Geralmente, as mulheres são
mais compassivas do que os homens. Em uma pesquisa feita nos Estados Unidos,
80% dos americanos expressaram essa opinião. Isso é um estereótipo sexista?
Talvez não. O que os cientistas vêm estudando é a possibilidade de o cérebro
das mulheres processar a compaixão de maneira diferente dos homens. Isso
acontece aparentemente devido à maneira distinta como os sistemas neurais
femininos evoluíram, provavelmente, em conexão com o desenvolvimento de
habilidades associadas às necessidades emocionais dos filhos, como, por
exemplo, a comunicação pré-verbal materna.
Uma equipe de Neurobiologia do
México realizou um estudo interessante com 12 mulheres e 12 homens. Os
participantes viram uma série de 100 fotografias, enquanto seus cérebros eram
digitalizados. A cada duas imagens, uma evocava compaixão. Exemplos incluíam
rostos tristes, cenas de guerra, representações de fome, entre outras. Os
pesquisadores perceberam que quando as fotos que evocavam a compaixão eram
vistas, o cérebro das mulheres ativava duas áreas, “incluindo uma maior no
cerebelo, cuja estrutura envolve características como julgamento, atenção
seletiva e experiência afetiva”, segundo relata a equipe. "O cerebelo pode
desempenhar um papel na decisão de executar ações de ajuda." Já nos
homens, nenhuma dessas duas áreas foram ativadas. Embora este estudo não
confirme que a mulher tenha, de fato, mais compaixão do que o homem, sugere uma
divergência em como a compaixão é experimentada e expressada por ambos.
Outro fator que pode
justificar esta diferença é a ocitocina, um hormônio produzido pelo hipotálamo,
presente nas mulheres em níveis mais altos. Sua função é promover as contrações
musculares uterinas; reduzir o sangramento durante o parto; estimular a
liberação do leite materno; desenvolver apego e empatia entre pessoas; produzir
parte do prazer do orgasmo; modular a sensibilidade ao medo; entre outras. A
ocitocina também auxilia na facilitação da confiança e do apego entre pessoas,
além de diminuir os níveis de cortisol, hormônio que causa o estresse.
Conhecida como o “hormônio do amor”, ela tende a baixar a agressividade nos
homens. No entanto, sua atuação costuma ser bloqueada pela testosterona.
Pode ser que as mulheres
sejam, sim, mais compassivas. Porém, a compaixão e a bondade são sentimentos
que podem estar presentes em qualquer ser humano. Vale lembrar que temos que
levar em conta uma série de aspectos individuais, como genética, personalidade,
histórico, cultura, entre outros. Pesquisas e fatores biológicos/hormonais
apontam que a mulher tende a ser mais sensível, mas isso não significa que seja
uma regra geral. Pessoas são diferentes, e cada uma tem suas próprias
características. Independentemente de gênero.
Vivian Wolff - Coach de Vida e Carreira pelo
Integrated Coaching Institute (ICI); formada em Mindfulness pela Georgetown
University Institute for Transformational Leadership, Washington DC; com MBA em
Marketing Estratégico pela University de Catalunya, Barcelona
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