quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Até quando você irá brincar com a sua saúde?



A obesidade é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo excessivo ou anormal de gordura, que pode resultar em dano à saúde do indivíduo, e é considerada um dos principais problemas de saúde pública da atualidade, apesar dos esforços em todo o mundo para o seu controle1. Trata-se de uma pandemia, que vem alterando negativamente a saúde da população mundial, devido a uma má adaptação da sociedade à vida moderna nas grandes cidades, com toda a facilidade de acesso a produtos industrializados e ultras processados, ricos em carboidratos simples e gorduras modificadas.         
                  
A obesidade é uma doença, inclusive com código internacional de doença próprio (CID 10 – E 66.), e deve ser encarada desta maneira. Não existe, por definição, obeso saudável. Todo paciente obeso está exposto a um risco de desfechos cardiovasculares desfavoráveis, pois a obesidade é um fator de risco independente para infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC).

Além de ser um fator isolado para os desfechos, é também um fator de risco para a ocorrência de doenças ligadas a obesidade como o diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial   sistêmica, dislipidemia, aterosclerose, doenças respiratórias, osteoartrose, infertilidade, síndrome dos ovários policísticos e alguns tipos de câncer, impactando a qualidade de vida e a longevidade da população2.

De acordo com pesquisas do Ministério da Saúde (2015) 53,8% dos brasileiros estão acima do peso e destes, 18,9% são obesos. O Brasil está em terceiro lugar no ranking de obesidade, em comparação com outros países emergentes considerados subdesenvolvidos3.

Diante de todas essas informações, a pergunta que não quer calar é: até quando você irá brincar com a sua saúde? Continua realmente achando que o emagrecimento é apenas um processo estético? Ainda acha que o mais importante é a opinião dos outros sobre o seu corpo? Persiste a ideia de que a “magreza” é uma imposição da sociedade e não uma necessidade de saúde?

Essas perguntas e questionamentos deveriam ecoar na cabeça de toda a população acima do peso. Muitas vezes, as pessoas negligenciam a sua saúde por desconhecimento, mas na era da tecnologia atual, onde qualquer informação é facilmente adquirida, permanecer negligenciando a sua saúde, em prol de maus hábitos alimentares e falta de atividade física, é no mínimo questionável.

            O único modo de trazer saúde ao seu corpo, aumentar a sua longevidade, e evitar risco de morte por desfechos cardiovasculares ou câncer, é através da adoção de uma real e profunda mudança no seu estilo de vida. Mudar a sua relação com a comida, reaprender a comer e ter hábitos saudáveis no seu dia a dia. Exercitar-se sempre, incluindo uma rotina de atividade física na sua vida. Mudar a sua mente, e aprender de uma vez por todas que não vivemos para comer, devemos sim, comer para viver.

            A obesidade é uma doença extremamente complexa e multifatorial, e como tal, seu tratamento deve envolver uma equipe multiprofissional preparada para agir em cada ponto de sua etiologia, para que no final o paciente resgate sua saúde, autoestima e felicidade.






            BIBLIOGRAFIA
1.    Abdelaal M, le Roux CW, Docherty NG. Morbidity and mortality associated with obesity. Annals of Translational Medicine. 2017;5(7):161.
2.    Haslam DW, James WP. Obesity. Lancet 2005, 366, 1197-1209
3.    Ministério da Saúde. Vigitel 2016. http://portalsaude.saude.gov.br (Acessado em 10 de outubro 2017).

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