Mês de conscientização do câncer cerebral
Herança genética, síndromes de predisposição ao câncer e exposição à
radiação são fatores de risco. Importante ter atenção aos sinais de alerta e
saber que a doença pode ter cura
A cor do mês de
maio é cinza para conscientizar toda a sociedade sobre o câncer de cérebro e a
importância do diagnóstico precoce. Embora não seja uma doença frequente –
corresponde cerca de 2% dos tipos de câncer – é potencialmente grave, já que
atinge um órgão fundamental no controle das funções do corpo humano. A
estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de 11 mil casos novos
anualmente. “Não existem exames preventivos ou de rotina para se detectar
precocemente um câncer de cérebro. Assim, é importante ter atenção aos
sinais de alerta; e o primeiro deles é a dor de cabeça, que atinge entre 30
e 70% dos doentes”, aponta o neurocirurgião Victor Vasconcelos. Segundo o
médico, as cefaleias são comuns e, claro, não são todas que indicam o câncer.
“Além de fortes, as dores podem estar associadas a náuseas e vômitos, crise
convulsiva, sonolência, alterações de equilíbrio, de visão ou de audição,
alterações da fala ou da capacidade intelectual, ou seja, compreensão e até
reconhecimento de pessoas”, esclarece.
Dr. Victor conta
que muitas vezes, o diagnóstico ocorre na
emergência, quando os pacientes procuram ajuda médica após uma crise de dor de
cabeça muito forte associada a um desmaio ou um episódio convulsivo. “Por isso
insistimos na questão da atenção com os sinais de alerta precoces e o Maio
Cinza se faz importante para chamar a atenção e alertar a população”, comenta.
O neurocirurgião Marcelo Sabbá também diz que os tumores que se
desenvolvem no cérebro podem ser primários, quando as células cancerígenas são
originárias do próprio tecido cerebral, ou secundários, quando ocorre em razão
de metástase de outro câncer, como o de mama, pulmão e pele. “Os tipos
secundários são os mais frequentes”, afirma. Além disso, podem ser
diferenciados entre benignos ou malignos. “No primeiro caso, as lesões têm
crescimento lento, podem causar sintomas com evolução gradual e,
frequentemente, podem ser acompanhados por exames de imagem periódicos ou
tratados com cirurgia. Já o crescimento dos tumores malignos é mais acelerado,
podem causar mais sintomas e, geralmente, demandam de tratamento cirúrgico
associado às demais modalidades de tratamentos complementares, como
quimioterapia e radioterapia”, explica o médico.
E a pergunta que fica é: o câncer de cérebro tem cura? Os
neurocirurgiões afirmam que é possível curar tumores cerebrais dependendo do
seu tipo específico. Tumores benignos removidos por cirurgia ou alguns tipos de
tumores malignos muito sensíveis ao tratamento de quimioterapia ou radioterapia
podem ser curados. “Mas há tipos de tumores sem cura, porém podem ser
controlados por períodos variáveis”, dizem. Quando há necessidade de cirurgia,
o risco de sequelas depende da localização e do tamanho do tumor, da sua
infiltração no tecido cerebral e da malignidade. “Diversas tecnologias em
neurocirurgia, como monitorização intraoperatória e métodos minimamente
invasivos, estão disponíveis para diminuir o risco de sequelas do ato
cirúrgico. Nos tratamentos complementares, modalidades de quimioterapias e de
radioterapias com fracionamento de doses e delimitação mais precisa de área a
ser tratada têm sido desenvolvidas recentemente, reduzindo os efeitos
colaterais do tratamento”, ensina Dr. Victor.
Fatores de risco
Quarentena e isolamento social: uso do celular
aumenta o risco?
Em tempos de quarentena e isolamento social, o uso de smartphones e
celulares aumentou visivelmente entre a população. O uso da tecnologia
disponível por meio desses dispositivos está inserido na rotina das pessoas
para compras, trabalho e lazer. “O uso de aparelho celular vem sendo bastante
estudado como fator de risco para surgimento de tumores no cérebro, entretanto
sua associação ainda não está comprovada. Nenhuma pesquisa conseguiu comprovar
e nem descartar essa relação. E há muita discussão científica sobre isso”,
comenta o neurocirurgião Marcelo Sabbá. “Além
das síndromes genéticas relativamente raras, como a neurofibromatose, e as
síndromes de predisposição ao câncer, conhecidas como o Li-Fraumeni, o único
fator de risco comprovado para os tumores cerebrais primários é a exposição à
radiação ionizante”, completa o neurocirurgião Victor Vasconcelos.
Victor Vasconcelos - neurocirurgião especializado
em patologias do crânio e da coluna, com ênfase no tratamento de tumores
cerebrais e neurocirurgia minimamente invasiva. É especializado pela
universidade americana (Ohio State University) em cirurgia endoscópica
minimamente invasiva. Atua como neurocirurgião do Hospital Boldrini, da
Funcamp, e do Instituto Radium de Oncologia. Ele compõe o corpo clínico
credenciado para cirurgias em hospitais referência de Campinas e de São Paulo e
é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Marcelo Sabbá - neurocirurgião
com atuação em neuro-oncologia, Microcirurgia Vascular, tratamento da dor,
patologias da coluna vertebral, além de procedimentos minimamente invasivos no
cérebro e na coluna. Realizou especialização em neuro-oncologia na Cleveland
Clinic, além de pós-graduação no Hospital Sírio-Libanês. Atua como
neurocirurgião assistente no Hospital Boldrini e Instituto Radium de Oncologia.
É membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e da Society
for NeuroOncology Latin America (SNOLA).
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