Especialistas da saúde abordam
o tema sob diferentes perspectivas
Em evento realizado pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) na última semana, todos estes tópicos ganharam repercussão, chamando atenção, principalmente, o fato de que, em 2017, o Rio Grande do Sul ficou em segundo lugar no ranking de tentativas contra a própria vida, praticados por adolescentes. A informação foi repassada pela psiquiatra infantil Berenice Rheinheimer.
- A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que aconteçam cerca de 800 mil suicídios por ano. Destes, aproximadamente 67 mil são de menores de 19 anos – relata Berenice.
Ainda de acordo com a psiquiatra, o perfil de quem comete suicídio não é o mesmo de quem faz tentativas. Desta forma, a médica reforça a necessidade de ações específicas para cada grupo, exemplificando com a iniciativa da Coreia do Sul, “Ponte da Vida”, a qual reduziu em 85% o número de mortes por este motivo no país. A ação teve início em 2012 e consiste em um sensor que ativa luzes quando alguém se aproxima da borda de segurança. Em frente, estão frases como “Vá ver as pessoas de quem você sente saudade” e “Os melhores momentos da sua vida ainda estão por vir”.
Paralelamente, o comportamento suicida entre adultos continua preocupando a comunidade médica. De acordo com o psiquiatra Rafael Moreno de Araújo, homens com idade entre 40 e 49 anos tentam mais contra a própria vida do que as mulheres. Em pesquisa realizada pelo profissional, com cerca de cinquenta mil pessoas através da internet em todo o Brasil, 60% das pessoas já teve pelo menos um pensamento suicida passageiro.
- Aproximadamente 50% das pessoas consegue cometer suicídio na primeira tentativa. Destas, a metade teve diagnóstico de algum transtorno mental ou já passaram por algum clínico mental. Entre as características da tentativa, 60% age impulsivamente, 14% passa cerca de seis meses planejando o ato e 22% já tentaram ambos – explica Araújo.
Uma perspectiva que também merece atenção quando o assunto é comportamento suicida é o luto. O médico de família e comunidade e monge zen budista, André Yakusan Silva, afirma que para cada suicídio, são afetadas direta ou indiretamente, mais de cem pessoas.
- Entre as diferenças do luto e da depressão estão a culpabilidade pela situação, que no primeiro caso é dirigida aos outros e ao destino e na segunda situação é à própria pessoa; os sintomas psicóticos, que não ocorrem no luto, embora seja possível imaginar ou ver e ouvir a pessoa falecida e a evolução dos sintomas, que são persistentes na depressão e flutuantes no luto – explana Silva.
Distúrbios relacionados ao sono, apetite e isolamento social são comportamentos característicos de quem está passando pelo processo de luto. De acordo com o médico e monge, é necessário ajudar a pessoa a se dar conta da perda e a viver com a ausência do falecido. Com relação ao luto por suicídio, aconselha-se escutar sem julgamentos, críticas ou preconceitos, ser paciente e não evitar o nome de quem faleceu.
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