Finalizado
o processo eleitoral que culminou com a escolha democrática do deputado Jair
Bolsonaro (PSL) como novo presidente do Brasil, o cidadão começa a depositar
muitas expectativas em relação ao novo governo. Será preciso muita competência,
honestidade e coragem de Bolsonaro no que diz respeito a diversos temas que
precisam ser tratados com urgência.
É inegável
que o Agronegócio é um dos assuntos mais determinantes para uma atuação
competente do governo, e, por isso, o setor já espera posicionamentos do
presidente eleito. A relevância do segmento para a economia é sabida por todos
e, inclusive, esse reconhecimento é fruto dos resultados gerados especialmente
na balança comercial, que, várias vezes, se manteve positiva graças às
exportações do setor, colocando, assim, o Brasil em posição de destaque no
cenário mundial.
Lendo o
plano de governo de Bolsonaro no tocante ao Agronegócio, percebe-se que o
projeto começa com uma proposta de estabelecer um novo modelo institucional
para a agricultura, visando reunir em uma só pasta as instituições relacionadas.
A nova
estrutura federal agropecuária teria as atribuições da política e economia agrícola,
recursos naturais e meio ambiente rural, defesa agropecuária e segurança
militar, bem como da pesca e piscicultura, desenvolvimento rural sustentável e
inovação tecnológica. Por meio de indicadores seria possível, então, monitorar
cada programa.
O plano de
governo fala ainda sobre segurança no campo, solução para a questão agrária,
logística de transporte e armazenamento, e uma instituição única para atender
as demandas do agro e setor rural, além de políticas específicas para
consolidar e abrir novos mercados externos e diversificação.
Como se
percebe, não houve detalhamento sobre esses pontos e ainda há muitos outros de
suma importância que não foram mencionados. Vale lembrar que o plano de governo
de um candidato é para ser lido por todos os eleitores antes da eleição, para
que assim, possam decidir de forma absolutamente livre e consciente pelo
candidato cujo projeto mais se identifica.
Apesar do
plano de governo ser vago no que diz respeito ao Agronegócio, ainda é possível
ao futuro presidente cuidar do setor com seu devido grau de importância, cujos
resultados poderão realmente garantir alimentação para uma grande parte da
população mundial. Sem dúvidas, políticas adequadas permitirão ao Brasil ter um
peso decisivo no crescimento da produção de alimentos.
Vale
recordar o ditado chinês que diz que a agricultura é a base do Estado.
Exatamente por isso, para o setor, é muito importante que seja elaborado um
plano de estado e não de governo. Essa é a solução para que o futuro do
agronegócio não fique restrito a esse ou aquele governo, e reflita a segurança
jurídica esperada.
A atividade
do agronegócio é uma das mais competitivas da nossa economia. Os alimentos são
produzidos sem controle de preços e sem monopólio, e a quantidade tem crescido
sensivelmente nos últimos anos, o que se traduz em um grande desafio para o
futuro. Somente com uma produção muito maior o Brasil será consolidado de fato
como o celeiro do mundo.
Para isso,
precisaremos ultrapassar algumas barreiras, como é o caso do aumento da área
cultivada, investimentos para que novas tecnologias sejam empregadas no campo,
a regularização dos defensivos agrícolas, implementação das diversas formas do
crédito rural, do seguro agrícola, das garantias, da agricultura familiar e o
adequado tratamento para os produtores rurais.
Outro tema
que precisará da atenção do próximo governo é o Plano Safra, já que
a necessidade de aumento da produção exigirá investimentos compatíveis. O
seguro agrícola é outro tema que precisa de aprimoramento, pois a atividade
envolve alto risco de variáveis como clima, logística e até mesmo de mercado.
Por isso, essas questões devem ser pautadas em uma política de longo prazo,
menos burocrática e mais eficiente.
O governo
deve ter ainda um plano social para a agricultura familiar visando seu
desenvolvimento sustentável. Também não se pode esquecer das cooperativas
agrícolas e das agroindústrias, que são grandes geradoras de mão de obra e
responsáveis pela produção em escala, além de serem exportadoras para diversos
países. Sendo assim, necessitam de uma elevada contribuição do Poder
Público, como é o caso do financiamento de seus investimentos, das questões
tributárias e do mercado exterior.
Percebe-se,
portanto, que são muitos os temas que precisam ser tratados pelo próximo
governo visando o desenvolvimento sustentável para que o agronegócio se torne
mais efetivo e contribua diretamente para um futuro melhor do país.
Ricardo Costa Bruno - sócio da área de
Agronegócios do Martinelli Advogados
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