1 - É fácil diagnosticar a endometriose
Mito: não é fácil diagnosticar a
endometriose. É comum que demore até cerca de 8 anos, essa é a média esperada
para o diagnóstico da endometriose. Essa é uma das primeiras dificuldades na
vida reprodutiva da mulher: o diagnóstico não ser feito precocemente. Uma mulher
que chega ao consultório de um ginecologista reclamando de cólica, menstruação
irregular e infertilidade, as chances de ter endometriose são muito altas. Se
ela acrescentar cólicas muito fortes, abdômen inchado, dor ao evacuar, dor para
urinar e dor durante a relação sexual, essa paciente deve ter endometriose
profunda. Se o médico estiver atento, o diagnóstico não será difícil, pois a
endometriose será uma possibilidade bastante provável.
2 - É normal que os períodos da menstruação sejam extremamente
dolorosos
Verdade: mulheres com endometriose
se referem a cólicas fortes durante a menstruação. Portanto, se uma mulher
estiver sentindo uma dor severa e que não encontra alívio com medicação, a
endometriose pode, sim, ser a causa do problema. O melhor é marcar uma consulta
com o ginecologista.
3 - Os sintomas estão sempre presentes em mulheres com
endometriose
Mito: nem sempre, algumas mulheres
não sentem dor alguma, elas só vão perceber que têm endometriose quando forem
ao ginecologista e ele pedir um exame de ultrassom de rotina.
4 - Terapias complementares não têm lugar no tratamento da
endometriose
Mito: são sempre alternativas
possíveis. Porém, o tratamento da endometriose é basicamente cirúrgico, por
vídeolaparoscopia, no qual se ressecam as lesões endometrióticas. Podem ser
complementos, além dos medicamentos convencionais, terapias como acupuntura,
naturopatia e ioga. Porém, sem o tratamento cirúrgico não haverá resultado.
5 - Mulheres com endometriose não podem ter filhos
Mito: cerca de 30% das mulheres
com endometriose têm dificuldade em engravidar. Quando se
realiza uma pesquisa correta, por meio de exames complementares, como ultrassom
e ressonância magnética, é possível diagnosticar em detalhes a doença e, em
seguida, realizar a cirurgia ressecando esses focos de endometriose. Após esse
tratamento, a mulher pode engravidar, mas é importante que não se esqueça de
avaliar também outros problemas de infertilidade, como obstrução tubária,
trombofilias, fator ovulatório e fator masculino. Muitas vezes se foca tanto na
endometriose que se esquece de verificar a fertilidade do homem.
6 - Gravidez cura endometriose
Mito: este é um dos maiores mitos
sobre o problema. Gravidez não cura endometriose. Pode amenizar os sintomas,
mas a melhora só é possível com a realização da cirurgia e, mesmo assim, não há
garantia de cura da doença. Isso porque os sintomas podem ser amenizados, mas
se for algo provisório, a doença pode voltar com o tempo.
7 - Histerectomia cura endometriose
Mito: a endometriose é um
tecido endometrial fora do útero. A remoção do útero e/ou dos ovários, sem
remover os importantes focos de endometriose não levará à cura. Portanto,
histerectomia não cura endometriose, e é um erro gravíssimo acreditar que tirar
o útero será a solução para a doença.
8 - Mulheres com endometriose devem evitar exercícios físicos
Mito: pelo contrário, o exercício
físico ajuda a melhorar a vascularização e a circulação sanguínea, isso pode
amenizar o mal-estar e as cólicas. Mulheres com endometriose devem, sim,
realizar exercícios físicos. Além disso, podem tomar outras atitudes como
manter uma dieta alimentar adequada.
9 - Adolescentes não têm endometriose
Mito: muito pelo contrário. Muitas
já têm sintomas de endometriose no início da adolescência e é fundamental que
se faça um diagnóstico precoce para se evitar as complicações futuras, como a
infertilidade e o comprometimento de outros órgãos. Isso porque, em casos de
endometriose mais avançada, é necessário fazer cirurgias muito mais agressivas.
O diagnóstico precoce da endometriose é fundamental e não deve ser descartado
porque a paciente é adolescente.
10 - Mulheres com endometriose sofrem dor somente durante o
período menstrual.
Mito: a dor pode ser intermitente
ou contínua. Ela é mais frequente nos períodos menstrual e pré-menstrual. Às
vezes, pode ocorrer durante ou após a atividade sexual, o que é mais comum
quando houver um comprometimento do intestino ou bexiga, ou regiões próximas ao
fundo da vagina.
11 - Endometriose é mais comum entre mulheres caucasianas na faixa
dos 20 e 40 anos.
Mito: até meados do século 20,
pensava-se que o problema existia apenas em mulheres brancas. Isso acabou sendo
resultado da falta de cuidados médicos contínuos para muitas mulheres
afrodescendentes. Hoje, inclusive, se entende que qualquer mulher, de qualquer
etnia, adolescente ou mais velha, pode ter endometriose.
12 - A endometriose não tem cura
Verdade: infelizmente, não há cura.
Quando a endometriose é diagnosticada criteriosamente e existe o mapeamento da
doença por meio de exames complementares, como ressonância magnética
eultrassom, e um bom exame ginecológico, pode se realizar uma cirurgia bem
detalhada para que se ressequem todos os focos da endometriose. Mulheres que
passaram por uma cirurgia bem indicada e pelas mãos de profissionais
qualificados, alcançam uma cura provisória por muitos anos. E pode ser até que
nunca mais tenham endometriose, mas não de pode descartar que existe chance de
a doença voltar.
13 - A endometriose afeta apenas os órgãos pélvicos.
Mito: embora a endometriose
encontra-se principalmente na região pélvica, pode ser descoberta em outros
órgãos, como diafragma, pulmão, parede abdominal, estômago e até mesmo nos
olhos.
14 - Qualquer ginecologista pode efetivamente tratar a
endometriose.
Parcialmente verdade: os
ginecologistas, de um modo geral, estão preparados para o diagnóstico e para o
tratamento, desde que estejam atentos aos sintomas e saibam mapear a doença.
Porém, o tratamento cirúrgico, feito por laparoscopia, deve ser realizado por
profissionais qualificados que tenham experiência em laparoscopia e em cirurgia
pélvica. Encontrar um especialista em endometriose pode ser fundamental para o
sucesso do tratamento.
15 - A endometriose sempre piora.
Parcialmente verdade: para algumas
mulheres, sim, pode piorar. Isso porque muitas vezes a endometriose se comporta
como uma doença benigna, progressiva e invasiva. Ou seja, ela vai invadindo os
órgãos com o passar do tempo. Por isso o diagnóstico precoce é fundamental.
16 - Menopausa cura a endometriose.
Mito: a diminuição dos níveis
hormonais pode amenizar a endometriose, porém, os focos vão permanecer. No caso
de uma reposição hormonal, comum na menopausa, esses focos poderão retroceder a
endometriose, abrandar a dor, diminuir o inchaço, amenizando os sintomas, mas
não cura a doença.
17 - É comum confundir a endometriose com a síndrome do intestino
irritável (SII)
Verdade: pode acontecer em uma fase
inicial, pois os sintomas intestinais podem ser confundidos. Faz parte do
diagnóstico diferencial verificar se a dor pélvica é uma endometriose, um
problema intestinal ou até mesmo um problema urinário. Entretanto, com os
exames complementares de ultrassom e ressonância magnética, é possível
diferenciar uma da outra.
18 - A endometriose pode ser prevenida
Mito: não existe uma maneira de se
prevenir. Porém, ter bons hábitos, boa alimentação e rigor no estilo de vida
pode amenizar sintomas ou diminuir a chance dela surgir.
Fonte: Arnaldo
Schizzi Cambiaghi - diretor do Centro
de reprodução humana do IPGO, ginecologista-obstetra especialista em medicina
reprodutiva. Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human Reproductive
Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa de São Paulo
e pós-graduado pela AAGL, Illinois, EUA em Advance
Laparoscopic Surgery. Também é autor de diversos livros.
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