Heloísa
Capelas, especialista em inteligência comportamental, ensina que perdoar é um
importante passo para a cura interior
Perdoar alguém por uma situação que ainda dói é um
processo que exige mais que uma decisão. Nem sempre estamos prontos para passar
a borracha e recomeçar. Mas o que fazer para curar a ferida aberta? Como
encontrar o caminho da paz interior novamente?
Segundo Heloísa Capelas, especialista em
inteligência comportamental, diretora do Centro Hoffmann e autora do livro
"Perdão, a revolução que falta", o perdão é um sentimento individual.
Você pode perdoar uma pessoa sem ter que explanar isso a ela "O perdão é
seu. Quando você perdoa alguém, a cura é sua. A sua inteligência emocional é
exercitada de forma a compor um organismo mais pleno", diz
"Devemos dar o perdão nosso de cada dia.
Perdoar o colega de trabalho por ter tido uma conduta mal-educada durante uma
reunião, perdoar um desconhecido que te fechou bruscamente no trânsito, perdoar
o vizinho que não te deixou dormir à noite por conta do som alto e,
principalmente, perdoar os pais e demais familiares por conta de atitudes que causaram
mágoas. Perdoar é um ato de inteligência emocional e de cura interior",
diz.
A especialista ressalta que perdoar nem sempre é
simples, embora seja o único caminho para a libertação. "Esquecer o que
aconteceu não é fácil. Temos a sensação de que perdoar seria demonstrar que a
nossa dor não vale tanto assim e, desta forma, em alguns casos, entramos em um
ciclo sem fim, que alimenta a vingança e o próprio sofrimento e
ressentimento", afirma.
Já que o perdão é uma condição fundamental para o
tratamento das dores emocionais, confira quatro dicas elaboradas por Heloísa:
1- Fale sobre
a sua dor
A boca fala o que o coração está sentindo. Por
isso, muitas vezes, uma pessoa magoada não consegue falar de outro assunto.
Estudos demonstram que, cada vez que nos recordamos dos acontecimentos que
elegemos como imperdoáveis, nosso organismo reage quimicamente de forma nociva.
Ou seja, não perdoar – ou ficar preso ao ressentimento – faz mal à saúde.
Segundo Heloísa, transformar a dor em palavras não significa falar mal do
outro, mas sim, relatar o que, de fato, aquela circunstância significa para
você. Ter alguém de confiança para desabafar pode ser uma boa saída. Mas, caso
você prefira fazer isso sem envolver outras pessoas, escrever em um diário pode
ser uma alternativa. "Canalizar a mágoa é uma forma de centralizar sua
angústia e colocar um ponto final na culpa do outro", diz
2- Reconheça
suas fragilidades
O primeiro passo para uma vida sem culpas é
reconhecer os motivos que te levaram a uma situação desconfortável. Colocar na
balança a sua parcela de culpa e identificar o que você poderia ter feito para
evitar o confronto é uma excelente alternativa para uma vida de desapego de
sentimentos ruins. Refletir sobre os prós e os contras de tal situação é um
exercício de inteligência emocional.
3- Seja o
"ponto final" de maus-tratos
Segundo Heloísa Capelas, nos mais de 30 anos de
trabalho como terapeuta familiar, já ouviu inúmeras vezes filhos culpando seus
pais por situações não resolvidas. Essa repetição de padrão é um ponto forte no
desequilíbrio das relações diárias. "Todos nós estamos em profunda conexão
com o universo e o universo está igualmente conectado conosco. Quanto mais
abertos e atentos estivermos a esse elo, mais preparados estaremos para receber
o que é nosso por direito", explica.
4- Dê o
pontapé inicial
O poder do
perdão é individual e intrasferível. Muitos pensam que perdoar é se reconciliar
com o outro e, por isso, acabam na frustração. Segundo Heloisa, o apego à raiva
e o sentimento de vingança tornam o ciclo mais complicado. Livrar-se dessa
corrente pode salvar vidas, inclusive a sua. "Você pode perdoar em
silêncio. O outro nem sempre precisa saber do seu perdão. A cura e o ponto
final desse ciclo pode estar em não sentir mais raiva", explica.
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