No
relato bíblico sobre as pragas que assolaram o Egito, observamos padrões de
comportamento muito semelhantes aos adotados nestes últimos dias. A história
revela que o Faraó, mesmo tendo sido alertado por diversas vezes, foi incrédulo
e não agiu de acordo com as “instruções” que permitiriam, além da libertação do
povo de Israel, a preservação de seu povo e de sua própria vida.
Embora a
ciência reclame provas sobre os fatos narrados nas escrituras ou tente provar
por si mesma que os acontecimentos foram fenômenos naturais em função da não
preservação ambiental, o objetivo deste artigo é revelar - com base na história
- as consequências, muito próximas ao que estamos vivendo hoje, em função do
padrão de incredulidade e “rápido” esquecimento adotado, à época pelo Faraó e
hoje pelo povo, face às advertências reveladas por quem possui autoridade.
Rio em
sangue, rãs, piolhos, moscas, morte do gado, sarnas, úlceras, fogo, gafanhotos,
trevas espessas e a morte de todos os primogênitos, pode parecer algo surreal,
mas temos visto que pode ser até pior. A intenção não é criar pânico, mas sim
mostrar que é possível tomar decisões e atitudes simples que previnem e
preparam, neste caso, para o pós-COVID-19.
Dizem
que depois da tempestade vem a bonança, isso é verdade, entretanto algumas
tempestades duram tempo suficiente para causar “enchentes” e estragos
consideráveis. Assim, resiliência, adaptabilidade, flexibilidade, paciência e
criatividade são características fundamentais para suportar momentos assim.
Vemos na crise oportunidades e agilidade que outrora desconhecíamos,
principalmente por parte daqueles que nos governam - sem “levantar a bola”
sobre a real motivação -, situações incomuns nos tiram da zona de conforto e
provocam mudanças rápidas e significativas, além de muito aprendizado.
É importante
lembrar que tudo isso uma hora vai passar, mas e aí? O que vai acontecer? Na
segunda-feira seguinte voltamos ao escritório? Assistiremos as notícias
habituais de problemas rotineiros? Ao caos do trânsito? Ao registro de
assinaturas e carimbos em folhas com marca d’água? Vamos ser como éramos antes
da crise? Não! Ainda não sabemos exatamente o que vai acontecer e, portanto, é
essencial que a reação ágil de colaboração e disseminação de conhecimento seja
ainda maior, bem porque sabemos que há muitos “faraós contemporâneos”,
incrédulos e negligentes.
Desta
forma, ficar em casa e agir de acordo com as instruções dadas pelas autoridades
médicas competentes, cuidar da saúde mental, se exercitar, buscar formas de
trabalho remoto e seguir muitas outras dicas que os gurus de empreendedorismo,
inovação e tecnologia podem oferecer, são atitudes positivas no combate à
crise.
Minha
proposta é compartilhar conhecimento empírico sobre algo muito simples que
preserva a vida, diminui o pânico entre os esquecidos e ampara os incrédulos.
Me refiro ao armazenamento doméstico para tempos de crise. Talvez em sua mente
você tenha imaginado carrinhos de compras cheios e muita fila nos mercados em
meio ao pânico e caos. Ou ainda que para armazenar é necessário um conhecimento
logístico específico e chancelado. Porém minha abordagem é sobre uma maneira
melhor e mais simples, diferente do tipo de abastecimento tardio e até mesmo
desesperado.
Manter
um armazenamento doméstico, seja de suprimentos de alimentos e higiene (para
três meses ou de longo prazo), abastecimento de água e uma reserva financeira,
é uma atitude do viver previdente mesmo fora das crises, uma atitude simples
que se antecipa às calamidades públicas, proporcionando paz e segurança. É
possível que algumas famílias tenham dificuldade de manter o básico, entretanto
o armazenamento doméstico não exige um investimento alto, tampouco é necessário
contrair dívidas para compor uma reserva. Pode-se começar armazenando alimentos
que façam parte da sua dieta normal, concentrando-se em gêneros alimentícios
tais como: trigo, arroz, macarrão, aveia, feijão, batatas e demais produtos que
possam durar 30 anos ou mais.
Existem
inúmeras dicas sobre os tipos de alimentos, embalagens, técnicas de
armazenamento, temperatura, estocagem e quantidade que podem ser encontrados em
sites especializados sobre armazenamento doméstico. Estar um pouco mais
preparado antes da crise diminui o pânico, bem como permite que outras pessoas
tenham acesso a suprimentos, que podem se tornar escassos nestes momentos. Além
disso, por meio do armazenamento é possível contribuir com o bem estar de
outras pessoas.
Segundo
a história, os filhos de Israel foram aconselhados a passar o sangue de um
cordeiro nas portas e se recolherem em suas casas para que os seus primogênitos
estivessem em segurança, já o Faraó, incrédulo, perdeu seu filho. Hoje, somos
aconselhados a lavar as mãos e a ficar em casa para que a vida seja preservada.
Com isso, ter suprimentos sejam eles quais forem para manter a nossa própria
vida e a de nossas famílias é fundamental.
Thiago Martins Diogo
- Especialista em Gestão Estratégica da Inovação pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) e Coordenador do Programa de Inovação no ISAE Escola de Negócios
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