terça-feira, 25 de setembro de 2018

Em época de eleição, o que esperar do setor de turismo?


Agora é pra valer! Candidatos já colocaram suas estratégias e campanhas eleitorais nas ruas e o eleitor está cada vez mais exigente e antenado, acompanhando o movimento que uma das mais importantes eleições do período democrático traz para o cenário político e econômico do País.

Inevitavelmente, o mercado como um todo também se coloca em atenção. O compasso de espera é inevitável, mas a necessidade de dar continuidade aos planos e estratégias para obtenção de bons resultados nas companhias dá o contraponto para que a economia continue o cauteloso processo de recuperação. 

No turismo os indicadores se mantêm estáveis. Segundo o Ministério do Turismo, gastos de estrangeiros no Brasil, por exemplo, cresceu 6% no primeiro semestre de 2018. O total acumulado nos primeiros seis meses do ano, chegou a US$ 3,24 bilhões. Ou seja, US$ 180 milhões a mais que no mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, a despesa cambial foi de US$ 9,57 bilhões. Isso corresponde a um percentual de 8,72% superior ao mesmo período de 2017.

Ainda assim, é um ano desafiador. Não é a primeira vez que faço essa afirmação. Mas, sem dúvida, é também um ano de reflexão e aprendizado para todos os níveis e setores, mas, principalmente, para quem está à frente de cargos estratégicos e da tomada de decisão nas empresas.

No segmento de turismo, assim como em diversos outros, o impacto é sentido. A oscilação do mercado faz um movimento em cadeia. O público B2C está em alerta com a alta do dólar, e alguns postergam as viagens de lazer. Agências de viagens e companhias aéreas buscam alternativas mais atrativas congelando o dólar para minimizar o efeito cascata. Mas, é nesse cenário que, de forma positiva, os empresários e as viagens corporativas têm mostrado excelentes perspectivas em níveis mundiais. A expectativa é que o aumento alcance 5.1% até 2021. Isso, graças aos avanços tecnológicos, a digitalização de pagamentos e a disponibilidade de serviços em hotéis. Um desses exemplos é a inteligência artificial, que auxilia na automatização das reservas de viagens de negócios. Enquanto os métodos de pagamento virtual permitem que os executivos cobrem os empregadores por quartos, refeições e outras despesas sem a necessidade de um cartão de crédito.

Mesmo com toda essa instabilidade econômica, a boa notícia é que o cenário eleitoral é um velho conhecido de empresários, gestores e companhias no geral. Em eleições passadas o período eleitoreiro foi também de análise, avaliação e apostas postergadas com alta do dólar e instabilidade financeira. Isso nos permite dizer que sabemos, ainda que não totalmente, o caminho das pedras e como o panorama se desenrola.

Há variáveis em cada situação, é claro. Este ano, especificamente, além das questões recorrentes da proximidade das eleições, há toda uma conjuntura de fatores externos, como a elevação da taxa de juros dos Estados Unidos e da União Europeia, que força essa alta do dólar e a desvalorização do real. Contudo, esse processo de análise dos riscos globais permite prever e minimizar os impactos no Brasil.

Após as eleições, e com uma visão menos turva sobre o andamento da agenda de reformas e a trajetória da dívida brasileira, será possível ter maior clareza sobre o rumo do país, da economia, da confiança do consumidor e outros indicadores fundamentais para dias mais prósperos.

Agora, é hora de buscar um equilíbrio da balança. Fazer a lição de casa. Avaliar as possibilidades para que, após as eleições, seja em qual cenário for, o plano esteja traçado e pronto para ser colocado em prática. A conferir a retomada e a evolução do mercado de turismo.





Luciane Leite - diretora do WTM Latin America

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