segunda-feira, 2 de março de 2020

Crescem casos de demência na terceira idade e a ajuda psicológica entre pacientes e familiares


 A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência na terceira idade e até 2025 deve acometer 34 milhões de pessoas no mundo


O envelhecimento é um processo tão natural como esperar que uma criança a partir de um ano de idade comece a dar os primeiros passos, e a diferença entre ambos é uma história de 60, 70 anos. Acompanhando toda essa bagagem de vida vêm as limitações naturais de aspectos físicos, psicológicos e algumas doenças que estão se tornando mais comuns devido ao aumento da expectativa média de vida, como os transtornos neurocognitivos ou demência.


Dados do IBGE apontam que em 2050 as pessoas com mais de 60 anos vão representar 29,3% da população no Brasil, e a expectativa média de vida do brasileiro passará dos atuais 75 anos para 81. Hoje, a demência atinge, aproximadamente, 5% da população com idade acima de 65 anos e 20% daqueles com mais de 80 anos.

Usualmente associada ao processo de envelhecimento, a demência é uma doença caracterizada por prejuízos cognitivos que afetam inicialmente a memória, a noção de tempo e espaço, o raciocínio e a capacidade de julgamento. Nos estágios mais avançados, apresenta um comprometimento severo das capacidades cognitivas aproximando-se da dependência total.

“O impacto da demência afeta significativamente a família do idoso, principalmente o familiar designado como cuidador, aquele que se torna responsável por toda rotina de cuidado”, observa Bruno Leonel Mendes de Abreu, psicólogo do Residencial Santa Cruz, moradia para pessoas com mais de 60 anos.

Tipo mais comum de demência, a doença de Alzheimer é a quarta causa mais frequente de morte em países desenvolvidos. Em 2025, a projeção é de que o Alzheimer atinja 34 milhões de pessoas no mundo, sendo a maioria em países em desenvolvimento, devido ao envelhecimento dessas populações por um período mais longo.

"Tratar, estar ao lado, de alguém com Alzheimer é lidar com o declínio das funções cognitivas, algumas delas resistentes a longo prazo, como habilidades práticas e motoras, fatos profissionais, informações autobiográficas e conhecimento semântico (vocabulário, leitura oral, compreensão da linguagem). Já outras, como o aprendizado de informações não familiares, expressão da linguagem (nomeação), conteúdo abstrato e “lembrar de recordar”, deterioram-se mais rapidamente com a idade”, explica o psicólogo do Residencial Santa Cruz, cujo atendimento psicológico é estendido aos familiares dos residentes que têm algum tipo de demência, seja de forma individualizada ou palestras relacionadas ao tema.

Os benefícios do apoio psicológico vão além da avaliação das capacidades cognitivas do enfermo, estendem-se para a reabilitação com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e familiares. Trata-se ainda de conscientizar o paciente a respeito de suas capacidades e potencializar o aproveitamento das funções, de forma total ou parcialmente preservadas, através de estratégias compensatórias, aquisição de novas habilidades e a adaptação às perdas permanentes.

“As adversidades do cuidado levam, em diversos momentos, os familiares a abdicarem de si em prol do cuidado do outro. Nesse momento é essencial estar atento na dinâmica familiar e na detecção do fenômeno do estresse das pessoas mais próximas aos afazeres do demenciado, prevenindo e promovendo cuidados tanto aos idosos quanto aos seus familiares”, avalia Bruno Leonel Mendes de Abreu.

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