estados com mais
profissionais com suspeita (65.507) e infectados (14.831). No Rio de Janeiro,
há 29.413 casos em investigação e 4.451 confirmados. Além dos times em atuação,
o Ministério da Saúde informa que o programa Brasil Conta Comigo, que capacita
profissionais para o enfrentamento à pandemia e identifica voluntários para
irem a campo, já recebeu cerca de 500 mil inscrições das 14 áreas da saúde.
Dentre eles, estão cerca de 30 mil médicos.
Rotinas -
As orientações – elaboradas pelo coordenador do Departamento de Medicina
Interna da SBD, Paulo Ricardo Criado – são úteis na medida em que ajudam
médicos e outros profissionais da saúde a incorporarem em suas rotinas atitudes
que estimulam o autocuidado, amplificam a percepção de conforto e evitam o
surgimento de sinais e sintomas indesejados, além de reforçar a prevenção
contra a Covid-19. Com o documento, a SBD se solidariza com as equipes,
oferecendo-lhes informação e compartilhando conhecimento, destaca o autor.
“As
sugestões englobam questões relacionadas à higiene pessoal, como o uso de
aplicação de álcool em gel (65%-70%) nas mãos. Também são reforçadas
recomendações sobre a etiqueta adequada ao espirrar ou tossir (colocar a parte
interna do cotovelo ou um tecido na frente das vias aéreas - nariz e boca) e
sobre a necessidade de manter distância de pelo menos de um metro de pessoas
com sintomas respiratórios”, destacou Cláudia Alcantara, secretária da SBD, que
acompanhou a elaboração do documento.
De
modo específico, aos profissionais que trabalham na linha de frente de combate
à Covid-19, a SBD recomenda que o uso das máscaras deve ser precedido de
cuidados na hora de colocá-las. O artigo adverte ainda que o uso de máscaras do
tipo N95 ou FFP2 por períodos maiores que quatro horas pode causar desconforto
e deve ser evitado.
Pesquisas
realizadas na China mostram que médicos e profissionais da saúde relatam
sintomas como queimação, prurido ou pinicação na pele após o uso prolongado de
EPI, no contexto de combate à Covid-19. Os padrões mais relatados de erupções
foram ressecamento da pele ou descamação, pápulas e eritema (vermelhidão), além
de maceração.
Cuidados específicos – Para reduzir o desgaste decorrente do uso de EPIs e de
álcool na desinfecção das mãos, a SBD sugere que os profissionais façam, por
exemplo, a aplicação de cremes específicos após cada higienização. Em caso de
permanecer com luvas por tempo prolongado, deve-se aplicar emolientes contendo
ácido hialurônico, ceramida, vitamina E ou outros ingredientes reparadores.
Com
relação ao uso de máscaras faciais e óculos de proteção por tempo prolongado,
sugere-se a aplicação de hidratantes, loções cremosas, cremes em peles secas ou
géis em peles acneicas ou oleosas antes de colocar o EPI. “Milhares de médicos
e demais profissionais da saúde estarão diretamente envolvidos no atendimento
das vítimas de Covid-19. Cuidar para que esse grupo saiba como se proteger e
ter maior bem-estar é fundamental. Com esse documento, que faremos chegar aos
nossos colegas de todo o país, a SBD reforça seu papel nesta batalha contra o
coronavírus”, disse o presidente da SBD, Sergio Palma.
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