Histórico
da marca, saúde financeira atual, forma como se relaciona com os franqueados,
planejamento para os próximos anos e onde investe seus recursos são itens que
vão além do básico – mas, que podem determinar quanto tempo essa marca
sobreviverá no mercado
A maior feira de franquias do Brasil. A ABF Franchising
Expo, será realizada entre os dias 27 e 30 de junho, em São Paulo, e milhares
de pessoas visitarão o evento em busca de uma oportunidade de negócios.
Esse evento é realizado há mais de 20 anos e, nesse
período, muita coisa mudou. “O varejo deixou de ser exclusivamente presencial,
passando a utilizar da tecnologia virtual como grande aliada. Inúmeras marcas
que eram sucesso deixaram de existir, outras nasceram pequenas e cresceram
exponencialmente; a concorrência é enorme, atualmente, e se faz necessário
inovar o tempo todo. Por tantas mudanças, é preciso que o investidor também
analise as empresas franqueadoras sob aspectos diferentes do que fazia há
alguns anos”, explica Melitha Novoa Prado, advogada especializada em
Franchising e Varejo.
Melitha explica que tão importante quanto submeter a COF
– Circular de Oferta de Franquia, o Pré-Contrato e o Contrato a um bom
advogado, especializado em Franchising, é avaliar pontos muito mais subjetivos
da gestão da franqueadora, como a forma como ela se relaciona com sua rede
franqueada, os planos que ela tem para o futuro e a maneira como ela investe
seus recursos. Além disso, há pontos objetivos, mas, que alguns investidores
deixam de lado, por se iludirem por aparências. “Alguns potenciais franqueados
acreditam, erroneamente, que franqueadores desfilando com carros caríssimos e
ostentando viagens, entre outras riquezas pessoais, demonstram boa saúde
financeira empresarial. Porém, se levantarem o histórico financeiro das
empresas coligadas à franqueadora e da própria franqueadora, verão que elas têm
dívidas e estão à beira da falência. Esse é um sinal claro que, a qualquer
momento, o castelo de cartas desmoronará e os franqueados cairão junto.
Portanto, um dos estudos mais importantes a ser feito é o da saúde financeira
atual da franqueadora e das empresas coligadas a ela”, alerta a advogada.
Melitha Novoa Prado aponta outras quatro análises
importantes para quem busca uma franquia na feira da ABF:
1) Histórico da empresa e de seus
franqueadores – Vale todo tipo de pesquisa: do famoso Google, que traz reportagens
novas e antigas e apontam mudanças na carreira de executivos, falências de
empresas e outras movimentações; a pesquisas em órgãos de proteção ao crédito,
quanto mais informações relevantes você obtiver sobre a empresa e seus sócios,
com coerência, mais conseguirá traçar um perfil de idoneidade. Obviamente, vale
o bom senso: o excesso, o que causa estranhamento é que deve ser levado em
conta – e não o cotidiano de uma empresa.
2) Forma como a franqueadora se relaciona com
os franqueados – Para obter essas informações, obrigatoriamente, você
precisará conversar com franqueados e ex-franqueados da marca. Esse é um dos
pontos mais importantes na hora de comprar uma franquia – e um dos mais
negligenciados pelos investidores, infelizmente. E não vale conversar apenas
com os indicados pelo franqueador, é necessário procurar outros, por conta
própria. Pergunte, sinta o que eles têm a dizer e não se constranja ao
questionar o que realmente deseja descobrir. Em relação ao relacionamento, ele
precisa ser próximo, transparente e de colaboração mútua – ou a parceria jamais
será duradoura.
3) Quais são os planos da marca para os
próximos anos? – Se o franqueador responder que deseja ter 120 novas lojas
nos próximos cinco anos e ele abriu 30 nos últimos cinco anos, você já tem um
ponto a se preocupar, afinal, em qual milagre ele acredita? Cinco anos somam 60
meses, certo? Para abrir 120 lojas, ele precisa inaugurar duas por mês. Se ele
não fez 25% disso no mesmo período anterior, por que conseguiria realizá-lo
agora? Que estrutura tem para tanto? Além disso, se os planos da marca visam
apenas à expansão, esse é um franqueador que não pensa na sustentação do
negócio, nas franquias já implantadas – e você não terá inovação para tocar seu
negócio. A boa franquia é aquela que projeta o futuro concretamente,
estruturando-se agora para concorrer adiante.
4) Onde a franqueadora investe seus recursos?
– Essa é uma excelente pergunta a ser fazer a um franqueador e está
intimamente ligada à questão anterior. A franqueadora que projeta estar no
mercado daqui a dez, 20 anos, precisa investir em estrutura. O que isso
significa? Capacitação de pessoas, criação de departamentos, relacionamento com
fornecedores, estruturação de processos, fábricas (se for o caso),
desenvolvimento de produtos e marcas, investimento em publicidade e
relacionamento com o cliente, enfim, tudo faz parte de reinvestir parte do que
fatura para que o negócio cresça. A empresa é sua própria sócia, ou seja, se os
sócios-franqueadores pensarem apenas em ‘sangrar’ o negócio, com retiradas
pessoais, sem reinvestir nele, ele não terá futuro. E isso pode ser sentido
pelo potencial franqueado em conversas e visitas que demonstrem como a
franqueadora está estruturada e se estruturando.
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