“Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi
um dia.” Essa alusão à música do cantor brasileiro Lulu Santos é para destacar
que a pandemia do novo coronavírus já tem deixado esse aspecto muito claro,
seja nas empresas seja nas relações pessoais. Afinal, é uma fase em que tudo
tem sido questionado, desde processos, modus operandi, relações comerciais até
mesmo metodologias ou modelos de trabalho. A palavra disrupção, que era um
jargão corporativo, nunca esteve tão em evidência na prática. Os negócios estão
sendo questionados, e-commerce e delivery despontaram, e outras formas de
consumo estão surgindo.
A maioria das pessoas está confinada dentro de
casa, muitas vezes, trabalhando no modelo de home office. Com isso, o uso das
tecnologias e plataformas digitais foi impulsionado para viabilizar os
relacionamentos com líderes, liderados, pares ou mesmo clientes. Assim, a
grande pergunta que todos têm feito é: o que mudará após esse período no âmbito
das organizações? Os impactos ainda são incalculáveis. Todavia, para o Brasil,
que já estava, desde 2015, em uma crise latente, haverá reflexos maiores,
exigindo das lideranças competências e habilidades diferenciadas.
Se funciona, já está obsoleto! A crise da saúde em
que estamos globalmente inseridos mostrou, de forma clara, que as empresas que
possuem uma cultura de poder e controle foram as mais afetadas no início e
durante esta pandemia. Por terem uma gestão mais centralizada, não oferecem um
ambiente propício para ideias criativas e ousadas. Já as corporações com boas
práticas de talent management (gestão de pessoas) e, ao mesmo tempo,
mais digitalizadas, conseguiram migrar seus funcionários para o modelo de
atuação home office, por exemplo, mantendo a mesma entrega de
resultados.
Isso significa que aquelas empresas que
sobreviverem à crise atual terão, certamente, uma mudança de mindset,
com mais foco em performance do que em controle de horas trabalhadas. Além
disso, o momento é propício para que os gestores identifiquem novos líderes
situacionais, ou seja, aquelas pessoas que não estão em posição de liderança
hoje, mas têm despontado com ideias criativas, simples, ousadas e assertivas,
características que diferenciam um bom profissional do profissional mediano.
Nesse cenário, o líder precisa ser curioso na busca
por proposições não usuais e fomentar esse mesmo mindset em seu
time, proporcionando um clima de cooperação e cocriação. Dessa forma, as ideias
fluem com mais naturalidade, contribuindo para criar um ambiente propício para
geração de novas soluções. Não é uma tarefa fácil, pois é preciso orquestrar
interesses diversos, lidando com pessoas, projetos e processos. A Singularity
University, centro de estudos do Vale do Silício, delineou, recentemente, seis
competências primordiais do líder do futuro: futurista, inovador, tecnologista,
humanitário, antropólogo e curioso.
Como já sabemos, o futuro é agora, e é necessário
que o líder, de fato, tenha essas habilidades ou serão os próximos a serem
substituídos. Neste mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, também
conhecido como “Vuca”, tudo tem se transformado de maneira acelerada, com novas
crises, novos concorrentes, novas tecnologias e novos desejos dos consumidores.
Tudo isso exige que as lideranças estejam atentas às tendências e às mudanças.
Afinal, quem previa que uma pandemia como a que estamos vivenciando
literalmente pararia o mundo?
Em função disso, as empresas estão revisando planos
estratégicos, estruturas e a forma como deverão caminhar daqui para frente, bem
como aprimorando o olhar em busca dos novos talentos. Ao mesmo tempo, é preciso
criar ações para o pós-pandemia. Depois de um longo período de isolamento
social, muitos funcionários podem retornar às organizações, angustiados, depressivos,
ansiosos ou já habituados com outra rotina de trabalho. Será primordial uma
atuação muito bem orquestrada entre todas as áreas da organização. E já que o
futuro é hoje, seja um líder, independentemente da posição em que você esteja.
Para isso, busque se conhecer profundamente. Quando o profissional consegue
entender seu papel na sociedade, na família e na empresa, consequentemente,
poderá estar mais alinhado ao seu propósito de vida e, de fato, construir um
belo legado.
David Braga - CEO, Board
Advisor e Headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos
de média e alta gestão, que atua em todos os setores da economia na América
Latina, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte.
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