Pesquisa da ONU ouviu
100 mil crianças de 18 países. No Brasil, programa combate a violência nas
escolas ensinando estudantes a lidarem com as emoções
Em todo o mundo, metade
dos estudantes entre 13 e 15 anos de idade – cerca de 150 milhões de jovens –
já foram vítimas de violência por parte de seus colegas. Episódios de agressão
aconteceram dentro e fora do ambiente escolar. É o que revela um relatório que
acaba de ser divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Clique aqui para saber mais sobre o estudo.
Entre a faixa etária
analisada, pouco mais de um em cada três alunos sofre bullying. De acordo com a
agência da ONU, a mesma proporção está envolvida em brigas corporais. Em 39
países ricos, três em cada dez estudantes admitem ter praticado bullying com
seus colegas.
“Todos os dias, os
estudantes enfrentam vários perigos, incluindo brigas, pressão para participar
de gangues, bullying – presencialmente e online –, disciplina violenta, assédio
sexual e violência armada”, afirma a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore.
“Em curto prazo, isso
afeta seu aprendizado e, em longo prazo, pode levar à depressão, à ansiedade e
até ao suicídio”.
Programa
brasileiro – No Brasil, cerca de 35 mil alunos já estão
aprendendo a lidar com as próprias emoções em sala de aula por meio do Programa
Semente, metodologia que desenvolve a aprendizagem socioemocional em crianças e
adolescentes e tem reduzido problemas como violência, indisciplina e até
depressão entre os estudantes.
No caso do bullying, estimular princípios como o respeito através de sentimentos como a empatia é o caminho sugerido pelo educador Eduardo Calbucci para solucionar o problema. Um dos criadores do Programa Semente, Calbucci explica que é interessante analisar o perfil de quem pratica a violência: “De modo geral, a criança ou o adolescente quer se sentir mais poderoso ou popular perante a turma, o que faz com que ele deprecie o colega que julga mais fraco. É alguém que ainda não aprendeu a lidar com as próprias emoções, como raiva e frustração, e cujo sentimento do outro não é um motivo forte o suficiente para frear as agressões”.
No caso do bullying, estimular princípios como o respeito através de sentimentos como a empatia é o caminho sugerido pelo educador Eduardo Calbucci para solucionar o problema. Um dos criadores do Programa Semente, Calbucci explica que é interessante analisar o perfil de quem pratica a violência: “De modo geral, a criança ou o adolescente quer se sentir mais poderoso ou popular perante a turma, o que faz com que ele deprecie o colega que julga mais fraco. É alguém que ainda não aprendeu a lidar com as próprias emoções, como raiva e frustração, e cujo sentimento do outro não é um motivo forte o suficiente para frear as agressões”.
“Fazer com que esse aluno enxergue os demais
colegas como iguais é o caminho para o fim das violências e, consequentemente,
para um relacionamento saudável”. Segundo ele, a empatia é a capacidade de se
colocar no lugar do outro. “Compreender os sentimentos de nossos pares faz com
que criemos elos e estabeleçamos relações de amizade e respeito, tornando a
escola um lugar seguro”, afirma Calbucci.
Desenvolvendo habilidades
O educador lembra que por muito tempo
acreditou-se que habilidades socioemocionais eram inatas ao indivíduo, uma
espécie de dom. Ou seja, nascia-se ou não com determinada capacidade. Estudos e
experiências internacionais, no entanto, comprovam que é possível, sim,
desenvolver habilidades como autocontrole e empatia em crianças e adolescentes.
“É como ensinar conteúdos de Química, Biologia ou redação”, explica.
O Programa Semente trabalha de forma estruturada
cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões
responsáveis e habilidades sociais.
Pesquisa
nacional – Amparado pelas principais pesquisas
científicas na área de aprendizagem socioemocional, o Programa Semente acaba de
publicar o maior estudo sobre o impacto do ensino das habilidades
socioemocionais em alunos brasileiros. A pesquisa, realizada pela UFRJ, foi
feita com 9,6 mil estudantes do Programa Semente e mostrou impactos positivos
em todos os domínios avaliados, apontando nos índices gerais de Habilidades
Socioemocionais um aumento estatisticamente significativo de 6,7% (média) no
aprimoramento dos cinco domínios das competências socioemocionais, chegando a
cerca 14% nos domínios de autoconhecimento e autocontrole.
Programa Semente
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