Doença é a principal causa de cegueira
irreversível em pessoas com mais de 50 anos nos países desenvolvidos
A degeneração macular
relacionada à idade (DMRI) é uma das causas de cegueira irreversível depois dos
50 anos. A doença, que progressivamente vai comprometendo a mácula (área
central da retina), é classificada em dois tipos: não-exsudativo ou seco (90%)
e exsudativo (10%). Na forma exsudativa, que é a principal responsável pelos
casos de cegueira, vasos sanguíneos anormais se formam sob a mácula – área
responsável pela percepção de detalhes. Se não contida, com o tempo o paciente
perde toda a visão central. Para a forma seca, que é bem mais comum, alguns
tratamentos têm alcançado êxito. Na opinião do oftalmologista Renato Neves,
diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, é fundamental conhecer
os fatores de risco de DMRI não só para evitar a doença, como para adiar o seu
avanço e evitar perda de visão.
“Os cinco fatores de
risco mais importantes da degeneração macular relacionada à idade são: 1)
obesidade; 2) fumo; 3) hipertensão; 4) histórico da doença na família; e 5) ter
mais de 50 anos. A DMRI é causada por depósitos de restos celulares que
formam as drusas, destroem os fotorreceptores e provocam proliferação anormal
de vasos sanguíneos sob a retina. Como consequência, surgem cicatrizes que
comprometem a visão central e a capacidade de distinguir cores. Além desses
fatores de risco, a doença está estreitamente associada à exposição aos raios
ultravioleta, ingestão de gorduras vegetais em excesso e dietas pobres em
frutas, verduras e zinco”, diz Neves.
De acordo com o
especialista, pessoas com dois ou mais fatores de risco combinados deveriam
fazer check-up oftalmológico pelo menos uma vez ao ano. “Se o indivíduo notar
perda rápida de visão ou perceber um aumento de distorção nas imagens, formando
ondulações, é necessário investigar a forma úmida de DMRI – que é bem mais
agressiva. O exame de fundo de olho faz parte de um primeiro diagnóstico, mas a
confirmação depende de exames muito mais específicos, como a retinografia e a
angiofluoresceinografia – que utiliza contraste injetável no braço antes de
tirar uma série de fotografias da retina com máquina especialmente desenvolvida
para essa finalidade.”
Quanto mais cedo o
diagnóstico for estabelecido, maiores são as chances de o tratamento ser
bem-sucedido. De todo modo, o paciente também pode contribuir no sentido de
evitar os fatores de risco, como passar a se alimentar de forma saudável, diminuindo
a quantidade de sal ingerido diariamente, parar de fumar, aumentar a prática de
exercícios regulares e manter a pressão sanguínea sob controle, ainda que
recorra a medicamentos específicos e devidamente prescritos. De acordo com o
Ministério da Saúde, mais de 30 milhões de brasileiros sofrem de hipertensão
arterial, mas somente 10% deles fazem controle adequado. Como mais da metade da
população adulta está acima do peso considerado saudável – sendo que uma em
cada cinco pessoas sofre de obesidade – os cuidados com a visão não devem ser
negligenciados de forma alguma.
As injeções
intravítreas, que em anos recentes começaram a ser utilizadas para tratar a
DMRI (Lucentis, Eylia e Macugen), têm se mostrado eficientes, dando mais
esperança aos pacientes. “O principal ganho desse tratamento é a interrupção da
perda de visão”, diz o médico. “Embora nem todo paciente recupere a visão
perdida, só o fato de interromper a progressão da doença e evitar que o
paciente fique cego já é extremamente importante. Após dilatar a pupila e
anestesiar o local, a injeção é aplicada diretamente no vítreo – camada
gelatinosa localizada entre a retina e o cristalino, no fundo do olho. O
paciente não sente dor e o procedimento precisa ser repetido em intervalos
regulares para que os efeitos sejam duradouros”.
Fonte: Prof.
Dr. Renato Neves - médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em SP – www.eyecare.com.br
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