Período de
isolamento fez aumentar em 60% os casos de incêndio no estado de São Paulo,
reforçando a importância dos cuidados com os produtos inflamáveis
Em março de 2020 foram registradas 4.089
ocorrências de incêndio no estado de São Paulo. No mesmo período do ano passado
ocorreram 2.560 casos. O crescimento de 60% no número de casos de
incêndio em residência se dá em especial pela presença maior das pessoas em
casa, devido ao isolamento por conta do coronavírus.
O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias em
Engenharia de São Paulo (Ibape/SP), em parceria com o Corpo de Bombeiros,
lançou no ano passado a atualização da Cartilha de Prevenção e Combate ao
incêndio no seminário "Vistoria em Sistema de Proteção e Combate a
Incêndio". O material traz orientações e cuidados para todos os tipos de
imóveis e é um importante guia para proprietários, moradores, profissionais
técnicos e administradores de condomínios que podem ser utilizados nesse
momento em que as pessoas se encontram mais tempo em casa.
O Eng. Civil e de Segurança do Trabalho Cassio
Roberto Armani, separou alguns pontos de atenção para a prevenção de incêndios
em casas, apartamentos e outros espaços:
1. Líquidos inflamáveis e
fontes de ignição
As residências em geral possuem materiais de
limpeza, que são inflamáveis, tais como: álcool, removedor, desengraxante em
aerossol, thinner etc. Além disso, devido à pandemia provocada pelo Covid-19,
tornou-se comum as pessoas utilizarem o álcool gel 70° para fins de assepsia. O
que muita gente não sabe é que este tipo de álcool possui uma concentração
maior (70%) que álcool líquido encontrado em supermercados (46%). Portanto, o
álcool gel quando queima, mantém a chama e pode causar acidentes muito graves.
Outro ponto importante é que a chama do álcool produz uma chama incolor a
fumaça não é visível. Assim, você imaginar que o álcool esteja apagado, mas na
verdade ele ainda pode estar queimando. O que não se deve esquecer é que para
ter uma chama é necessário além do combustível e do ar (oxigênio) é necessário
haver uma fonte de calor. Ao cozinhar, por exemplo, temos o contato com
fósforos ou estamos perto da chama do fogão a gás. Os acidentes com o álcool
podem resultar em queimaduras tão extensas, que a pessoa pode perder a vida ou
ficar com cicatrizes muito grandes.
2. Instalações elétricas
inadequadas
A energia elétrica é fundamental para a iluminação
e o funcionamento de diversos eletrodomésticos. Ocorre que nas edificações as
instalações elétricas são dimensionadas para um determinado número de lâmpadas,
chuveiros, aparelhos de ar condicionado e demais equipamentos de utilidade. Os
usuários, muitas vezes, resolver fazer adaptações para uma quantidade maior de
equipamentos elétricos, o que pode levar a um superaquecimento das fiações
elétricas, plugues ou tomadas, causando os incêndios. Isto é muito comum quando
se empregam os chamados “T” ou benjamins, por meio dos quais vários utensílios
são ligados ao mesmo tempo. Recentemente o IBAPE-SP produziu uma cartilha
orientativa bastante útil para os síndicos e condôminos.
3. Falta de atenção ao
cozinhar
Nos períodos de almoço e de jantar há um aumento no
número de incêndios no Estado de São Paulo, devido à falta de atenção com
panelas ou fornos que são esquecidos ligados. O próprio óleo que é utilizado em
certos alimentos pode superaquecer, produzindo chamas altas que destroem a
cozinha a até um apartamento ou casa. Outro tipo de acidente que pode acontecer
é uma pessoa jogar água numa panela com óleo queimando. A água não se mistura
com o óleo e a reação quando ela é jogada sobre o óleo ou gordura em chamas é
violenta, uma vez que a água ferve instantaneamente e o óleo é jogado sobre a
pessoa. A ação mais adequada é usar uma tampa grande sobre a panela ou um
cobrir com pano de prato úmido bem torcido.
4. Instalações inadequadas de
gás de cozinha
As instalações prediais de gases combustíveis, seja
o gás liquefeito de petróleo (GLP), seja o gás natural, requerem certos
cuidados que vão desde o projeto, a instalação bem executada, a requerida
manutenção até o emprego correto de utensílios. Os cilindros possuem normas
rigorosas, mas os acidentes ocorrem devido ao vazamento do gás em locas
confinados. Portanto, os recipientes de gás não podem ser instalados em locais
fechados, pois em caso de vazamento não há ventilação adequada. Alguns cuidados
simples podem evitar acidentes graves. Fechar o registro se a casa ou
apartamento ficarem fechados por longo período, não deixar a mangueira flexível
encostada nos fogões ou fornos, verificar sempre se todos os registros do fogão
estão bem fechados. A manutenção do sistema também é essencial, portanto, é
necessário que um profissional habilitado efetue inspeções periódicas. Em caso
de um vazamento, se possível feche o registro, retire as pessoas das
proximidades, abra janelas e portas, não ligue ou desligue interruptores e
acione o Corpo de Bombeiros (193). Em caso de incêndio, desligue a chave geral
de eletricidade somente se ela estiver fora da residência, abra portas e
janelas; se possível, feche o registro do gás, afaste as pessoas do local, não
acione interruptores de eletricidade e acione o Corpo de Bombeiros (193).
5. Cuidados com as crianças
Em razão da pandemia as crianças estão permanecendo
mais tempo em casa e buscam brincadeiras para driblar o isolamento social. É
importante a supervisão dos pais para que não fique ao alcance delas fósforos,
isqueiros e velas, o que pode ser usado indevidamente e ocasionar um incêndio.
Sobre o Ibape/SP
O INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE
ENGENHARIA DE SÃO PAULO – (IBAPE/SP) – Filiado ao IBAPE – Entidade Federativa
Nacional – órgão de classe formado por Engenheiros, Arquitetos e Empresas
habilitadas que atuam na área das AVALIAÇÕES, PERÍCIAS DE ENGENHARIA, INSPEÇÕES
PREDIAIS E PERÍCIAS AMBIENTAIS no Estado de São Paulo, fundado em 15 de janeiro
de 1979. Trata-se de entidade sem fins lucrativos com o objetivo congregar tais
profissionais para intercâmbio e difusão de informações e avanços técnicos.
Defende, ainda, interesses profissionais e morais dos seus associados e visa o
aprimoramento profissional nas áreas afetas, realizando cursos, seminários,
workshops, palestras, reuniões técnicas, livros, artigos e normas.
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