quarta-feira, 29 de abril de 2020

Imunoterápico é nova ‘arma’ aprovada para tratamento do câncer de esôfago metastático no Brasil


Aprovação de medicamento é a novidade para mês de conscientização desse tipo de tumor


Abril é o mês de conscientização do câncer de esôfago (tubo que liga a garganta ao estômago), o sexto tumor mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres no Brasil, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) são, aproximadamente, 11.400 casos novos registrados anualmente no país. E uma novidade para tratar a doença foi aprovada em 23 de março de 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o medicamento Pembrolizumabe. “A droga é uma medicação imunoterápica, ou seja, que não atinge diretamente as células tumorais, mas estimula nosso sistema imune a combatê-las. Por conta dessa ação indireta, os efeitos colaterais desse tipo de terapia costumam ser menos frequentes e mais toleráveis para os pacientes. E sabemos que nos últimos anos a imunoterapia vem sendo aprovada para diversos tumores, revolucionando a Oncologia”, afirma Rafael Luís, oncologista do Grupo SOnHe- Sasse Oncologia e Hematologia.

Os principais fatores de risco para o câncer de esôfago são o consumo excessivo de álcool e o tabagismo, além de, mais recentemente, a obesidade ter passado a compor a lista. Tais doenças predispõem a lesão repetida da mucosa esofágica, aumentado a frequência de mutações das células locais e, consequentemente, a incidência de neoplasias malignas. “Quando localizado, o tratamento envolve cirurgia com ou sem combinação de radioterapia e quimioterapia. No caso da doença avançada, a terapia é baseada em quimioterapia, muitas vezes em combinação ou isolada, havendo um número limitado de opções para uso. Além disso, essas drogas promovem uma eficácia limitada com toxicidades elevadas. Por isso, foi muito importante essa aprovação da Anvisa, do uso do Pembrolizumabe para esses pacientes”, explica o oncologista.

No caso do câncer de esôfago, a aprovação da Anvisa foi para pacientes com tumores metastáticos, localmente avançados ou recorrentes, com doença em progressão após 1ª linha de tratamento e que tivessem expressão da proteína PD-L1 CPS ≥ 10%, um indicativo de maior resposta à imunoterapia. “O estudo que serviu de base para a decisão comparou quimioterapia-padrão de 2ª linha com Pembrolizumabe, e mostrou uma redução de 31% no risco de morte, com significância estatística, aumentando em quase três meses a sobrevida global mediana dos indivíduos com PD-L1 CPS ≥ 10%. Isso levou a mais que o dobro de pacientes permanecerem vivos após 18 meses. Importante destacar que a qualidade de vida foi melhor e os eventos adversos, menos frequentes nos pacientes que utilizaram Pembrolizumabe, incluindo os graves”, explica Dr. Rafael.

Para o médico, a aprovação da droga é mais um avanço proporcionado pela imunoterapia, agora para o tumor de esôfago, e que deve beneficiar muitos pacientes, trazendo não só mais tempo, mas também mais qualidade de vida. “Reforçamos que a vida saudável é, muitas vezes, consequência de hábitos saudáveis, portanto, evitar álcool em excesso, não fumar, manter uma dieta balanceada e um peso adequado são grandes passos para a prevenção do câncer de esôfago”, alerta o oncologista.






Rafael Luís - mestre em oncologia pela Unicamp. Tem graduação e residência em Clínica Médica e Oncologia clínica também pela Unicamp. Realizou Fellowship no MD Anderson Cancer Center Madrid. É membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO). Rafael faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Instituto Radium de Campinas, no Hospital Santa Tereza, Hospital Madre Theodora e na Santa Casa de Valinhos.



Grupo SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia
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