Brasil é o 8º país
com mais suicídios no mundo
Dia 10 setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao
Suicídio e, no Brasil, o mês inteiro será dedicado à conscientização sobre o
tema – é o Setembro Amarelo, que desde 2014 fala abertamente sobre suicídio,
com o intuito de incentivar a comunicação e proporcionar um polo de discussão
sobre o assunto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o
Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo, e esta é a segunda maior causa
de morte entre jovens de 15 a 29 anos. De acordo com a Associação Brasileira de
Saúde Coletiva (ABRASCO) a cada 45 minutos um brasileiro comete suicídio e a
cada 40 segundos uma pessoa morre da mesma causa no mundo.
O tema é complexo e não pode ser tratado de forma
superficial, por isso a conscientização de que se trata de um problema real é
um caminho importante para a redução de números tão alarmantes.
Gaya
Machado, Doutoranda em Psicologia e especialista em Desenvolvimento do
Potencial Humano, chama atenção para o fato de que, para além da
conscientização, também é preciso se pensar em prevenção e, segundo a
especialista, ela passa, necessariamente, pela necessidade de nos prepararmos
para lidar com adversidades que inevitavelmente todos nós encontraremos ao
longo da vida.
“Vivemos em uma sociedade que cada vez menos abre
espaço para possibilidade de errar, de falhar e aprender com nossas quedas.
Estamos expostos 24 horas por dia às redes sociais que exibem vidas
aparentemente perfeitas e muitos criam um ideal impossível de ser atingido na
realidade. Os mais jovens são especialmente vulneráveis a este ideal de
perfeição e quando se deparam com situações de frustração, tristeza ou isolamento,
muitas vezes não encontram recursos internos ou suporte externo para elaborar
suas emoções e enfrentar as dificuldades”, explica.
Para Gaya Machado, o setembro amarelo é uma
oportunidade importante de falarmos sobre temas que são fundamentais para que
possamos estar preparados para lidar, da melhor maneira possível, com os
grandes desafios da vida. Entre estes assuntos essenciais, ela destaca três
pontos:
Aceitar nossa vulnerabilidade: Muitas
vezes nos isolamos por medo de fracassar ou por causa da sensação de não sermos
bons o bastante, mas para vivermos em um mundo tão incerto, precisamos abrir
mão da necessidade de termos certezas o tempo todo. Apenas quando entendemos,
na prática, que a perfeição não é atingível, porque não existe ninguém
perfeito, e aceitamos que, apesar disso, ainda somos merecedores de afeto e de
sermos felizes, poderemos enfrentar as adversidades com menos julgamento. De
acordo com a Dra. Kristin Neff, professora e pesquisadora da Universidade do
Texas, que dirige o laboratório de pesquisa do amor-próprio, que estuda como
desenvolvemos e praticamos este sentimento, o amor-próprio tem três elementos:
generosidade consigo mesmo, humildade e consciência.
Encontrar um propósito: Existe uma
força terapêutica em encontrar um sentido pelo qual viver. É comprovado que os
jovens sofrem um vazio existencial ainda maior que os mais velhos, devido a
ausência de objetivos para a vida. Ter um propósito envolve ter um motivo claro
pelo qual levantar todas as manhãs e segundo a Logoterapia, campo da psicologia
dedicado a auxiliar as pessoas a encontrarem um sentido, ele pode ser
encontrado por três caminhos: pelo que fazemos ou criamos; da experiência de
viver ou amar alguém e em situações desesperadoras, que nos deixam desamparados
e nos convidam a escolher como lidaremos com a situação, a despeito de nossas
condições. Segundo Viktor Frankl, fundador desta corrente, “tudo pode ser
arrancado de uma pessoa exceto uma coisa, a última das liberdades humanas: a
escolha de como irá enfrentar as circunstâncias, a escolha do seu próprio
caminho”.
Fortalecer as relações mais próximas: Não é
difícil confundirmos as dezenas, centenas e até milhares de conexões nas redes
sociais com amizades. Quanto mais nos conectamos online, menos
tempo de qualidade passamos off-line, e deixamos de fortalecer os
laços com nossa rede mais próxima. No entanto, nos momentos de tristeza,
angústia, incerteza, medo e dor, são as relações próximas, em grande medida,
que nos oferecem suporte para enfrentarmos as turbulências.
Segundo o Estudo do Desenvolvimento Adulto, de
Harvard, o estudo mais prolongado da vida adulta que acompanhou 724 homens,
desde 1938, por toda a vida, comprovou que as boas relações são fundamentais
para uma vida feliz e que a experiência da solidão pode ser tóxica. Pessoas que
são mais isoladas dos outros do que gostariam são menos felizes, tem saúde e
funcionamento cerebral piores e vivem menos tempo do que as pessoas que não se
sentem sozinhas.
A conversa atenciosa e os relacionamentos positivos
estão na base do projeto R U OK?, que surgiu em 2009 na
Austrália, criado por Gavin Larkin. Por trás da frase “Você está bem?”, está
uma preocupação genuína em saber como a pessoa está, não o que ela aparenta à
sociedade ou o que diz. O objetivo é que ninguém se sinta sozinho ou
isolado, mas com uma rede de apoio para ajudar nos momentos mais difíceis.
Gaya
Machado - Doutoranda
em Psicologia pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales – UCES,
Argentina; MBA Executivo em Desenvolvimento do Potencial Humano; Coach e
Psicoterapeuta Sistêmica. Palestrante em eventos nacionais e internacionais,
professora universitária e de Pós-Graduação e coautora de cinco livros, tem
mais de 50 mil seguidores nas redes sociais.
Agenda
16 de Setembro no Festival de Empreendedorismo na
FIESP com o Workshop: Como usar o Estresse ao seu favor?
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