quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Sexo após a gravidez precisa de atenção especial dos casais, afirma especialista


Ginecologista e obstetra Mariana Simões explica que casais podem e devem investir em seus papéis enquanto indivíduos e cuidar da relação sexual, independente da função de pais


O tabu do "sexo após a gravidez" é um desafio na relação de muitos casais. Retomar a vida sexual, especialmente logo após o primeiro filho, parece ser complicado – mas, de acordo com a obstetra e ginecologista Mariana Simões, o primeiro passo para lidar com isso é que os pais compreendam a importância de investir mais tempo no relacionamento a dois. Para ajudar nessa missão, a profissional deu dicas e tirou dúvidas importantes.


A vida a dois

A especialista destaca que é importante partir do princípio de que a criança está aí, mas havia e ainda há um casal antes disso. “É importante investir no pai ou na mãe de seu filho e reconhecer a pessoa como o homem ou a mulher que é, independente da parentalidade”, explica. Além disso, o período do puerpério, logo após a mulher dar à luz, é marcado pelo alto fluxo de hormônios e emoções à flor da pele para as mães – o que pode favorecer as relações a dois, e não prejudicar. A médica explica ainda que é normal sentir dúvidas e receios com relação ao lugar que se passa a ocupar e as diversas transformações do corpo. Nesses momentos, o papel do médico também é orientar. 

Na maioria das vezes, o sexo fica em segundo, terceiro ou até quarto plano. “O bebê demanda, o sono e o cansaço apertam e em meio a tudo isso a mulher se vê em um corpo que não reconhece”, comenta Mariana. Nesse momento, é muito importante uma atenção especial ao casal. A especialista enfatiza, ainda, que é preciso levar em conta as transformações na vida do homem, que não são hormonais, mas emocionais. “Eles passam a se enxergar não mais apenas como homens e sim como pais, o que pode afetar o interesse deles pelo sexo”, comenta. Frente a tudo isso, o diálogo também é muito importante para os casais. 

O primeiro pensamento de muitas mulheres é se sentirem inseguras com o corpo após a gravidez, questionar se estão atraentes ou não, e se a falta de interesse do parceiro podem vir do cheiro de leite ou da barriga do pós-parto, que ainda não voltou à forma natural.  Nesse quesito, a autoestima deve entrar em ação, e as conversas, são sempre bem-vindas. 


Desejo

Como forma de lidar com as dúvidas e transformações dessa fase, a especialista reforça que mulheres devem aproveitar os ensinamentos da maternidade, tomando-os para si. “Assim como a criança que chora e insiste por um desejo, devemos insistir em nós mesmas e em nossos desejos como mulheres, aproveitando a conexão e descoberta do poder do corpo – e isso é algo positivo que apenas a gestação proporciona”, revela ela. “As mães também sentem tesão e devem dar espaço a isso para serem felizes no sexo”, completa. 

Para não deixar de lado a relação adulta, ela aconselha que o casal invista em tempo um com o outro não apenas como pais, mas como homem e mulher. “Isso é importante nessa fase. Lembrem o por que escolheram estar juntos e como era o sexo antes das crianças”, conclui a médica, que reforça também que, apesar desses questionamentos serem comuns, é essencial que não sejam negligenciados, já que a vida sexual é de extrema importância para a relação do casal.







Mariana Simões - formada pela Universidade São Francisco, a ginecologista e obstetraMariana Simões, de Campinas, transformou sua paixão pela vida em profissão. Hoje, a médica atende em clínica particular e se dedica inteiramente à realização de partos humanizados – todos eles, realizados em hospitais e maternidades da cidade. Entende-se como premissas do parto humanizado, o respeito à mulher e às escolhas conscientes.  “Um parto ao desejo da mãe”, onde a mulher escolhe a forma com que quer dar à luz. Em casa, na maternidade, no centro cirúrgico, na água ou até em pé, tudo depende das escolhas de cada uma, e do que a saúde dela e do bebê permitirem. Nestes casos, a função da médica é apenas assistir e dar assistência ao surgirem quaisquer necessidades. As intervenções médicas, como anestesia, por exemplo, também ficam a critério da mãe.

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