segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Estágio é a maior arma na luta contra a falta de experiência dos jovens no mercado de trabalho


Pesquisa revela que os estudantes encaram os programas de aprendizagem como a porta de entrada para o mundo profissional


Com pouca ou, muitas vezes, nenhuma experiência prévia na área de atuação, os jovens que ainda frequentam as salas de aula buscam soluções para não ficarem à margem do mercado. Mas, além de ter que lidar com provas, trabalhos e atividades complementares, também é preciso enfrentar o quadro econômico brasileiro que ainda amarga os efeitos da crise dos últimos anos. Por isso, entre as alternativas, o estágio vem ganhando destaque e despertando o interesse da faixa etária mais prejudicada com o desemprego no país.

Se no mercado formal a falta de experiência do grupo é um problema, nos programas de estágios o requisito é totalmente dispensável, já que existe um caráter educacional na modalidade. Não é à toa que os estudantes estão encarando a oportunidade como uma ponte até o trabalho formal, pois, segundo uma pesquisa especializada, o principal intuito desses jovens é colocar a mão na massa e adquirir vivência profissional para o desenvolvimento de suas carreiras.

Desemprego afeta cinco milhões de jovens no Brasil

Neste mês o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os últimos dados do mercado de trabalho. Os índices, referentes ao segundo trimestre do ano, revelam que o desemprego atinge, atualmente, cerca de 5 milhões de trabalhadores entre 18 e 24 anos. O número supera o dobro da média nacional, que ficou em 12,4%, enquanto a faixa etária mais jovem tem um percentual de 26,6%. E a situação fica ainda mais preocupante para a população com idade entre 14 e 17 anos, que detém a maior taxa de desemprego, com 42,7%, mais que o triplo da taxa geral.  

Estágio é a principal ferramenta contra a crise do emprego

Para driblar a falta de oportunidades no mercado formal, os estudantes estão recorrendo, cada vez mais, aos programas de estágio. Segundo um levantamento realizado pela Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee – entre os principais objetivos desse público está a obtenção de experiência na área de atuação. A pesquisa “O Perfil do candidato a vagas de estágio em 2018”, que contou com uma amostra de 5.410 participantes de todas as regiões do país, mostra que 66,8% desse universo optou pela modalidade para poder adquirir a experiência profissional necessária para competir no mercado celetista. Inclusive, quando questionados sobre qual a prioridade ao atuar em um programa de estágio, 72,2% afirma que a oportunidade de aprendizado está no topo da lista.

Maior nível de confiança entre os estagiários

Segundo os dados da recrutadora, 48,2% dos candidatos ao estágio não se sentem prontos para encarar o mercado de trabalho formal por considerarem que ainda falta adquirir conhecimento profissional para isso. Já entre os jovens que participam atualmente de algum programa de aprendizagem, esse índice cai para 32% de estudantes que acreditam não ter experiência suficiente. Em contrapartida, o nível de confiança nesse segundo grupo é maior: 29,8% revela que já se sente preparado para assumir uma vaga efetiva devido, justamente, à vivencia dos estágios anteriores ou atual.

De acordo com Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, apesar de não gerar vínculo empregatício, o estágio pode proporcionar ao estudante uma boa vivência profissional na área de atuação: “O aluno só pode se candidatar às vagas que são voltadas à sua formação, justamente para que ele possa complementar seu aprendizado. E os jovens já tem consciência disso, pois, segundo nosso levantamento, 52,4% dos candidatos afirmam que a maior vantagem do programa é a oportunidade de colocar a mão na massa e aplicar tudo o que é aprendido na sala de aula. Além disso, o ambiente de trabalho também favorece o desenvolvimento de outras habilidades importantes na vida profissional, como pontualidade, saber trabalhar em equipe, gerenciar prazos e tarefas e lidar com as responsabilidades” – explica o especialista.

Período oportuno

A boa notícia é que, mesmo diante da baixa oferta de vagas no mercado em geral, os programas de estágio já vêm apresentando sinais de recuperação com a retomada de postos, especialmente nessa época, após as férias. Dados da Companhia de Estágios demonstram que nos últimos anos o histórico do número de vagas abertas foi sempre maior durante a segunda etapa do ano. Desde 2013, o período entre julho e dezembro vem apresentando um crescimento expressivo de, em média, 7,4% em comparação com o primeiro semestre de cada ano.

Segundo Mavichian, este desempenho expressivo pode ser associado a dois fatores: “Nessa época acontece uma entressafra nos programas de estágio, pois é um período em que, geralmente, muitos contratos vigentes chegam ao fim, devido à conclusão do curso ou à efetivação do estudante, e as empresas buscam novos jovens em formação para participar de seus programas. Mas, além disso, também há sinais de uma recuperação do mercado. Apesar do declínio na oferta de vagas, que ocorre desde 2013, os dados indicam que os postos abertos atualmente, especialmente nesse período do ano já superam o número subtraído e isso sinaliza que o mercado está reagindo e as empresas estão voltando a contratar”.

Quem pode se candidatar

Tal notícia vem como um grande alento para os jovens, mas apenas para aqueles que ainda frequentam as salas de aula. Portanto, a primeira regra para poder participar é estar matriculado em uma instituição de ensino. O especialista explica que o programa é destinado a alunos, tanto do ensino médio/técnico quanto do nível superior, e possui um viés educativo que visa complementar a formação do estudante. “Justamente por isso a experiência prévia é um requisito descartado por lei” – afirma Mavichian.

O estágio é regulamentado pela lei nº 11.788, que existe para assegurar que os jovens não serão encarados apenas como uma mão-de-obra de baixo custo. Por isso há regras que devem ser respeitadas para que o programa não se distancie de seu foco principal. “De acordo com a legislação, a partir dos 16 anos já é possível participar, mas, apesar de grande parte dos integrantes da categoria serem mais jovens, a experiência também é válida todas as idades, pois o objetivo é único: favorecer a formação e desenvolvimento profissional do estudante e abrir as portas do mundo corporativo” – finaliza o diretor.








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