Passada a agitação da Copa do Mundo, outro
campeonato que acontece de quatro em quatro anos passa a tomar a atenção de
todos os brasileiros: a eleição para presidente da república do nosso país. Com
a confirmação dos candidatos, já temos a linha de pensamento de cada um sobre
vários temas de relevância para a população, constantes no Plano de Governo de
cada um. Diretrizes acerca de temas como recuperação da economia, geração de
emprego, infraestrutura, meio ambiente, educação, saúde, programas sociais e
combate à corrupção parecem estar nos holofotes.
Mas não tão menos importante, sempre vem à tona a
questão tributária, mais especificamente a necessidade de reformas nesse
sentido. Por um lado, o governo sofre com recorrentes déficits fiscais.
Estima-se algo próximo de R$ 150 bilhões para este ano. Alguns economistas
dizem que só teremos superávit a partir de 2022… Reformas deverão ser
enfrentadas pelo próximo Governo, como a da Política e a da Previdência. Mas a
Reforma Tributária também deverá ter foco de atenção do próximo presidente. É
possível inclusive que a proposta de emenda constitucional n.º 293/04, cujo
relator é o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), avance nos próximos meses e,
a partir do fim da intervenção federal no Rio de Janeiro, essa PEC possa ser
votada.
O que podemos observar é que existe uma motivação
muito grande de toda a população para mudanças no ambiente tributário
brasileiro. Os próprios efeitos da greve dos caminhoneiros fizeram com que o
governo acendesse o alerta que mudanças precisam ocorrer com urgência - e nada
melhor que um ambiente de eleições presidenciais para discussões acerca deste
tema. Em todos os debates e entrevistas até aqui todos se posicionaram, embora
de forma tímida, sobre a Reforma Tributária para os próximos quatro anos de
Governo. Abaixo, elenco resumidamente o pensamento dos principais candidatos,
com base no Plano de Governo registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
- Alvaro Dias (Podemos): promover reforma tributária que estabeleça como prioridade a mais justa distribuição dos recursos entre os entes federados, no contexto do novo pacto federativo.
- Ciro Gomes (PDT): redução de desonerações tributárias, redução do Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas, tributação sobre dividendos e criação do Imposto por Valor Agregado (IVA). Fim da “pejotização” e fim da burocratização para aberturas e fechamento de empresas.
- Geraldo Alckmin (PSDB): simplificar o sistema tributário pela substituição de cinco impostos e contribuições por um único tributo: o IVA.
- Henrique Meirelles (MDB): simplificar o sistema tributário brasileiro com estudos que visem à criação do IVA. Uma reforma tributária precisará respeitar o tempo de adequação ao novo modelo, sem comprometer incentivos legalmente estabelecidos. Mas deverá resultar num sistema mais eficiente, sem aumentar a carga tributária.
- Jair Bolsonaro (PSL): unificação de tributos e a radical simplificação do sistema tributário nacional. Redução de carga tributária por conta de controles de gastos, descentralização tributária e aumento de tributos para sonegadores.
- Lula (PT): reforma tributária será orientada pelos princípios da progressividade, simplicidade, eficiência e da promoção da transição ecológica. Dentre as principais frentes está a redução de IR para Pessoas Físicas que ganhem até cinco salários mínimos, tributação de dividendos e redução do IR para Pessoas Jurídicas. Também foram citados a criação do IVA, a tributação sobre grandes fortunas e o incentivo tributário relacionado a temas de sustentabilidade.
- Marina Silva (Rede): reduzir a complexidade e a insegurança jurídica, que dificultam o estabelecimento de um ambiente favorável aos negócios e ao empreendedorismo, com a implantação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), reunindo cinco tributos PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS. Outra iniciativa seria a descentralização da autoridade para tributar, para que o dinheiro público seja gasto o mais perto possível de onde é arrecadado.
Percebe-se que alguns candidatos deixam mais claro
o que devem fazer, com mais detalhes, enquanto outros abordam o tema de forma
mais superficial. O que a população precisa avaliar agora é o que é mais justo
para que a nação volte a crescer. Vamos esperar os próximos capítulos desta,
que é uma das eleições mais esperadas do nosso país. O que fica claro é que a
nossa participação, como cidadãos, é muito importante neste momento. Dia sete
de outubro nos espera...
Marco Aurélio Pitta - profissional
de contabilidade, coordenador e professor dos programas de MBA da Universidade
Positivo (UP) nas áreas Tributária, Contábil e de Controladoria.
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