quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Um em cada dez casos de suicídio tem relação com dores crônicas, diz estudo


Um novo estudo indica que uma em cada dez mortes por suicídio nos Estados Unidos é cometida por pessoas que sofrem de dor crônica.


A dor crônica foi prevalente em quase 9% dos indivíduos que morreram por suicídio, de acordo com pesquisa publicada esta semana na revista Annals of Internal Medicine. Os autores do estudo concluem que a presença de dor crônica é um fator de risco significativo para o suicídio em indivíduos, associados também a maiores índices de abuso de medicamentos derivados da morfina (opióides), depressão e ansiedade.

Embora o estudo não possa provar que a dor crônica contribuiu para as todas as decisões das pessoas de se matarem, "nós percebemos que problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, eram mais comuns entre aqueles com dor crônica", disse a principal autora, Emiko Petrosk, uma epidemiologista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA em Atlanta.

Os pesquisadores descobriram que 8,8 por cento dos 123.181 falecimentos por suicídios incluídos no estudo tinham evidência de dor crônica; de 2003 a 2014, esse percentual aumentou de 7,4 para 10,2 por cento. No geral, 53,6 e 16,2 por cento dos suicidas com dor crônica morreram de ferimentos por arma de fogo e overdose de opióides, respectivamente.
Um grande número de dores crônicas experimentadas pelas vítimas de suicídio sofriam de dores nas costas, artrite, enxaqueca ou dor associada ao câncer.

Segundo o Dr. Marcus Yu Bin Pai, médico especialista em Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, "o estudo foi importante para reforçar a importância no tratamento precoce e multidisciplinar das dores crônicas, pois mais de 50% dos pacientes que sofrem destas dores evoluem com depressão, insônia e ansiedade generalizada, o que dificulta sua reabilitação".

De acordo com os autores do estudo, "os profissionais que cuidam de pacientes com dor crônica devem estar cientes do potencial aumento do risco de suicídio, e mais esforço pode ser necessário para diagnosticar, gerenciar e tratar a dor crônica e as condições de saúde mental comórbidas".

"A vigilância contínua e a pesquisa são necessárias para entender melhor o impacto da dor crônica nos Estados Unidos", concluem os autores.

O estudo foi publicado em 11 de setembro de 2018, e está disponível em: http://annals.org/aim/fullarticle/2702061/chronic-pain-among-suicide-decedents-2003-2014-findings-from-national





Fonte:  Dr. Marcus Yu Bin Pai - médico especialista em Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.


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