Infelizmente, comunicação
empresarial ainda é sinônimo do que "a empresa tem a dizer" para
tratar de questões importantes como a disseminação da cultura, valores,
motivação e objetivos. É comum um ponto ser completamente ignorado: O que a
empresa tem a ouvir?
Os chamados canais de comunicação tendem
a ser surdos. Eles são focados apenas na transmissão de mensagens. Apesar de
ainda existir muito a ser feito, o mundo corporativo evoluiu bastante no
quesito "ouvir o cliente". Diga-se de passagem, impactado pela Lei do
SAC e não pela inteligência de se investir em ferramentas eficientes para
atender quem compra e fazer ótimo proveito das informações competitivas e
métricas incontestáveis geradas por esse canal.
No entanto, o mesmo não se pode dizer
com relação aos empregados. Ainda com o ranço de uma cultura equivocada do
"manda quem pode, obedece quem tem juízo" gestores perdem a preciosa
e inigualável chance de descobrir possibilidades de melhoria de processos e produtividade,
inovação e disrupção porque ainda não aprenderam a ouvir quem mais entende do
que eles vendem: quem faz.
A comunicação empresarial eficiente
fala, mas também ouve. Só que no dia a dia, enquanto o departamento de
comunicação interna está focado na criação de cultura de sustentabilidade e o
RH precisa disseminar, com urgência, a mudança de convênio médico, uma fábrica
pode estar cheia de "pessoas" produzindo mal e trabalhando
angustiadas porque as questões que mais lhes afligem não estão sendo sequer
percebidas.
Essas questões podem ser desde rotinas
mal estruturadas entre departamentos; medo de que a fábrica feche, quando na
verdade está expandindo; ou até uma ideia simples e barata para resolver um
problema sério da plataforma de logística, que algum chefe insiste em não
trocar para evitar custos. Situações e possibilidades para serem citadas
como exemplo não faltam.
Criar e manter canais para escutar - e
responder, aos empregados vai além de qualquer ferramenta ou tecnologia de
comunicação. Isso passa pela cultura empresarial e tem peso determinante no
clima organizacional. Esses canais só vão se estabelecer se a empresa tiver
conquistado a confiança de seus empregados.
Sempre vale lembrar que empresa é gente.
Gente que é ouvida participa. Gente que participa se compromete. Quem se
compromete gera grandes resultados.
Os acionistas
agradecem.
Maria Emília Farto - jornalista, assessora de
imprensa, especialista em gestão de comunicação empresarial, gestão
de marketing (branding) e fundadora da Polo de Comunicação.
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