Sinais de envelhecimento podem ser alerta para
diagnóstico tardio de doença pulmonar grave
A Fibrose Pulmonar
Idiopática provoca o enrijecimento dos pulmões e pode demorar 2 anos para ser
diagnosticada
Para doenças progressivas, o tempo é um fator
decisivo para impedir o avanço dos sintomas e controlar os fatores que limitam
a rotina dos pacientes. Recordada todos os anos no dia 7 de setembro, data
dedicada à conscientização da doença, a fibrose pulmonar idiopática (FPI)
atinge principalmente idosos e possui uma taxa de sobrevida pior do que muitos
tipos de câncer, como o de próstata e de mamai. A doença é definida
pela formação de cicatrizes (fibrose) nos pulmões, que ficam rígidos e com
dificuldade para expandir e realizar o processo de respiração.
A preocupação com as condições que atingem idosos,
como as doenças crônicas, é maior com o processo de envelhecimento
populacional: de acordo com o IBGE, serão 66,5 milhões de idosos no país em
2050ii. Por isso é fundamental que toda família esteja atenta aos
cuidados com a saúde. Falta de ar, tosse seca crônica, cansaço constante e
dificuldade para realizar atividades cotidianas são sinais frequentemente
negligenciados na terceira idade, porque eles costumam ser atribuídos aos
efeitos naturais do envelhecimento. Como a FPI atinge sobretudo pessoas com
idade superior aos 50 anosiii, é importante que os idosos e seus
familiares estejam atentos aos sinais.
Os dados da doença reforçam o problema. O tempo
médio para esse diagnóstico é de 1 a 2 anos após o início dos sintomasiv.
O pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS), Dr. Adalberto Rubin, indica
que "é comum receber pacientes no consultório que têm FPI, mas foram tratados
ao longo de anos como se tivessem outra doença pulmonar. A imprecisão do
diagnóstico resulta nesse tratamento inadequado para a fibrose pulmonar
idiopática. A demora faz com que o paciente tenha a função pulmonar reduzida e a
condição evolui de forma mais rápida".
Mundialmente, estima-se que
existem cerca de 14 a 43 pessoas com FPI a cada 100 mil no mundoii.
No Brasil, os dados também não são definitivos, mas a prevalência varia entre
13 e 18 mil pessoasiv. O especialista pontua que, como a doença é
subdiagnosticada, o número pode ser ainda maior.
A doença ainda não tem causa
conhecida, mas estudos já apontaram alguns elementos que podem levar ao
desenvolvimento da FPI. Tabagismo, exposição a diversos poluentes, refluxo
gastroesofágico, infecção viral crônica e até fatores genéticosv são
alguns exemplos. Além da atenção aos fatores de risco para a doença, é
importante procurar ajuda médica assim que perceber que os sintomas persistem. "Com
o diagnóstico correto, o paciente fará o tratamento contínuo com medicamentos
antifibróticos, classe de drogas que chegou ao Brasil em 2016. O uso da
medicação pode reduzir o número de crises de piora súbita da FPI. O pioneiro no
país foi o nintedanibe, tratamento que reduz a progressão da doença pela metade
e aumenta significativamente a sobrevida do paciente, que sofre menos crises de
piora súbita da doença, conhecidas como exacerbações",
ressalta o Dr. Rubin.
Boehringer Ingelheim
Referências:
i Baddini-Martinez, José, and Carlos Alberto Pereira. "Quantos
pacientes com fibrose pulmonar idiopática existem no Brasil?" Jornal
Brasileiro de Pneumologia 41.6 (2015): 560-561.
ii IBGE. Brasil: Uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI.
[Internet]. 2016. [acesso em 17 nov 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97884.pdf
iii Raghu G, Weycker D, Edelsberg J, Bradford WZ, Oster G. Incidence and
prevalence of idiopathicpulmonaryfibrosis. Am J Respir Crit Care Med 174 (7),
810 - 816 (2006)
iv Collard HR, Tino G, et al. Respir Med 2007;101:1350–4.
v Raghu G, et al, ATS/ERS/JRS/ALAT Committee on
Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
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