Estudo
divulgado nesta quinta-feira (20) analisa cenários fiscais com alterações na
Previdência e no salário mínimo, entre outras, e traz ainda projeções do PIB
2018 e 2019
O ajuste fiscal pode ser feito por meio de
contenção do crescimento dos gastos públicos. A redução anual pode chegar a
cerca de R$ 100 bilhões em 2022, com reformas que reduzam o crescimento das
despesas obrigatórias do governo federal. Para isso, além das alterações
na Previdência em tramitação no Congresso Nacional, são necessárias mudanças na
regra de reajuste do salário mínimo – a regra atual vai expirar em 2019 –, na
recomposição de servidores públicos aposentados e no abono salarial. Os
cálculos feitos pelo Grupo de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) foram divulgados nesta quinta-feira, 20.
A análise também prevê crescimento de 2,7% do PIB
em 2019 se ocorrerem reformas que viabilizem o equilíbrio das contas públicas
no médio prazo. “A Previdência é o principal item de
despesa do governo, porque ela tem um crescimento projetado explosivo, ao
contrário de outros que se mantêm sob controle”, informa o diretor de estudos e
políticas macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Souza Jr.
Segundo
o documento, o PIB deve fechar 2018 com crescimento de apenas 1,3%, bem abaixo
do esperado pela maioria dos analistas no início do ano. A alta deve ser de
0,8% na indústria, 0,6% na agropecuária e de 1,4% em serviços. O
investimento previsto no setor industrial é de 4,4%. O consumo das famílias
deve expandir 1,9%, ao passo que o consumo do governo deve permanecer
praticamente estagnado. Já as exportações líquidas devem apresentar
contribuição negativa para a expansão do PIB, com as importações crescendo
substancialmente mais que as vendas externas.
O
estudo traz, ainda, estimativas da economia agrícola. De acordo com o Ipea, o
PIB agropecuário deve crescer 0,6% em 2018 e 0,9% em 2019, com base no
prognóstico do IBGE. Quando utilizados dados da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) o crescimento previsto sobe para 2% em 2019.
A
inflação deve ficar em 4,1% em 2019 – abaixo da meta de 4,25% -, em parte
devido ao elevado grau ocioso da economia. O Indicador Ipea de Hiato do Produto
aponta para um produto potencial 3,4% acima do PIB, porém essa ociosidade pode
se reduzir para algo em torno de 1,3% no 4º trimestre de 2019. “Nessas
condições, o Banco Central poderia dar início a um processo de elevação gradual
da meta da taxa Selic já no final de 2019, ou no início de 2020”, sugere o
estudo. As projeções estão condicionadas a um cenário com ajuste fiscal
promovido de forma relativamente rápida pelo novo governo, a ser empossado em
2019.
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