quarta-feira, 22 de maio de 2019

No Dia Mundial da Pré-eclâmpsia um alerta: a doença afeta até 7% das brasileiras


Entre as complicações, a hipertensão na gravidez é uma das principais causas de parto prematuro, afirma a ONG Prematuridade.com


Quase 76 mil mães e 500 mil bebês no mundo perdem suas vidas por causa da pré-eclâmpsia e distúrbios hipertensivos na gestação, todos os anos.  É a causa de 25% das mortes maternas na América Latina e aparece entre 5 e 7% das grávidas brasileiras.

Vidas demais são perdidas ou seriamente afetadas por distúrbios hipertensivos da gestação, o que ressalta a importância da identificação dos sintomas e do tratamento rápido e eficaz por profissionais de saúde treinados.

A pré-eclâmpsia ocorre quando a grávida tem pressão arterial elevada (acima de 140/90 mmHg) a qualquer momento após a 20ª semana de gravidez, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Além da pressão arterial elevada, outras complicações como excesso de proteína na urina e edema devem acontecer para se ter o diagnóstico de pré-eclâmpsia.

Além do mês de maio ser marcado pela mobilização internacional de conscientização da hipertensão, há dois anos o dia 22 de maio ficou conhecido como o Dia Mundial da Pré-eclâmpsia (World Preeclampsia Day). O objetivo é aumentar a conscientização sobre a doença, principalmente como uma complicação potencialmente letal da gravidez.

De acordo com Adriano Paião, médico obstetra no Hospital Ana Costa e Hospital São Lucas, de Santos – SP, diretor clínico da Afetus e especialista em cuidados materno-fetais e gestação de risco, explica que a pré-eclâmpsia está entre as principais causas de morte materna e de agravamentos e danos à vida e à saúde da mulher. Também é uma das principais causas de mortalidade fetal e neonatal por complicações relacionadas à doença, sendo a prematuridade uma das consequências da evolução desfavorável da pré-eclâmpsia.

Adriano também explica que “o rastreamento do risco para a doença, possível por meio da associação de dados clínicos, laboratoriais e ultrassonográficos, deveria ser o principal aliado na prevenção das complicações, orientando o profissional que assiste a gestante quanto às medidas de ação e cuidados, certamente impactando nos números desfavoráveis relacionados à doença, em especial em áreas de acesso mais restrito aos cuidados com a saúde da mulher e da gestante. A identificação do risco, antecipação de conduta e monitoramento materno e fetal são, com certeza, as melhores ferramentas para uma boa assistência obstétrica e melhores resultados perinatais”, finaliza.

Como consequência das ações de mobilização para conscientizar sobre os riscos da prematuridade, a Associação Brasileira de Pais e Familiares de Bebês Prematuros - ONG Prematuridade.com, também está engajada na redução das taxas de mortalidade materno-infantil relacionadas à pré-eclâmpsia.

Uma vez instalada, a pré-eclâmpsia aumenta o risco de parto prematuro induzido, já que a retirada da placenta, ou seja, o nascimento do bebê, tende a baixar a pressão arterial da mãe. Partos prematuros induzidos respondem por 20% de todas as hospitalizações de recém-nascidos para tratamento intensivo neonatal.

Para as mães, as complicações da pré-eclâmpsia são fortemente associadas com o futuro desenvolvimento de doenças debilitadoras como problemas cardiovasculares, diabetes e insuficiência renal.

O aumento da pressão sanguínea diagnosticado durante a gestação em mulheres que nunca haviam antes demonstrado o problema é classificado como Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG).

Não existe uma única causa. Há o consenso de que a condição é resultado, dentre outras coisas, da má adaptação do organismo materno a sua nova condição. Embora o começo do problema esteja na formação da placenta, os principais agravantes da hipertensão são mesmo alguns hábitos maternos. Excesso de sal na alimentação, sedentarismo e principalmente consumo de álcool e cigarro, que aumentam o risco de doenças arteriais e, durante a gravidez, causam malformações do feto e elevam as chances de parto prematuro.

No Brasil, aproximadamente 35% da população sofre de hipertensão arterial, segundo dados do Ministério da Saúde, mas metade nem sabe disso. Quem já era hipertensa antes da gravidez deve, junto com o cardiologista e o ginecologista, estudar soluções para controlar o problema durante a gestação. Não há como diagnosticar a DHEG antes da gestação, claro. Mas alguns cuidados básicos podem ajudar a controlar a pressão arterial antes e durante a gravidez.

A mulher deve estar constantemente vigilante sobre sua pressão arterial. Cheque-a sempre que achar conveniente, siga uma dieta equilibrada e permaneça na faixa de peso adequada. Converse com o obstetra e, se preciso, faça acompanhamento com nutricionista e cardiologista.

Raquel Azevedo Silva, voluntária da ONG Prematuridade.com e atendente de farmácia de 36 anos, sabe bem como a pré-eclâmpsia pode afetar a gravidez e a própria saúde de mãe e filho. Na vigésima semana de gestação começaram as alterações da pressão arterial. Os medicamentos não deram resultado e ela lembra que “numa madrugada, muito inchada, sem nem conseguir abrir os olhos, fui até um atendimento de emergência. Imediatamente fui internada. Desenvolvi uma complicação da pré-eclâmpsia o que exigiu uma cesárea de emergência com 27 semanas de gravidez. Paula nasceu com 790 gramas e 32 centímetros, prematuridade extrema”. Por conta disso, a bebê passou por cirurgias nos intestinos e para correção da visão. Os primeiros seis meses de vida de Paulinha foram no hospital.

“Após a cesárea, só depois de uma semana eu consegui levantar da cama para ver a Paula na UTI neonatal. Fiquei 15 dias internada, cheguei a ir para casa, mas tive que voltar para mais 15 dias de internação por causa das complicações. Foi muito difícil, mas hoje estamos ótimas”, comemora Raquel.





ONG Prematuridade.com, Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros
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