sábado, 30 de novembro de 2019

AVC – a bomba relógio dentro do cérebro pode ser desarmada por exames preventivos laborais


O médico do trabalho, por meio de exames preventivos, pode mudar a incidência da doença, segunda maior causa de óbito no País


         O AVC (Acidente Vascular Cerebral) faz mais vítimas do que se imagina. Mais de 17 milhões de pessoas sofrem, por ano, com o entupimento ou o rompimento de um vaso que leva sangue aos neurônios. Em doze meses 400 mil brasileiros encaram o problema e desses 100 mil perdem a vida, o que faz do AVC a segunda grande causa de óbito no país, atrás apenas do infarto.

         O que faz dessa doença um grande fator de preocupação é que ela afeta cada vez mais as pessoas jovens, em plena atividade laboral. A quantidade de pessoas com menos de 45 anos que tiveram essa pane na cabeça aumentou 62% entre 2005 e 2015.

         Esses dados colocam no “colo” das empresas uma grande responsabilidade, já que por meio dos exames solicitados pelo médico do trabalho é possível sim, prevenir e conscientizar o trabalhador, sobre os riscos a que estão expostos e como podem mudar os hábitos para que não façam parte dessa triste estatística.

         Como diz a máxima já entoada pelos nossos avós, prevenir é melhor que remediar. E bem mais barato. Por isso o papel fundamental das empresas, evitando que esse trabalhador precise de um atendimento emergencial. É bom lembrar que cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, infelizmente, ainda não implementaram completamente o protocolo contra o AVC, por conta do tamanho e da complexidade de operar um sistema tão veloz em metrópoles gigantescas e cheias de desigualdades.

         Para Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e diretor da MGP Saúde (que operacionaliza o plano suplementar de baixo custo e alta eficiência), a detecção e prevenção no ambiente de trabalho não só traz economia para as corporações, mas principalmente salva vidas. “Dificilmente o trabalhador que tem um acompanhamento focado na prevenção vai precisar de um serviço de emergência, que por vários motivos, pode não chegar a tempo. O AVC precisa de atendimento imediato para minimizar as sequelas. Essa pressa se justifica pelo fato de que, a cada minuto sem fluxo sanguíneo em alguma região da cabeça, cerca de 2 milhões de neurônios morrem. Em uma hora, são 114 milhões de células nervosas que desligam para sempre. Com elas, inúmeras funções cerebrais são perdidas e restam sequelas para o resto da vida. Tempo é cérebro”.

         No hospital o atendimento também precisa ser a jato. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que todo o processo, do momento em que o paciente chegou na instituição até a entrada numa sala de cirurgia (se necessário), não ultrapasse os 80 minutos. “É claro que um serviço complexo como esse exige o esforço de muita gente boa e capacitada. A partir dessa premissa, o Brasil se inspirou em iniciativas bem-sucedidas nos Estados Unidos e na Europa para criar unidades especializadas em AVC por aqui. No momento, 56 hospitais estão treinados e credenciados. A meta é ter, pelo menos, 200 deles nos próximos anos”, comemora o gestor em saúde e presidente da ABRESST (Associação Brasileira de Empresa de Saúde e Segurança no Trabalho)


O que é AVC, sintomas e como identificar no início

         O AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento, maiores serão as chances de recuperação completa. Desta forma, torna-se primordial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediato.

         Existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes, o hemorrágico (ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia que pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico) e o isquêmico (ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos).

         O corpo dá alguns sinais que ajudam a reconhecer um Acidente Vascular Cerebral, como fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão (em um ou ambos os olhos); alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.



Fatores de risco, prevenção e diagnóstico

         Existem diversos fatores que aumente a probabilidade de ocorrência de um AVC, seja ele hemorrágico ou isquêmico. Os principais fatores causais das doenças são hipertensão, Diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas e histórico familiar.

         A adequação dos hábitos de vida diária é primordial para a prevenção do AVC. E, mais uma vez, a empresa tem um papel fundamental, elaborando programas preventivos e que conscientizem seus trabalhadores da adoção de práticas mais saudáveis, como a prática de atividades físicas, adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e a realização de exames periódicos.

         O diagnóstico do AVC é feito por meio de exames de imagem, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral. Tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC isquêmico agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia. 



As mulheres estão morrendo menos em virtude do AVC e das doenças cardíacas

         De acordo com estudo Saúde Brasil 2018 do Ministério da Saúde, o índice caiu 11% nos óbitos por Acidente Vascular Cerebral e 6,2% por doenças cardíacas, nas mulheres entre 30 e 69 anos. No período que compreende o estudo, seis anos, o índice para AVC caiu de 39,5 para 35,2 óbitos por 100 mil habitantes do sexo feminino. Já as Doenças Cardíacas apresentaram queda de 55 para 51,6 óbitos por 100 mil. Apesar da queda, as duas doenças continuam sendo as que mais matam a população feminina entre 30 e 69 anos. Somando todas as idades (de 5 a mais de 70 anos), as doenças cardíacas, AVC, Alzheimer, Infecções Respiratórias e o Diabetes são as cinco principais causas de óbitos entre elas. Das cinco, quatro são Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT’s), as quais possuem quatro fatores de risco em comum: tabagismo, atividade física insuficiente, uso nocivo do álcool e alimentação saudável, todas elas preveníveis.

         O levantamento apontou que, na população com faixas etárias entre 30 e 69 anos e com mais de 70 anos, as doenças cardíacas isquêmicas apresentaram as maiores taxas de mortalidade em todas as regiões do país, tanto nos homens como nas mulheres. Já o AVC, ocupou o segundo lugar no ranking das principais causas de óbitos entre as brasileiras de todas as regiões e os brasileiros do Sul e Sudeste, com idades entre 30 a 69 anos.

         As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como o AVC e as Doenças Cardíacas Isquêmicas, respondem por cerca de 36 milhões, ou 63% das mortes no mundo, com destaque para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica. No Brasil, as DCNT também se constituem como um problema de saúde, correspondendo a 54,0% de todas as mortes, no ano de 2016. Na faixa etária de 30-69 anos, as DCNT representaram 56,1% dos óbitos.

         Para o Dr. Ricardo Pacheco a ocorrência das doenças crônicas não transmissíveis é muito influenciada pelos estilos e condições de vida. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclui como importantes DCNT as doenças do aparelho circulatório (cerebrovasculares, cardiovasculares), neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus. Esse conjunto de doenças tem em comum uma série de fatores de risco resultando na possibilidade de se ter uma abordagem comum para a sua prevenção, que pode e deve ser iniciada no ambiente de trabalho”.
  



MGP Saúde

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